Hong Kong parecida com a China comunista: jornalista católico absolvido continua na prisão
Não respeitam nem sequer a liberdade de Jimmy Lai de se defender.
Redação (19/08/2023 19:04, Gaudium Press) O site de notícias católicas The Pillar resume a triste situação de Jimmy Lai, jornalista católico e proprietário do Apple Daily, que foi um dos últimos meios de comunicação a criticar a crescente erosão das liberdades civis em Hong Kong. Em 2021, o Apple Daily foi forçado a fechar, depois que o governo congelou os ativos pertencentes a Lai e sua holding de mídia, e também invadiu os escritórios do jornal, levando vários editores para a prisão.
Lai está preso desde 2020, e agora foi inocentado da acusação de organizar uma manifestação durante os protestos de 2019, quando o governo da ilha queria aprovar uma legislação que permitiria que presos políticos fossem deportados para a China continental para serem julgados. O Tribunal de Apelação anulou as condenações na última segunda-feira. No entanto, o tribunal manteve as condenações de todos os acusados por participarem daquela mesma manifestação ilegal.
Lai – que disse que sua fé católica o motiva e o sustenta em todos os processos jurídicos – frisou que a nefasta Lei de Segurança Nacional aprovada há alguns anos para Hong Kong foi uma “sentença de morte” para o Estado de Direito que vigorava na ilha. Jimmy Lai foi detido por acusações existentes nesta lei de segurança nacional, prisão que ele chamou de “o pináculo de sua vida”.
“Uma absolvição de uma acusação falsa depois de cumprir a pena de prisão, e estar na prisão por uma outra acusação falsa não faz sentido para Jimmy Lai “, disse Mark Simon, ex-executivo do Apple Daily.
“É como se o Papai Noel te trouxesse aos 10 anos as baterias de um brinquedo que nunca funcionou e que ele te deu quando tu tinhas 6 anos”, exemplificou, “em outras palavras, é como se Pôncio Pilatos enviasse um memorando explicando que a cruz que tu carregas tem 200 metros a mais, mas a crucificação ainda é válida.”
Nem mesmo liberdade de defesa
A perseguição a Lai chegou ao ponto de impedi-lo de escolher um advogado de seu agrado para representá-lo.
Embora dois tribunais locais tenham confirmado o direito de Lai de ser representado por um importante advogado do Reino Unido, o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, apelou ao governo da China continental no ano passado para impedir Luke Owen, um cidadão britânico, de representar Lai. Lee argumentou que os cidadãos estrangeiros não deveriam ser autorizados a representar os acusados de violações da segurança nacional. E, de fato, em janeiro passado, o governo da China continental decretou que o poder Executivo de Hong Kong, e não o Judiciário, definiria quais advogados estão qualificados para comparecer ao tribunal nesses casos. Owen conhece muito bem a lei de Hong Kong por causa dos estreitos laços culturais entre o Reino Unido e a ilha.
Sob a Lei de Segurança Nacional, outras personalidades foram presas, como o Cardeal Joseph Zen, que foi libertado em poucas horas, e Agnes Chow, uma ativista pró-democracia, que foi libertada em 2021 após seis meses de prisão por ter participado de uma assembleia “ilegal” em 2019.
No início deste mês, Bobo Yip, ex-presidente da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Hong Kong, também foi presa por motivo de segurança nacional.
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