Biógrafo de João Paulo II acusa Pontifícia Academia para a Vida de trair seu fundador
Em uma conferência sobre bioética em Roma, George Weigel acusou a Pontifícia Academia para a Vida de trair o legado de Jérôme Lejeune, ao contradizer os ensinamentos da encíclica Evangelium Vitae de São João Paulo II.
Redação (21/05/2024 10:26, Gaudium Press) O conceituado escritor George Weigel, conhecido como biógrafo de São João Paulo II, lançou duras críticas contra a Pontifícia Academia para a Vida (PAV), afirmando que ela havia traído o legado de seu presidente fundador, Jérôme Lejeune, um cientista de renome mundial responsável pela descoberta da trissomia 21, causa da síndrome de Down.
A acusação foi feita durante a II Conferência Internacional de Bioética de Roma, realizada nos dias 17 e 18 de maio. Weigel explicou que essa traição decorre da publicação de um livro que contradiz os ensinamentos da encíclica Evangelium Vitae de João Paulo II de 1994.
Segundo Weigel, “durante décadas, a Academia e o Instituto João Paulo II realizaram um trabalho criativo e inovador no desenvolvimento de uma teologia moral católica e de uma prática pastoral capaz de enfrentar os desafios do século 21, em meio a ataques à dignidade e santidade da vida, e o fizeram de distintas maneiras, nas quais apelaram a cultura da morte à conversão”.
“No entanto, a academia agora publicou um livro intitulado ironicamente A Alegria da Vida, escrito por diversos teólogos, que só pode ser honestamente descrito como ‘em desacordo com o ensinamento oficial da Evangelium Vitae’“.
“Esse livro não só enfraquece a defesa católica de uma cultura da vida que rejeita os graves crimes contra a vida identificados na Evangelium Vitae, mas o faz sob uma ótica antropológica antibíblica e antimetafísica que seria completamente estranha ou até mesmo abominável para Jérôme Lejeune e João Paulo II.”
O autor americano explicou: “Assim como a Pontifícia Academia da Vida trai seu presidente fundador, Dr. Lejeune, ao publicar e promover um livro mal informado e mal argumentado, também o reconstituído Instituto João Paulo II, agora em grande parte desprovido de alunos, trai a intenção do santo e estudioso que o fundou, e que clamou pela renovação da teologia moral católica, que não se renderia ao Zeitgeist, o espírito dos tempos, mas o converteria à reta razão, à verdadeira compaixão e ao nobre exercício da liberdade”.
“Por isso, devemos esperar que a desconstrução da Pontifícia Academia para a Vida e do Pontifício Instituto de Estudos sobre Matrimônio e Família – um processo doloroso observado ao longo da última década – cesse e seja revertida nos próximos anos”.
Sobre o livro A Alegria de Viver
Em 9 de fevereiro de 2024, a Livraria Editrice Vaticana publicou um livro que contém um prólogo escrito pelo Arcebispo Vincenzo Paglia, presidente da PAV, que provocou várias polêmicas devido aos seus comentários sobre a eutanásia em abril de 2023. Este texto oferece reflexões sobre os desafios atuais da ética teológica, com contribuições de sacerdotes como Carlo Casalone e Maurizio Chiodi.
O jornal italiano La Repubblica relatou que, embora não revolucione a doutrina católica, o livro delineia aberturas importantes em questões controversas como a contracepção, procriação medicamente assistida e suicídio assistido.
Da mesma forma, em janeiro de 2022, o jesuíta Casalone, que é membro do PAV além de professor de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, argumentou que o projeto de lei sobre a eutanásia na Itália não estava em conflito com o bem-estar geral. Sua opinião foi contestada por 60 grupos pró-vida.
Com informações Aciprensa/Infocatólica
Deixe seu comentário