Santo Sudário de Turim: farsa ou realidade?
No final do século passado, cientistas descobriram que o Santo Sudário era um verdadeiro mistério: nele estava estampada uma imagem não-pintada, cujas fotografias, embora planas, tinham propriedades tridimensionais.
Hoje, existem respostas para isso?
Redação (11/06/2023 16:31, Gaudium Press) Em Turim, venera-se até os dias de hoje o tecido que, segundo a tradição, envolvera o Sagrado Corpo de Jesus em seu sepultamento É uma peça de linho, fiada à mão, com 4,36m de comprimento e 1,10m de largura.
Mas como ele terá ido parar em Turim, sendo que o Santo Sepulcro fica em Jerusalém?
A hipótese mais razoável é aquela que o reconhece no denominado Mandillon, tecido conservado em Edessa, comprovadamente desde 544, e que, em 944, foi transladado para Constantinopla. Quem o levou para Edessa, é um pouco difícil de saber, mas sua chegada à capital do Império Romano do Oriente está documentada, bem como seu culto pelos peregrinos na suntuosa igreja de Santa Maria de Blanquerna, onde todas as sextas-feiras era exposto à veneração totalmente estendido, como hoje em Turim por ocasião das últimas exibições.[1] Entretanto, com a invasão e o saqueio da cidade pelos cruzados em 1204, perde-se o rastro da relíquia. Mas, nesta ocasião, “um modesto cavaleiro chamado Roberto de Clari alegava ter visto o Sudário”.[2]
Porém, segundo mentalidades racionalistas, a relíquia somente tem provas seguras desde que, em 1353, apareceu na cidade de Lirey, no nordeste da França, em mãos de um certo Godofredo de Charny. Deste lugar até Turim, o percurso está solidamente documentado, inclusive no que se refere aos incêndios e acidentes de toda ordem sofridos pelo Lençol.
Como se percebe, a linha do tempo que une o Sudário de Turim ao tecido que envolvera Nosso Senhor no sepulcro é mais pontilhada do que pareceria à primeira vista; enfim, são os dados mais razoáveis fornecidos pela História. Mas, se o leitor não os julga suficientes, não se preocupe, pois foi a mesma suspeita que levou cientistas a estudarem detidamente o Santo Sudário.
Uma fotografia do Homem-Deus?
Por incrível que pareça, tudo começou com um advogado de Turim, chamado Secondo Pia. Sendo muitíssimo devoto do Sudário, em 1898, ele decidiu utilizar a então “moderna” técnica de fotografia para reproduzir as misteriosas marcas, algumas avermelhadas, outras escuras, presentes no tecido. Qual não foi a sua supresa quando, ao revelar o negativo fotográfico, pôde ver claramente a Face do Redentor.
A olho nu, veem-se nitidamente algumas marcas de sangue e, numa distância entre cerca 2m a 9m, podem-se ver imagens muito apagadas do Corpo de Nosso Senhor. Há séculos os cristãos as veneraram, mas não podiam sequer cogitar que somente com o negativo fotográfico seria possível ter uma visão positiva da Sagrada Face do Homem-Deus.
Estudos científicos a respeito do Lençol de Turim sucederam-se até os dias de hoje, “junto a tentativas canhestras de falsificação”.[3] Um dos mais famosos foi, sem dúvida, o que se deu em 1978. Nele estavam envolvidos 40 cientistas norte-americanos, constituindo o famoso STURP (Shroud of Turin Research Project): o Projeto de Pesquisa sobre o Sudário de Turim, cujo presidente era o Dr. John Jackson. Mas, antes de poderem ter o Sudário em mãos, algumas descobertas foram aumentando a curiosidade dos estudiosos.
Uma imagem não-pintada
Uma das primeiras – e das mais intrigantes – foi a tridimensionalidade da imagem. Geralmente, as fotografias possuem comprimento e largura, mas não profundidade. Pois bem, o Sudário parecia ser uma exceção.
Um dia, foi feito um teste através de um analisador de imagem VP-8. Este equipamento fora muito utilizado em meados da década de 70 para tirar fotografias de vários planetas. Ele possui uma programação especial: interpreta o que é “mais escuro” como mais distante; e o que é mais claro, como mais próximo. Entretanto, somente quando há uma profundidade real – ou seja, quando o que é mais escuro está efetivamente mais distante – é que o VP-8 pode produzir uma imagem tridimensional. Por exemplo, a fisionomia de uma pessoa poderia ser reproduzida tridimensionalmente por ele, mas não uma fotografia do rosto de alguém, por ser plana e bidimensional; neste caso, a imagem sairia contorcida na tela do equipamento.
Então o Dr. John Jackson e o físico Bill Mottern tiveram a ideia de colocar simples fotos do Sudário dentro do VP-8. O insucesso da experiência era patente. Mas – pasme o leitor – quando o fizeram, obtiveram uma imagem tridimensional!
E não foi só isso. À medida que os cientistas processavam as imagens e as analisavam detidamente, notaram que elas possuíam “um ‘largo alcance de frequências espaciais’, as quais eram orientadas de uma forma randômica”.[4] Ou seja: a imagem não possuía “direção”, o que seria impossível caso tivesse sido feita através de pincel ou qualquer outro instrumento de pintura desenvolvido pelo homem, pois “nenhum método de aplicação de qualquer coisa pela mão pode ser sem direção”.[5]
Ademais, grandes químicos, como Ray Rogers, afirmavam que “se o sangue e o corpo tivessem sido criados por um artista, com utilização de qualquer pigmento orgânico – ou mesmo inorgânico em um veículo orgânico, o calor [dos incêndios] teria produzido uma mudança significante de cor em porções nas imagens”.[6] Ora, isto não se verificava em nenhuma fotografia do Sudário.
A relíquia continha, pois, todos os elementos necessários a um paradoxo: uma imagem não-pintada, cujas fotografias, embora planas, tinham propriedades tridimensionais.
Na verdade, não se estava propriamente diante de descobertas, visto que estas experiências não faziam senão suscitar mais interrogações aos cientistas, as quais só poderiam ser resolvidas através de uma análise direta sobre o Lençol de Turim. Após inúmeras dificuldades, os membros do STURP obtiveram licença para tal e, com o tecido nas mãos, recolheram informações ainda mais inacreditáveis… que trataremos em um próximo artigo.
Por Lucas Rezende
[1] Cf. JIMÉNEZ ALEIXANDRE, José Manuel. Introdução. In: CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O Santo Sudário de Turim: Bandeira Magnífica da Ressurreição. Roma: Lumen Sapientiæ, 2020, p. 22.
[2] HELLER, John H. O Sudário de Turim. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985, p.67
[3] JIMÉNEZ ALEIXANDRE, José Manuel. Introdução. In: CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O Santo Sudário de Turim: Bandeira Magnífica da Ressurreição. Roma: Lumen Sapientiæ, 2020, p. 24 (nota de rodapé): “O exemplo mais característico foi a chamada ‘datação pelo Carbono-14’, desprovida das mínimas garantias de isenção, como provado em diferentes estudos sérios”.
[4] HELLER, John H. O Sudário de Turim. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985, p.9
[5] Ibid.
[6] Ibid., p.8
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