2º Domingo de Páscoa: um chamado ao amor divino
O verdadeiro “amor ao próximo”, eis o apelo deste 2º Domingo de Páscoa!
Redação (07/04/2024 14:06, Gaudium Press) A Redenção realizada por Cristo — como acabamos de contemplar na Semana Santa — trouxe a vitória de Nosso Senhor sobre o pecado e a morte, obtendo a salvação à humanidade pecadora. Jesus não poupou sofrimentos nem lágrimas, mas deu-Se inteiramente no alto da Cruz por amor a nós. Suportou terríveis dores, foi flagelado, coroado de espinhos, zombado, rejeitado e abandonado até pelos seus. Parecia mais um verme do que um homem, disse profeticamente Isaías. Cristo assim agiu, pois desejava deixar consignado por todo o sempre o seu amor por nós, e para que O seguíssemos neste mesmo caminho, amando os outros como Ele mesmo nos amou.
Caridade
A primeira leitura deste 2ºDomingo da Páscoa apresenta um trecho dos Atos dos Apóstolos que afirma:
“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (At 4,32).
Os cristãos eram reconhecidos já nos primeiros tempos pela caridade e pelo amor que possuíam pelos outros, a ponto de exclamarem os próprios pagãos em relação aos primeiros cristãos:[1] “Vede como eles se amam”. De fato, este era o desígnio de Deus, como asseverou Jesus: “Para que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em Mim, e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós” (Jo 17,21). Ora, este amor ao próximo provinha do ardoroso amor a Deus que os cristãos possuíam, como afirma São João na segunda leitura deste dia:
“Podemos saber que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Pois isto é amar a Deus: observar os seus mandamentos” (1 Jo 1,2-3).
Este amor ao próximo chama-se caridade cristã, como define o catecismo da Igreja Católica: “A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor a Deus”. Portanto, o amor que devemos ter em relação ao próximo não é objeto de filantropia — cujo sentido é infelizmente tão tergiversado em nossos dias —, como pretendem correntes socialistas que visam excluir a preocupação da salvação eterna dos nossos próximos, admitindo inclusive práticas imorais e/ou contrárias à doutrina Católica.
Neste sentido, vemos no Evangelho de hoje a manifestação do amor divino para com os Apóstolos, e de modo especial para com São Tomé. A incredulidade deste Apóstolo em face à Ressurreição de Nosso Senhor converteu-se em ocasião para a manifestação da Misericórdia do Salvador, capaz de passar por cima de nossas debilidades, transformando-nos naqueles zelosos anunciadores do Evangelho, como tornaram-se posteriormente os próprios Apóstolos.
“Põe o teu dedo aqui – disse Jesus a Tomé – e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel” (Jo 20,27).
Este amor de Jesus para com São Judas, fê-lo exclamar:
“Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28).
Peçamos a Deus para que possamos confiar todos os dias de nossa vida em sua grande Misericórdia; para que possamos manifestar ao nosso próximo a verdadeira caridade cristã, fruto do amor a Deus, a fim de que jamais desanimemos diante de nossas debilidades e fraquezas.
De fato, para o amor divino, nada é impossível. Ele há de santificar-nos, se a Ele nos abandonarmos.
Por Guilherme Motta
[1] Cf. ROPS, Daniel. A Igreja dos Tempos Bárbaros. São Paulo: Quadrante: 2002.
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