FBI volta a depor sobre ‘católicos tradicionalistas radicais’
Foi encontrada uma versão que mostrava que havia vários escritórios do FBI envolvidos na elaboração do documento sobre os “católicos radicais tradicionalistas”.
Redação (05/09/2023 09:28, Gaudium Press) A presença do FBI perante o Comitê Judiciário do Congresso, em 24 de agosto, foi atribuída ao relatório dessa entidade que falava de uma “ideologia católica radical-tradicional” e sugeria uma perseguição a ela.
Stanley Meador, agente especial encarregado do escritório do FBI em Richmond, Virgínia, falou ao comitê do Congresso por várias horas em uma reunião a portas fechadas.
O relatório sobre os “radicais católicos” foi emitido em janeiro e era para uso interno do FBI em Richmond. Em uma carta dirigida ao Comitê, o FBI mencionava o agente Meador como o homem encarregado de lidar com toda a crise sobre o relatório, e que deveria se reunir com líderes católicos locais para dar esclarecimentos, de acordo com o jornal Washington Examiner.
O relatório do FBI não apenas alertava sobre esses “católicos radicais tradicionalistas”, mas sugeria interagir com líderes desses católicos e recrutá-los para servir como informantes não oficiais. O analista que escreveu o documento traçou o perfil desses perigosos católicos como uma “pequena minoria do total de seguidores católicos romanos”, caracterizada pelo desprezo pelo Concílio Vaticano II e por sua “frequente adesão à ideologia antissemita, anti-imigrante, anti-LGBTQ e nacionalistas brancos”.
Onde o analista do FBI conseguiu o material para seu relatório?
Supostamente de trabalho secreto, casos isolados de suposta atividade criminosa por parte de seguidores desses princípios e uma lista de “grupos de ódio RTC [católico-tradicionalista-radical]”, compilada pelo Southern Poverty Law Center, um grupo ativista de esquerda. Este último ponto é provavelmente o mais polêmico, pois afirma que as simpatias e antipatias políticas de um grupo ativista de esquerda serviram para sugerir a mobilização do FBI contra grupos tradicionalistas.
O documento, que vazou para a mídia, provocou um debate que levou o diretor do FBI, Christopher Wray, a testemunhar perante o Comitê Judiciário do Congresso em julho, chamando o documento de “espantoso”.
Era “um único produto de apenas uma filial, que assim que descobri, fiquei horrorizado e ordenei que fosse removido e eliminado dos sistemas do FBI”, disse Wray na época.
Mas a declaração de Meador, em 24 de agosto, foi motivada pelo fato de que o Comitê Judiciário do Congresso teve acesso a uma versão inicial do memorando, o qual dizia que também estava baseado em um “contato intermediário” no escritório local do FBI em Portland e informações do escritório local em Los Angeles.
“Essas novas informações sugerem que o uso por parte do FBI de suas capacidades de aplicação da lei para invadir os direitos da Primeira Emenda dos americanos [que protege a liberdade religiosa] está mais difundido do que se suspeitava inicialmente”, escreveu o presidente do comitê, o republicano Jim Jordan, acrescentando que o texto também revelou “inconsistências” nas declarações de Wray em julho.
O FBI respondeu dizendo que, embora o documento faça referência a investigações de outros de seus departamentos sobre extremismo violento, “isso não muda o fato de que o produto foi produzido por um único escritório” e foi retirado por não cumprir as regras.
“Houve falhas na produção e aprovação de documentos, e tomamos ações corretivas para garantir que os produtos futuros atendam aos mais altos padrões profissionais, incluindo novas iniciativas de treinamento, aumento dos requisitos de aprovação para produtos de inteligência, responsabilização dos funcionários e atualização de políticas e diretrizes”, disse o FBI.
Espera-se que o Comitê Judiciário do Congresso continue conduzindo mais entrevistas sobre supostas violações das liberdades civis por agências do governo federal.
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