Gêngis Khan, o senhor das estepes
Dominador de um território de mais de 1500 léguas de comprimento, Gêngis Khan subjugou os povos que viviam entre o Cáspio e o Pacífico, construindo um dos mais vastos impérios da história.
Redação (04/10/2023 11:19, Gaudium Press) A figura do conquistador mongol Gêngis Khan chegou ao século XXI temida por muitos, mas deveras respeitada por seus compatriotas que o consideram como pai e herói da nação.
A têmpera do indomável dominador da Ásia foi forjada no início de sua existência, pois os rumos da vida geralmente são traçados na infância.
Nascimento e infância
Temujin [futuro Gêngis Khan] nasceu em uma tribo nômade por volta do ano de 1160, não muito longe de Ulã Bator, atual capital da Mongólia. Aprendeu a montar a cavalo aos três anos de idade, e, aos cinco, a manejar armas.
Sendo o primogênito, devia herdar o comando do clã após a morte de seu pai, Yesugei. Temujin ainda não havia chegado à adolescência quando um chefe do clã envenenou seu pai e assumiu injustamente o comando da tribo, expulsando dela a família de Yesugei.
Entregue a um destino incerto, a mãe (com sete filhos) não temeu o infortúnio, aceitando de fronte erguida o duro desafio da sobrevivência.
Luta pela sobrevivência
Viver em conjunto ou morrer eram as únicas escolhas possíveis nas precárias condições de vida das estepes. A fim de atender às mais básicas necessidades, as tarefas eram divididas: cada membro da família tinha a obrigação de zelar pelo bem comum, não sobrando espaço para uma busca sistemática de vantagens pessoais.
Entretanto, eis que um dos filhos viola as regras da comunidade a fim de tirar proveito próprio de seu trabalho. O fato atiça a cólera de Temujin, que não tolera a falta e acaba por matar o transgressor, seu próprio irmão. A partir de então, a morte violenta será a companheira de Temujin até o fim de seus dias.
Matrimônio
Pouco antes de sua morte, Yesugei buscara, entre os clãs da tribo dos Keraitas, a futura esposa para seu herdeiro. A jovem Börte, de formosa aparência e de nobre linhagem, foi a escolhida. Chegando à juventude, Temujin dirige-se aos domínios keraitas e, tomando a mão de sua prometida, a leva consigo.
Ela exercerá um notável papel na história mongólica, devido à forte influência de seus conselhos sobre as tomadas de decisões Temujin, futuro dominador da Ásia.
Jamuca, o “irmão de sangue”
Entre os habitantes das estepes, havia uma espécie de aliança cujos compromissos eram equivalentes ou até superiores aos vínculos familiares. Consideravam-se “irmãos de sangue” aqueles que realizavam certo pacto entre si. O acordo era efetivado de forma bastante inusitada: fazia-se um corte nas palmas das mãos de ambos, e as apertavam entre si.
Por este meio, Temujin tornou-se “irmão de sangue” de Jamuca, seu antigo amigo de infância e chefe de certo número de guerreiros.
Alguns membros da tribo dos merquitas, antigos rivais de Yesugei, sabendo do matrimônio de Temujin, decidem vingar-se das querelas do passado sequestrando Börte. Sem armas nem exército, o único modo de Temujin reverter a situação e resgatar sua esposa era apelando ao socorro de Jamuca.
Os dois guerreiros marcham juntos encabeçando a tropa, e derrotam as forças merquitas. Börte estava sã e salva.
O novo khan
Entre os nômades não havia grande estabilidade no cargo de khan [chefe, na língua mongol]. Qualquer falha ou incompetência no desempenho da função era tida por imperdoável.
A batalha contra os merquitas cria condições para a manifestação das habilidades de comando de Temujin. Os guerreiros o escutam e o seguem, pois suas palavras inspiram confiança. Crendo na lealdade e no mérito de simples guerreiros, Temujin faz deles grandes generais.
Combatendo lado a lado e unificando as diversas tribos, Temujin e Jamuca tornam-se invencíveis.
Entretanto, só pode existir um khan. Jamuca e Temujin, de “irmãos de sangue”, tornam-se violentos inimigos. A primazia do comando pertence a Jamuca, mas a índole e a conduta de Temujin atraem um número cada vez maior de seguidores. Após um conselho entre os principais chefes de clãs, Temujin é eleito como o novo khan.
Os entrechoques entre os dois exércitos são cruéis e se prolongam por anos, até que, finalmente, Jamuca é capturado, levado à presença de Temujin e executado.
Gêngis Khan, chefe supremo
Derrotado o mais audaz dos adversários, nada mais pode conter o ímpeto avassalador de Temujin. Ele proclama-se “Gêngis Khan”, isto é, “chefe supremo”. A Mongólia unificada se transforma num gigantesco exército de mais de cem mil homens com um único objetivo: conquistar os quatro cantos da terra.
Em 1209, Gêngis Khan cruza a muralha da China. Tomando de assalto a capital, então chamada Khan-balec (atual Pequim), retorna à Tartária, deixando aos seus generais os cuidados das novas conquistas.
O general ainda estende sua dominação sobre o Turquistão e, em seguida, a China Setentrional. As aldeias de Bucara e de Samarqanda no Uzbequistão são pilhadas, incendiadas e seus habitantes decapitados ou reduzidos à escravidão. Até mesmo províncias do oriente médio sofrem semelhante sorte.
Os temíveis guerreiros mongóis
Com efeito, os cavaleiros mongóis podem percorrer até cerca de 100 km por dia, visto que dormem e comem sobre seus cavalos. Sua tática de combate é a de avançar separadamente e atacar em conjunto. Quando, despreparados, são surpreendidos pelo inimigo, preferem distanciar-se e atraí-lo para uma emboscada, a fim de destruí-lo com seus arcos, pois estes, de curvatura dupla, disparam com maior velocidade que qualquer outro.
Um dos maiores impérios do mundo
Ao cabo de sua vida, após ter penetrado no coração da China, ameaçado a Índia e espalhado o terror e o tormento sob sua mão de ferro, Gêngis Khan morreu sob o signo da vitória em 1227, cercado de parentes, admiradores e numerosos tributários completamente resignados a seu jugo.
Senhor de um território de mais de 1500 léguas de comprimento, dominou quase tudo o que havia entre o Cáspio e o Pacífico, construindo um dos mais vastos impérios da história.
Por Rodrigo Siqueira
Referências Bibliográficas
MAN, John. Gêngis Khan, a vida do guerreiro que virou mito. Trad. Laura Alves e Aurélio Rabello. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
WEISS, Johann Baptist. Biographie Universelle. Paris: Furne, 1841, v.2.
Deixe seu comentário