Onde está a verdadeira glória?
Para Jesus, modelo supremo da humanidade, a verdadeira glória consiste na Cruz, na aceitação viril e séria do holocausto levado ao último ponto.
Redação (03/03/2024 09:16, Gaudium Press) As deformações introduzidas na mentalidade moderna a partir da influência do cinema de Hollywood – marcado pelo invariável happy end, esse imaginário final feliz que só acontece nas telas – acentuaram nas últimas décadas, até o paroxismo, a tendência a detestar qualquer gênero de sofrimento, como se padecer ou ter de sacrificar-se fosse o cúmulo da desgraça.
De maneira paralela estimulou-se o desejo fervilhante de gozar a vida, aumentando as posses inescrupulosamente a fim de ter acesso aos mais excêntricos e dispendiosos prazeres. Não vivem assim, submersos em aparentes delícias, as celebridades deste mundo? A técnica mais avançada, sobretudo no campo da cibernética de ponta, as comodidades mais emolientes, as modas mais extravagantes, em suma, todo um universo de diversões frenéticas está ao alcance desse gênero de pessoas.
Eis então a ilusão dos nossos contemporâneos: ser um deles para, supostamente, atingir um patamar inimaginável de felicidade. Trata-se de protagonizar uma espécie de conto de fadas, despojado, porém, dos encantos do luxo aristocrático e ataviado com ostentosas roupas vindas dos arrabaldes da feiura, cuidadosamente rasgadas e sujas.
Entretanto, consiste nisso a verdadeira glória?
O ensinamento do Divino Mestre
Nossos antepassados pensavam de maneira diversa. Cada qual valia pelas virtudes que possuía: honra, coragem, polidez, honestidade, perseverança, para mencionar apenas algumas. E tais atributos tornavam-se ainda mais meritórios quando sobrenaturalizados pela graça, cuidadosamente preservada dos riscos que levariam a perdê-la com o pecado. Assim, os personagens dignos de louvor distinguiam-se pelo fato de darem a vida por uma causa mais alta, tendo sido capazes de afrontar riscos e realizar corajosas renúncias.
Pensemos na honra tributada aos militares que vertiam com valentia seu sangue pelo bem da pátria, na consideração dedicada aos chefes de família que levavam uma existência austera a fim de proporcionar melhores condições para seus descendentes, ou ainda na admiração suscitada pelo exemplo dos cavaleiros de outrora, sempre dispostos a defender com a própria vida os mais débeis e necessitados e, sobretudo, os mais sublimes interesses da Santa Igreja.
Para Jesus, modelo supremo da humanidade, a verdadeira glória consiste na Cruz, na aceitação viril e séria do holocausto levado ao último ponto. Nosso Senhor corroborou esse ensinamento com o crudelíssimo exemplo dado na Paixão e, por essa razão, agora Ele enfrenta e destrói os mitos e fantasias com que o demônio procura aprisionar entre suas sórdidas garras os espíritos criados para uma glória mais alta. Não, o homem não nasceu para refocilar-se nos lamacentos pântanos deste mundo, mas para conquistar os sacrossantos cumes do heroísmo. E para isso é mister estar disposto a abandonar os estreitos limites do egoísmo e munir-se com as armas da luz, a fim de travar um magnífico combate.
Se desejamos ser amados por Deus, já conhecemos o caminho: peçamos força para percorrer a via da dor até o extremo, e então teremos vencido e conquistado a coroa imperecível da glória.
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 267, março 2024. Por Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.
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