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Santa Paulina do Cora­ção Agonizante de Jesus: Uma estrela brasileira no céu da Santa Igreja

A Igreja Católica celebra no dia de hoje, 9 de julho, a memória litúrgica de Santa Paulina do Cora­ção Agonizante de Jesus.

Santa Paulina do Coracao Agonizante de Jesus

Redação (09/07/2023 08:00, Gaudium Press) Quem ainda não experimentou a agradável sensação de, estando no campo ou à bei­ra-mar, olhar ­pa­ra o esplendor de um céu to­talmente estrelado?

Aquela infi­ni­da­de de luzeiros for­mando cons­te­lações, que cinti­lam cada qual à sua maneira, dá-nos uma impres­são da grandeza e da majestade de Deus, que sempre maravilhou os homens de todas as épocas.

A Santa Igreja pode ser comparada, em muitos de seus aspectos, ao mais belo dos firmamentos. Há nesse céu variadas luzes, que são os santos. Todos eles são muito parecidos e, ao mesmo tem­po, profundamente diferen­tes en­tre si. Sua luminosidade provém da mesma fonte: o Divino Espírito Santo.

Em breve, com uma fulguração própria, uma nova estrela aparecerá nesse céu, para alegria e edificação de todos os católicos, especialmente de nós brasileiros, pois será elevada à honra dos al­tares a Madre Paulina.

História de Santa Paulina

Amábile Lucia Visintainer, em religião Madre Paulina do Cora­ção Agonizante de Jesus, é a fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Concei­ção. Nasceu em 16 de dezembro de 1865, numa tarde de inverno, em Vígolo Vattaro, pitoresca cida­de da província de Trento, ao nor­te da Itália, dominada naquele tem­po pelo Império Austro-Húngaro.

Seus pais, Antonio Napoleone e Anna Pianezer, eram pobres de bens materiais, mas ricos em virtudes. Batizaram a pequena Amábile no dia seguinte do seu nascimento, na Igreja de São Jorge. Era ela a segunda na numerosa família de quatorze filhos (9 homens e 5 mulheres).

“Amabilota”, assim apelidada ca­rinhosamente pelos seus íntimos, surpreendia a todos pelo amor ao próximo. Era chamada de “anjo da guarda” pela carida­de para com a avó paterna. E “uma santa” pelas companheiras de trabalho. Como ofício escolhia casulos para fiar a seda e dividia a sua me­renda com as amigas mais pobres. Todas eram unânimes em concordar que o nome, Amábile, ia mui­to de acordo com a sua bela alma.

As dificuldades pelas quais pas­­savam os habitantes daquelas regiões fizeram os Visintainer to­mar o mesmo destino que outros seus compatriotas. Assim, em se­tembro de 1875, Vigolo Vattaro assistiu à partida do terceiro grupo de emigrantes que vinham em bus­ca do Brasil.

Aqui a família dirigiu-se para o atual Estado de Santa Catarina, aportando na cidade de Itajaí. Por sugestão de um padre jesuíta, ins­talaram-se na localidade de Al­fe­res, no vale do rio Tijucas.

Sempre amparada pelos padres italianos da Companhia de Jesus, aos 12 anos Amábile fez a primeira comunhão, começando a parti­cipar da vida paroquial. Ficou encarregada de dar catecismo às crianças, fazer visitas aos doentes e cuidar da limpeza da capela, o que fazia com esmero.

Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição

A região era desprovida de ca­sas religiosas e urgia que alguém cuidasse dos doentes. Com 25 anos de idade, Amábile, tendo a permissão de seus pais e o apoio do Pe. Marcello Rocchi, SJ, deixou a casa paterna e, juntamente com uma companheira, foi morar num pequeno casebre para cuidar de uma senhora cancerosa.

Madre Maltide (Virgínia Rosa Nicolodi), sua companheira na fun­­dação da Congregação, recorda emocionada o episódio: “Sur­giu então em várias pessoas que se in­teressavam pela doente, a idéia de que éramos nós duas as únicas que deviam sacrificar-se por ela tomando-a conosco. Tendo esta idéia tomado vul­to, foi-nos definitivamente oferecida a doente, e nós a aceitamos com grande consolação, esperando com cer­ta segurança de que este era o meio empregado por Deus para sairmos de uma vez da casa de nossos pais, para ficarmos unidas no exercício da ora­ção e da santa caridade”.

