Irlanda do Norte: diminui o número de sacerdotes e exéquias serão conduzidas por leigos
Pesquisa aponta que mais de um terço dos sacerdotes católicos irlandeses têm mais de 60 anos, sendo que 2.100 atendem cerca de 2.500 paróquias em todo o país.
Redação (29/10/2023 10:07, Gaudium Press) A Igreja Católica na Irlanda do Norte nomeou leigos ministros de exéquias devido à escassez de sacerdotes.
As exéquias são o conjunto de ritos e orações com que a comunidade cristã acompanha seus mortos e os recomenda a Deus. O catecismo da Igreja recomenda que sejam feitos três tipos de celebrações, correspondentes aos três lugares em que se desenrolam: a casa do fiel, a igreja e o cemitério. E compreende quatro momentos principais: o acolhimento da comunidade, a liturgia da Palavra, o Sacrifício Eucarístico (missa), o adeus (a Deus) ao defunto, que é a sua “encomendação a Deus” pela Igreja. Assim, estes ministros leigos poderão exercer 3 dessas funções, mas faltará a principal, a missa.
“Infelizmente, pode haver muito menos missas fúnebres no futuro, porque não teremos os sacerdotes para rezá-las. A celebração da missa de réquiem para cada pessoa como parte das exéquias não será mais uma norma”, ressaltou Pe. Roy Donovan, pároco de Caherconlish-Caherline, no Condado de Limerick, na Irlanda.
Este tema ganhou destaque depois de o bispo de Galway e Clonfert, Dom Michael Duignan, afirmar que sua diocese de mais de 40 paróquias teria apenas 20 sacerdotes na próxima década.
Com efeito, uma pesquisa de 2022, realizada pela Association of Catholic Priests ACP (Associação de Padres Católicos), assinalou que mais de um terço dos sacerdotes católicos irlandeses tinham mais de 60 anos, com apenas 2.100 sacerdotes trabalhando em 2.500 paróquias. A ACP também relatou ao The Irish Times que atualmente havia apenas um seminarista estudando em toda a Arquidiocese de Dublin.
O Pe. Roy Donovan declarou ainda que “os adiamentos funerários vão acontecer cada vez mais. A missa de fim de semana já está sendo rezada em muitas paróquias, às quintas ou sextas-feiras”. Já no Reino Unido, os funerais são marcados por semana e não por dia.
Várias dioceses – incluindo Dublin, a maior do país – já introduziram programas de treinamento para paroquianos para aliviar os sacerdotes sobrecarregados ao assumir as exéquias.
O bispo Donal McKeown, que está à frente da diocese de Derry e administrador apostólico de Down e Connor, escreveu uma carta pastoral explicando que a diminuição do número de jovens que entram para o sacerdócio torna difícil atender aos pedidos dos fiéis. São 84 sacerdotes atualmente ativos para atuar em 86 paróquias e 146 igrejas. Ademais, com apenas sete sacerdotes na diocese com menos de 40 anos, o número de sacerdotes no ministério ativo cairá quase 50% em pouco mais de 10 anos.
Por isso, mais de 70 novos ministros leigos nas duas dioceses de Clogher e Down e Connor devem terminar o treinamento nos próximos meses e conduzir as exéquias nas paróquias das duas regiões.
Felizmente, muitas dioceses se beneficiam do apoio de sacerdotes idosos que ainda celebram missas. Entre eles está o Pe. John McKenna, de 88 anos, que celebra missa todos os dias. Como disse em entrevista a um jornalista: “Eu nunca deixaria de celebrar a Santa Missa”. Apesar da idade, o Pe. McKenna não tenciona abdicar do seu trabalho diário na paróquia. “Faz parte do chamado”, explica, acrescentando que ficaria “muito infeliz” se chegasse um momento em que não pudesse mais celebrar a missa.
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