Fruta verde não agrada o paladar
O homem maduro é aquele capaz de, com sua inteligência, vontade e sensibilidade, produzir coisas mais excelentes.
Redação (22/04/2024 11:14, Gaudium Press) Muitos já tiveram a experiência – certamente pouco agradável – de degustar uma fruta que ainda está verde. A cor indefinida, a consistência duvidosa e o gosto amargo bem podem caracterizar essa sensação. Efetivamente, todo o atrativo da casca, o suco da polpa, a riqueza da semente e, é claro, o sabor, só se concretizam quando a fruta está plenamente madura e, portanto, quando ela desenvolveu tudo quanto contém em si.
Porém, não é possível que o fruto amadureça sem que passe por sóis, chuvas, ventos e diversas espécies de intempéries da natureza.
Ora, com o homem passa-se algo análogo: entre a fruta verde e a pouca experiência infanto-juvenil, a fruta madura e a respeitabilidade da fase adulta há uma correlação. Todavia, essa correlação não obedece a regras matemáticas exatas. Como observa Dom Rafael Cifuentes em sua obra A Maturidade, “os anos influem grandemente no grau de maturidade de uma pessoa, mas não condicionam ineludivelmente. Podemos encontrar uma notável maturidade em pessoas muitos jovens, e uma imaturidade quase infantil em homens e mulheres que já ultrapassaram os cinquenta anos. O critério não é a idade; o critério é o homem”.[1]
O homem maduro
Em poucas palavras, o homem maduro é aquele capaz de, com sua inteligência, vontade e sensibilidade, produzir coisas mais excelentes, à busca de tentar superar-se a cada dia.
Evidentemente, as formas de maturidade variam de acordo com os feitios psicológicos de cada um, mas os efeitos serão sempre pensamentos, sentimentos e decisões bem refletidos. Em outras palavras, uma segurança e uma serenidade tais que, qualquer ato, por mais árduo e audacioso que seja, possa ser feito sem lassidão ou demonstração de esforço ou desespero. Mas não se preocupe o leitor: esse profundo equilíbrio de alma, felizmente, pode ser adquirido.
Como, afinal, deixar de ser uma fruta verde?
Logo, domar os temperamentos e as paixões; objetividade e vencer a imaginação desordenada, o que poderíamos traduzir por “ter os pés no chão”, sem perder tempo com ilusões; cumprir bem o dever e ganhar responsabilidade; paciência, especialmente diante das falhas e dos reveses da vida quotidiana, são traços indicativos de maturidade, segundo aponta Cifuentes.[2]
Mas tudo isso pode ser resumido de maneira totalmente abarcativa, em uma única palavra: SOFRIMENTO.
Todo homem sofre; ninguém está excluído desta regra, absolutamente. Contudo, as adversidades que permeiam nosso dia a dia são frequentemente consideradas “não muito bem-vindas”. Nada mais natural: o contrário se chama masoquismo.
Por isso, não se trata de gostar do sofrimento, mas de aceitá-lo bem. Recebê-lo sempre com paz e serenidade de alma, com resignação, sem dele esquivar-se, tendo sempre presente no espírito Aquele que sofreu infinitamente mais, e que morreu na Cruz para redimir os homens.
Recorrendo a Ele e à Nossa Senhora, invocada como Auxílio dos cristãos, encontraremos forças para enfrentar com ênfase as provações permitidas por Deus. Assim, nossa alma desenvolverá tudo o que precisa desenvolver, e nos transformaremos em frutas saborosas e agradáveis ao paladar de Deus.
Por Alessandro Tiso
[1] Cifuentes, Rafael Llano. A maturidade. 3. ed. São Paulo: Quadrante, 2021, p. 8-9.
[2] Ibid. p. 29-95.
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