Cardeal africano sobre o Níger: golpes de Estado não são o problema
Sobre a miséria material vivida pelo povo africano, o Arcebispo de Kinshasa, Cardeal Fridolin Ambongo Besungu, indicou o egoísmo a nível político, que mina a governabilidade.
Redação (01/08/2023 10:55, Gaudium Press) Na noite de 26 de julho passado, militares liderados pelo coronel major Amadou Abdramane anunciaram a detenção do presidente Mohamed Bazoum, eleito em 2021, e um dos últimos governantes pró-Ocidente nesta região da África, por membros da guarda presidencial, que se recusam a libertá-lo, apesar de um ultimato do Exército.
Durante as manifestações em Niamey, no último domingo, a embaixada francesa foi atacada, enquanto os manifestantes gritavam palavras de ordem como “Viva Putin”, “Viva a Rússia” ou “Abaixo a França”. A comunidade internacional, liderada por representantes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), condenou o golpe de Estado, impôs sanções econômicas imediatas ao país, advertindo que poderia utilizar a força e deu um ultimato de uma semana aos golpistas para que Bazum retorne ao poder.
O Cardeal Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa, na RDC, em entrevista ao Vatican News, a respeito da tomada do poder pelos militares no Níger, comentou que o problema na África não são necessariamente os golpes. Porque não importa como as pessoas chegam ao poder, seja de forma violenta ou democrática, no final, elas só pensam em si mesmas e em seus interesses.
Os golpes de Estado “não são certamente a forma mais respeitosa” de implementar a vontade do povo, declarou o cardeal da República Democrática do Congo. “Mas, além disso, todos os que chegam ao poder, democraticamente ou não, acabam se comportando quase todos da mesma maneira. São como predadores, pensam primeiro em si próprios, preocupam apenas com o próprio futuro, com o próprio bolso, é o povo que sofre”, afirmou o cardeal, temendo que os acontecimentos dos últimos dias no Níger possam se alastrar a outros países.
A Igreja condena a prática de golpes de Estado. “Contudo, isso não é suficiente, porque as pessoas não são levadas a sério em tudo isso. Podemos dizer que o que está acontecendo no Níger é apenas uma continuação do que já ocorreu em outros países”.
Com informações Vatican News
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