Gaudium news > Coletiva de imprensa com duas ex-religiosas vítimas do Padre Rupnik

Coletiva de imprensa com duas ex-religiosas vítimas do Padre Rupnik

Ambas foram acompanhadas na coletiva de imprensa de hoje pela advogada Laura Sgro, que as representará em todos os processos judiciais. A advogada mencionou que “novas diligências judiciais estão sendo consideradas.

Pe. Rupnik – Foto: Screenshot/ Youtube

Pe. Rupnik – Foto: Screenshot/ Youtube

Redação (21/02/2024 14:18, Gaudium Press) Hoje, houve uma coletiva de imprensa na sede da Federação Nacional da Imprensa Italiana, em Roma, onde duas ex-religiosas da extinta Comunidade Loyola, a italiana, Gloria Branciani, e a eslovena, Mirjam Kovac, falaram pela primeira vez sobre os “abusos físicos, psicológicos e sexuais” que sofreram nas mãos do Padre Marko Rupnik, atualmente incardinado na diocese de Koper e alvo de nova investigação pelo dicastério da Doutrina da Fé.

“Conhecemo-nos na comunidade – explicou Mirjam Kovac – éramos todas jovens cheias de ideais, e esses ideais, juntamente com a nossa formação em obediência, foram explorados para abusos de diversos tipos: consciência, poder, espiritual, psicológico, físico e até sexual”, disse Branciani.

As ex-religiosas salientaram que não estão agindo por motivos de “vingança pessoal”, mas sim em busca de verdade e justiça. Elas exigiram “transparência” por parte do Dicastério que conduz a investigação contra o Padre Rupnik.

Os relatos de Gloria Branciani são de natureza muito séria, escabrosos e quase irrepetíveis em ambiente católico. Ela descreveu abusos sexuais cometidos no estúdio de mosaicos em que trabalhava em Roma, bem como no carro em viagens para a Eslovênia. Ela admitiu ter sentido, em certo momento, um desejo de morrer, mas conseguiu sair da Comunidade Loyola.

Branciani destacou a existência de um “muro de silêncio”, pois quando relatou os abusos a sua superiora, foi instruída a permanecer calada. Esta situação semelhante ocorreu com o pai espiritual do Padre Rupnik, que sugeriu que deixasse a comunidade.

Por sua vez, Mirjam Kovac contou sobre os abusos de poder e psicológicos que ela afirmou ter sofrido e mencionou que recebeu testemunhos de outras colegas religiosas sobre vários casos de abuso cometidos pelo Pe. Rupnik durante anos.

“Até agora a gestão deste caso não foi clara, e por isso viemos a público na tentativa de alcançar uma maior transparência”, explicou Gloria Branciani. Ela também afirmou que “hoje estamos contando nossa história, desejamos que a verdade seja reconhecida pelo mal que sofremos e que também recebamos visibilidade, pois somos muitas, mas nos pedem para ficar em silêncio, para desaparecer de alguma forma, e nos desacreditam, o que não é aceitável”.

Branciani e Kovac afirmaram que Rupnik abusou de pelo menos 20 ex-religiosas.

Ambas foram acompanhadas na coletiva de imprensa de hoje pela advogada Laura Sgro, que as representará em todos os processos judiciais. A advogada mencionou que “novas diligências judiciais estão sendo consideradas”, mas não forneceu detalhes.

O Vaticano se pronuncia

A Sala de Imprensa do Vaticano afirmou que a investigação contra o Pe. Rupnik está em andamento: “o Dicastério para a Doutrina da Fé contatou as instituições envolvidas em diferentes instâncias no caso para receber todas as informações disponíveis sobre o ocorrido”.

A investigação curso desde outubro passado, quando Francisco removeu a prescrição que poderia ser aplicada aos fatos investigados.

“Depois de ter ampliado o campo de busca para realidades não contatadas anteriormente e de ter acabado de receber os últimos elementos resultantes, agora será uma questão de estudar a documentação adquirida para poder definir quais procedimentos serão possíveis e úteis de serem implementados”.

Até o momento, não há menção a prazos para estas investigações.

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas