O futuro do catolicismo após o Sínodo da Sinodalidade
Somente após o pontificado de Francisco poderemos avaliar o resultado de sua missão reformadora.
Redação (04/11/2023 09:35, Gaudium Press) A primeira Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade, concluída em 29 de outubro, levantou questões sobre o impacto das propostas do Sínodo na vida dos católicos. Até que ponto essas deliberações influenciarão a prática católica?
A despeito de alguns temas polêmicos, a Assembleia concentrou-se principalmente na participação dos leigos na tomada de decisões que afetam a vida eclesial, abrangendo desde a Cúria Romana até as dioceses e paróquias em todo o mundo. Esta proposta reconfigura a estrutura hierárquica da Igreja, visando torná-la mais participativa. Entretanto, ainda não está claro como isso se dará.
É razoável supor que na segunda parte da Assembleia, em outubro de 2024, os participantes buscarão uma forma para colocar em prática as propostas do Sínodo. A efetivação do objetivo do Papa Francisco depende consideravelmente desta segunda sessão.
Em essência, os resultados desta assembleia parecem visar a criação de uma nova pneumatologia católica, onde os Sacramentos do Batismo e da Ordem Sacerdotal são equiparados, justificando a participação dos leigos no governo da Igreja, atribuído à hierarquia.
O documento de síntese aborda especialmente a presença do Espírito Santo na missão dos católicos. O método do diálogo no Espírito foi aplicado durante a assembleia, mas teria validade na tomada de decisões nas igrejas locais, ordens religiosas e movimentos eclesiais.
O Sínodo dedicou pouco espaço às controvérsias que dominaram os noticiários, como a possibilidade da ordenação diaconal de mulheres, a poligamia e uma maior abertura aos homossexuais. Ao analisar o documento, percebe-se um enfoque marcante nos temas relacionados à corresponsabilidade dos fiéis na definição dos rumos da Igreja. Apoiadores de temas controversos, como o jesuíta James Martin, fervoroso defensor da agenda LBGT na Igreja, demonstraram desapontamento.
Não obstante, não seria equivocado afirmar que o Sínodo sobre a Sinodalidade foi o evento mais relevante na Igreja Católica desde o Concílio Vaticano II. Pelo menos até o momento, é a iniciativa que mais almejou trazer as mudanças do Concílio para o âmago da Igreja. Resta-nos aguardar para ver se essas aspirações se concretizarão, pois o que temos até agora são conceitos abstratos e considerável ambiguidade.
Em última análise, a sinodalidade como participação dos leigos no governo da Igreja é um experimento cujo resultado permanece incerto, e sua implementação levará anos, se não décadas. Somente após o pontificado de Francisco poderemos avaliar o resultado de sua missão reformadora. Até o momento, podemos afirmar que uma eventual aplicação fracassada deste experimento traria repercussões catastróficas para os católicos em todos os níveis da vida eclesial.
Por Rafael Silva
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