Estava plantada a primeira semente da obra de Madre Paulina. Era o dia 12 de julho de 1890. Dessa data em diante, ela se deixaria consumir pela caridade em favor dos mais necessitados. Sempre confiante na Providência, exclamava: “Quantos penhores de amor nos dá o Senhor! Sinto-me ‘emparaisada’ de contentamento!”

A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição tem hoje mais de 600 religiosas e se espalha por todo o Brasil, atingindo também outros seis países latino-ame­ricanos e três africanos. A primeira casa da Congregação foi fun­dada no povoado de Vígolo, nos arredores de Nova Trento (SC), a 100 quilômetros de Florianópolis.

Virtudes de Santa Paulina

Sobre as virtudes da nova santa, deixemos falar algumas testemunhas do processo de canonização.

A irmã Carmen M. de São Luís, que conheceu Madre Paulina de 1906 a 1947, afirma: “A vida da Serva de Deus foi um exemplo e uma có­pia viva da alma inteiramente consa­grada a Deus e de um ideal sublime de perfeição”.

Madre Paula Maria, Superiora na Casa Mãe, tendo conhecido igual­mente Madre Paulina, depõe: “A Serva de Deus era uma alma privilegiada. Pelo seu modo de agir, o seu íntimo demonstrava alguma coi­sa de diverso. (…) Com o transcorrer dos anos, foi sempre considerada como uma alma de virtude, alma de Deus, dedicando-se às obras de apostolado e cuidado dos enfermos. (…) Ti­nha uma espiritualidade forte e ge­nuína. O seu progresso era eviden­te e constante. Tinha uma personalidade que a caracterizava: nada a fazia dobrar. Por mais que sofresse, caminhava sempre avante, como costumava di­zer ela mesma: não olhava nem de um lado, nem do outro, mas somente para o alto. Deus era tudo para ela.”

Da Madre Maltide te­mos o se­guin­te relato: “A nossa ca­ríssima Madre e doce Paulina, que é sujeita e toda submetida a to­da sorte de fadigas pelo nosso Jesus, está vigilante, é intrépida para sus­tentar a nossa santa Congregação. Vede-a lá! Como ca­pitão da Congregação, é sempre Ma­dre! Mas vede como aparece em mil artes e serviços, ora é hortelã, ora lenhadora, ora vai capinar e plantar milho e feijão, ora ocupada em muitos outros trabalhos — não só isto, (…) agora a vemos como capitão diante de uma multidão de Filhas de Maria que incita a fazerem bem os santos Exercícios Espirituais e tirarem fruto pa­ra suas almas e conseguir a vida eterna. (…) Ora, irmãs caríssimas, que coi­sa faremos? Podemos fazer-lhe pou­ca coisa, mas ao me­nos lhe ofere­çamos estas poucas linhas em sinal de gratidão e de reconhecimento para com a Ma­dre nossa e doce Paulina (…) Por que dizemos doce Paulina? Por­que onde está, em geral as coisas vão otimamente. Se ela está em casa, todas se afadigam em seu re­dor, e trabalham e rezam sem tanta melanco­lia. Se está no campo, os trabalhos são logo terminados, e assim podemos ir dizendo de todos os outros ofícios…”

Em 1938 teve início sua via-sa­cra com os sofrimentos causados pela diabetes que contraiu. So­freu am­­putações progressivas no braço direito. A doença levou-a pos­teriormen­te à cegueira completa. A 9 de julho de 1942, com a habitual jaculatória nos lábios: “Se­ja feita a vontade de Deus”, entregou a sua esplendorosa alma ao Pai Eterno. Passou desta vida à Pátria Celeste, deixando “em todos os presentes, a impressão de calma e de uma santa entrada na eternidade”. Sua vida terrena dura­ra 76 anos, 6 meses e 24 dias… Santa Paulina, rogai por nós!

Por Padre Hamilton José Naville, EP

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