Um país grande pela fé
A missão do Brasil consiste em iluminar amorosamente o mundo com o “lumen Christi” que a Igreja irradia. Bem-aventurado este povo sóbrio e desapegado, porque dele é o Reino dos Céus!
Redação (20/07/2023 11:19, Gaudium Press) Talvez não fosse ousado afirmar que Deus colocou os povos de sua eleição em panoramas adequados à realização dos grandes destinos a que os chama. E não há quem, viajando por nosso Brasil, não experimente a confusa impressão de que Deus destinou para teatro de grandes feitos esse país cujas montanhas trágicas e misteriosas penedias parecem convidar o homem às supremas afoitezas do heroísmo cristão, cujas verdejantes planícies parecem querer inspirar o surto de novas escolas artísticas e literárias, de novas formas e tipos de belezas, e na orla de cujo litoral os mares parecem cantar a glória futura de um dos maiores povos da terra. […]
E hoje, que o Brasil emerge de sua adolescência para a maturidade, e titubeia nas mãos da velha Europa o cetro da cultura cristã, que o totalitarismo quereria destruir, aos olhos de todos se patenteia que os países católicos da América são na realidade o grande celeiro da Igreja e da civilização, o terreno fecundo onde poderão reflorir com brilho maior do que nunca as plantas que a barbárie devasta no Velho Mundo. A América inteira é uma constelação de povos irmãos. Nessa constelação, inútil é dizer que as dimensões materiais do Brasil não são uma figura de magnitude de seu papel providencial. […]
A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica apostólica romana, e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o lumen Christi que a Igreja irradia. Nossa índole meiga e hospitaleira, a pluralidade das raças que aqui vivem em fraternal harmonia, o concurso providencial dos imigrantes que tão intimamente se inseriram na vida nacional, e mais do que tudo as normas do Santo Evangelho, jamais farão de nossos anseios de grandeza um pretexto para jacobinismos tacanhos, para racismos estultos, para imperialismos criminosos. […]
O Brasil não será grande pela conquista, mas pela fé; não será rico pelo dinheiro tanto quanto pela generosidade. […]
Bem-aventurado este povo sóbrio e desapegado, no esplendor embora de sua riqueza, porque dele é o Reino dos Céus.
Bem-aventurado este povo generoso e acolhedor, que ama a paz mais do que as riquezas, porque ele possui a terra.
Bem-aventurado este povo de coração sensível ao amor e às dores do Homem-Deus, às dores e ao amor de seu próximo, porque nisto mesmo encontrará sua consolação.
Bem-aventurado este povo varonil e forte, intrépido e corajoso, faminto e sedento das virtudes heroicas e totais, porque será saciado em seu apetite de santidade e grandeza sobrenatural.
Bem-aventurado este povo misericordioso, porque ele alcançará misericórdia.
Bem-aventurado este povo casto e limpo de coração, bem-aventurada a inviolável pureza de suas famílias cristãs, porque verá a Deus.
Bem-aventurado este povo pacífico, de idealismo limpo de jacobinismos e racismos, porque será chamado filho de Deus.
Bem-aventurado este povo que leva seu amor à Igreja a ponto de lutar e sofrer por ela, porque dele é o Reino dos Céus.
Plinio Corrêa de Oliveira
Texto extraído de: Saudação às autoridades civis e militares. In: Legionário. São Paulo. Ano XVI. N.525 (7 set., 1942); p.2
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