Pequenas atitudes que podem mudar a sua vida… e talvez o mundo
Se desejássemos mudar o mundo, por onde deveríamos começar? Um general dos Navy Seals nos oferece um interessante método.
Redação (19/04/2024 15:21, Gaudium Press) No ano de 2014, a Universidade do Texas, em Austin, convidou um especialista para honrar os alunos de graduação. O personagem não se havia destacado em medicina, economia, direito, engenharia civil ou outra matéria comumente lecionada nos círculos acadêmicos, mas sim em operações especiais: era um militar. No seu “cap” brilhavam quatro estrelas, indicativas de sua alta patente: tratava-se de um general dos Navy Seals,[1] que servira o exército durante trinta e sete anos, participando no plano da captura de Osama Bin Ladene do ex-presidente do Iraque, Saddam Hussein, comandando as forças armadas no Iraque e, no fim da sua careira, exercendo o ofício de comandante de todas as Forças de operações especiais dos Estados Unidos: o almirante Willian H. McRaven.
Tomando como inspiração o slogan da universidade: “What starts here changes the world”, ou seja, “o que começa aqui transforma o mundo”, McRaven iniciou seu discurso de uma maneira inusitada. Recomendava ele que, se desejássemos mudar o mundo, deveríamos começar por… arrumar nossa cama.[2]
Sim, arrumar a cama! Com isso, o almirante quis frisar que pequenas atitudes podem transformar uma vida e, talvez, a sociedade inteira.
Durante o seu tempo de formação inicial nos quartéis, situados na praia de Coronado, na California, McRaven dormia com mais quatro pessoas num cômodo, onde cada soldado possuía apenas um leito e um armário para pendurar os seus uniformes. Logo que o aspirante despertava, pulava do colchão e começava o procedimento: arrumar a cama. Era a primeira missão cumprida do dia, que teria ainda várias outras, como manter a sua farda em ordem para a vistoria de uniformes, percorrer longas natações, intermináveis corridas salpicadas de obstáculos e os constantes “maus-tratos” dos instrutores.
Um dia, o tenente Junior Grade Dan’l Steward, um dos oficiais, entrou no dormitório, deu a ordem de atenção – isto é, posição de sentido – para fazer uma inspeção. Os seus olhos corriam de cima a baixo, procurando alguma pequena falta. Analisava com vagar os vincos da túnica e da calça, a fim de verificar se estavam alinhados, se as botas se encontravam polidas e se o cinto na parte metálica refletia os seus dedos. Contente de ver o cadete com traje em ordem, passava para a cama.
Esta era simples, consistia em um colchão sobre uma armação de aço. Na extremidade, um cobertor cinza de lã bem dobrado e, alinhado com este, um travesseiro na cabeceira. Quando algo estava em desordem, o soldado devia correr até a praia, mergulhar no mar gelado e rolar na areia até ficar coberto da cabeça aos pés, o que na linguagem dos Seals significava: “empanado de areia”.
Willian, de canto de olho, podia ver o instrutor aproximar-se do leito. Este verificou se as bordas dos lençóis se encontravam esticadas, o cobertor e o travesseiro alinhados. Depois puxou uma moeda do bolso e lançou-a na cama… o tecido estava tão retesado que a moeda pulou alguns centímetros, suficientemente para que ele pudesse agarrá-la. Era a primeira tarefa bem-feita no dia. O inspetor voltou-se para o cadete, cravou os seus olhos nele, fez um simples aceno com a cabeça e foi embora: um militar que faz a coisa certa não precisa de elogios, pois só cumpriu o seu dever.
Com efeito, enfrentar de cabeça erguida todas as pequenas dificuldades, por mais supérfluas que pareçam, é imprescindível para nos tornarmos aptos a conquistar grandes metas. E, se porventura fracassarmos, não devemos desanimar. Só se torna um grande herói aquele que sabe levantar-se após as quedas – que aliás não faltarão –, mas que podem nos tornar mais fortes.
Por Matthew Hieu Hoang
[1] Corpo militar dos Estados Unidos. “Sea, Air and Land”, sigla derivada da capacidade de operar no mar, no ar e na terra.
[2] Os conselhos dados nesse discurso acabaram se transformando em livro: McRaven, William H. Arrume a sua cama: pequenas atitudes podem mudar a sua vida… e talvez o mundo. Trad. Eliana Rocha. 2. ed. São Paulo: Planeta, 2019.
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