Sinicização da Igreja Católica na China avança: agora os seminários
Recentemente houve uma reunião para discutir sobre o progresso da compilação de “materiais didáticos unificados” nos seminários católicos na China.
Redação (11/08/2023 15:03, Gaudium Press) A reunião do chamado Grupo de Trabalho – que verifica o progresso da compilação de “materiais didáticos unificados” nos seminários católicos – aconteceu na cidade de Pingliang, na província de Gansu, no leste da China.
A reunião foi organizada pelo Departamento de Seminários da Associação Patriótica Católica Chinesa (CCPA) e pela Conferência Episcopal Católica Chinesa (BCCCC), segundo informou o site da Conferência dos Bispos no dia 7 de agosto. A CCCC não é um órgão à maneira das conferências episcopais em países livres, mas uma entidade criada sob os auspícios do governo comunista.
Entre os participantes da reunião de 28 a 30 de julho estavam o bispo Joseph Li Shan, de Pequim, presidente da CCPA, o bispo Joseph Guo Jincai, de Chengde, vice-presidente da CCCCC, o bispo Li Hui, secretário-geral adjunto da CCCC e chefe do Departamento de Seminários.
Estavam presentes na reunião os membros das quatro equipes que trabalham na compilação de livros didáticos do seminário. Os quatro grupos informaram aos líderes da Igreja sobre o progresso de seu trabalho.
Dom Guo, que presidia a reunião, exortou a todos a aderirem ao espírito da política estatal de sinicizar a religião na formação do seminário. A sinicização do currículo dos seminários é vista como o mais recente movimento dos bispos adeptos do governo comunista em Pequim para implementar as políticas e regulamentos politicamente motivados pelo Partido Comunista Chinês; políticas que diversos analistas descrevem como repressivas. É uma tentativa de subjugar a religião aos princípios do socialismo chinês de Xi Jinping.
De fato, o bispo Guo foi exaltado pelas autoridades comunistas, sendo ordenado sem a aprovação do Vaticano em 2010, pela Igreja sancionada pelo Estado comunista, e incorreu, assim, na excomunhão. O Papa Francisco posteriormente reconheceu-o e aprovou-o como bispo da diocese de Chengde, em 2018, após a assinatura do Acordo Sino-Vaticano, segundo relatou a imprensa.
Mas Dom Guo não parece se sujeitar muito à sé romana. Em 2021, este bispo ordenou três sacerdotes em uma diocese não reconhecida pelo Vaticano; uma medida que supostamente violou o acordo entre a China e o Vaticano, do qual ainda não se conhece o texto oficial.
Durante a reunião sobre livros didáticos dos seminários, Dom Guo declarou que “todo seminário deve ir em direção à sinicização do catolicismo em meu país”.
“Para cultivar talentos completos que dominem os ensinamentos clássicos e a cultura tradicional chinesa, os membros da equipe acadêmica devem ser sérios e precisos na compilação dos livros didáticos e conteúdo”, prosseguiu Guo.
Por sua parte, o bispo Li endossou os novos materiais didáticos unificados e agradeceu às agências estatais, ao Departamento de Trabalho da Frente Unida do Partido Comunista Chinês (PCC) na província de Gansu e ao Comitê Provincial para Assuntos Étnicos e Religiosos, por ajudar “na realização sem problemas da reunião”.
Li ressaltou que, nas últimas quatro décadas, a Igreja tem recebido “o cuidado e o apoio dos governos em todos os níveis”, o que permitiu que os seminários formassem um grande número de clérigos em todo o país. O bispo não fez alusão à permanente perseguição, a qual se intensificou nos últimos tempos, o governo tem promovido contra os católicos que não querem se submeter ao império do Partido Comunista.
Li observou que os membros da equipe de compilação de livros didáticos do seminário fizeram contribuições importantes, apesar de enfrentarem “muitas dificuldades”.
Com informações UCAnews
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