Ditadura de Ortega confisca bens da Universidade Centro-Americana acusando-a de centro de terrorismo
Vários diretores da instituição jesuíta tiveram que deixar o país. O credenciamento havia sido suspenso e as contas congeladas.
Redação (17/08/2023 09:36, Gaudium Press) Na terça-feira passada, dia da Assunção de Nossa Senhora, os diretores da Universidade Centro-Americana da Nicarágua (UCA) – um dos mais importantes centros de estudos do país, com 5.000 alunos – não puderam celebrar com tranquilidade a subida de Nossa Senhora em corpo e alma ao céu, pois receberam a seguinte notícia:
“Informamos que, no dia 15 de agosto deste ano, às 05:29 minutos da tarde, recebemos um ofício da 10ª Vara Criminal de Audiências de Circunscrição de Manágua, a cargo da juíza Dra. Gloria María Saavedra Corrales”, onde é notificada “a apreensão de todos os bens descritos: imóveis, móveis, dinheiro em moeda nacional ou estrangeira das contas bancárias congeladas, produtos financeiros em moeda nacional ou estrangeira de propriedade da UCA”.
Evidentemente, a apreensão dos “bens descritos” foi feita “a favor do Estado da Nicarágua”, o que, supostamente, “garantirá a continuidade de todos os programas educacionais”.
Qual o motivo hipotético?
De acordo com a diretoria da Universidade, essas medidas foram tomadas “em resposta a denúncias infundadas de que a Universidade Centro-Americana funcionava como um centro de terrorismo, organizando grupos criminosos”. Ou seja, uma mera sinalização, na velocidade da luz, faz a sentença ser coisa julgada.
A Universidade alerta ainda “que suspende a partir de hoje (quarta-feira) todas as atividades acadêmicas e administrativas até que seja possível retomá-las de forma ordinária, que será informado pelos canais de comunicação oficiais da Universidade”.
Segundo algumas fontes, alguns diretores da Universidade tiveram que deixar o país, ao saber de sua iminente captura, pois procuravam justificar o processo judicial.
Circulam nas redes sociais fotos de trabalhadores desmontando o grande crucifixo da capela de Guadalupe da universidade jesuíta.
Numa coligação de várias entidades estatais, o que evidencia a sua submissão conjunta ao regime de Ortega, o credenciamento perante o Estado foi cancelado; mais tarde, as contas bancárias da instituição jesuíta foram congeladas. A pedido da Procuradoria-Geral da República seus imóveis foram confiscados; e por ordem do Supremo Tribunal de Justiça, o Centro de Mediação de Justiça que ali funcionava foi desativado.
Contas bancárias dos membros do Conselho Universitário e de alguns diretores também foram congeladas.
Nos protestos de 2018, quando começou o desvio totalitário do regime, a UCA foi um refúgio para os estudantes perseguidos.
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