Cardeal Müller: as elites políticas não devem “usar e abusar da autoridade papal para promover suas ideias”
O Cardeal Gerhard Müller concedeu uma entrevista ao conhecido jornalista Tucker Carlson sobre vários temas atuais, incluindo a descristianização do Ocidente.
Redação (04/04/2024 16:45, Gaudium Press) O Cardeal Gerhard Müller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, concedeu uma entrevista ao conhecido jornalista Tucker Carlson, abordando vários temas atuais, incluindo questões internas da Igreja.
O cardeal alemão – referido por Carlson como “um dos teólogos católicos mais importantes e prolíficos da atualidade – destacou que, “na África, observamos um crescimento do cristianismo, também [o da] Igreja Católica. Eles estão muito vivos e com um bom número de bons bispos, sacerdotes e leigos, mas, na Europa e nos Estados Unidos, estamos testemunhando uma certa descristianização sistemática das elites políticas e ideológicas, e como resultado, o Velho Continente, a Velha Europa, tem uma antropologia antiquada, uma incompreensão errada do que é o ser humano”.
Os cristãos estão convencidos de que “somos criaturas de Deus, [e] temos a vocação de nos tornarmos amigos de Deus, filhos e filhas de Deus, e que esta é a melhor perspectiva que temos como seres humanos; e também há a esperança de que a nossa morte não será o nosso fim definitivo”, porque temos uma vocação pessoal para “participar na Vida Divina”. Por isso, “esperamos e trabalhamos por uma renovação do verdadeiro pensamento e da vida cristã na Europa e nos EUA, na parte norte do continente americano, mas também na América Latina”, afirmou o cardeal, fazendo uma menção especial à luta pró-vida.
Os cristãos são os “arautos da dignidade de todos os seres humanos em todos os países”, sublinhou, e devemos reagir contra as “guerras contra a vida humana, contra crianças por nascer, contra idosos”.
O cardeal frisou que, sem o cristianismo, não há esperança autêntica para a humanidade.
Como o Cardeal Müller mencionou, a certa altura da entrevista, que “somos ameaçados por poderes anti-humanos, onde o partido ou a ideologia são mais importantes do que a prosperidade e o bem-estar de seu próprio povo”, talvez isso tenha levado o entrevistador a perguntar sobre a veracidade dos comentários de que, sob o atual pontificado, o Vaticano “parece estar muito mais alinhado a um movimento político global com políticas progressistas do que em qualquer momento no passado”.
O Cardeal Müller ressaltou que um papa, sendo uma “autoridade moral em todo o mundo”, não deve dar às elites políticas do mundo “a impressão de que podem usar e abusar da autoridade papal para promover suas ideias, a chamada Nova Ordem Mundial e a Agenda 2030”. “E, portanto, devemos manter uma certa distância das lideranças políticas, e devemos expressar um grande contraste às ideologias erradas, que estão por trás da ideologia do poder”.
Quando questionado sobre como imaginava a realidade do Ocidente daqui a 100 anos, o Cardeal Müller disse que não podia prever o futuro, mas que, sem dúvida, o cristianismo é essencial para o sucesso da cultura ocidental; e “sem o cristianismo o Ocidente não é nada; é apenas um território, mas sem cultura, sem espírito, sem identidade.”
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