Homem e mulher, Deus os criou
A mulher é um dínamo gerador de corrente contínua, e sua força e eficiência são tão grandes que, bem aplicadas, são capazes de mudar a face da terra. Dela dependem a manutenção e o equilíbrio da vida. O problema surge quando, para se firmar, ela se une a correntes de pensamento que visam unicamente enfraquecer o homem por um desejo inadequado de se tornar maior que ele e, finalmente, ocupar o seu lugar.
Redação (17/03/2023 14:22, Gaudium Press) Não sou um teólogo e nem tenho pretensões de sê-lo, mas ouso buscar na Palavra de Deus ensinamentos que possam conduzir minha vida e embasar o meu raciocínio. Assim, começo citando as palavras do Apóstolo João: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1,18). Mais tarde, o mesmo João nos presentearia com as palavras de Nosso Senhor: “E o Pai que me enviou, Ele mesmo testemunhou sobre mim. Jamais ouvistes a sua voz, nem contemplastes a sua face” (Jo 5, 37). E completo com as palavras do Apóstolo Paulo: “O único que é imortal e habita em luz inacessível a quem ninguém viu nem pode ver” (I Tm 6,16).
O que todas essas palavras nos mostram? Que nós não conhecemos a Deus. E o maior erro que cometemos, desvirtuando a Teologia e desafiando o bom senso, é tentar torná-lo semelhante a nós, torná-lo humano. Deus não é humano e esta é uma premissa fundamental para não cairmos em enganos que podem nos perder.
Jesus Cristo não é um espírito de luz
Jesus Cristo é o Filho de Deus, mas Ele também é Deus, dentro do mistério da Santíssima Trindade, que nosso entendimento não é capaz de atingir. No entanto, é necessário entendermos que Ele se fez homem para poder estar no meio de nós, viver como vivemos e compartilhar a nossa comum e difícil vida humana, limitada pelos domínios da morte, a qual Ele também experimentou, e venceu. E só a venceu por ser Deus; fosse Ele apenas humano, como nós, não a teria vencido.
Portanto, é muito importante que se compreenda que Nosso Senhor Jesus Cristo não é um “espírito de luz”, um “ser humano mais evoluído”, como ensinam algumas correntes religiosas. Aproximamo-nos dEle e nos assemelhamos a Ele fazendo a sua vontade; no entanto, jamais seremos iguais a Ele, porque Ele é Deus e nós somos criaturas suas.
Muitas pessoas boas e bem-intencionadas se deixam levar por esse equívoco, mas este não é o tema de nossa conversa hoje. Neste artigo, vamos falar sobre homens e mulheres.
Diz a Bíblia no Livro de Gênesis: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn 1,27). Tentar decifrar esse enigma também pode levar a sérios erros teológicos, como já discutimos aqui, no artigo “Desconstruindo Deus” https://gaudiumpress.org/content/desconstruindo-deus/, que fala sobre a ação da Igreja Anglicana da Inglaterra, que defende o uso da linguagem neutra e pronomes femininos para nos referirmos a Deus, como mudar a oração magna para “Mãe nossa”, em vez de “Pai nosso”.
Como tão bem afirmou São Paulo, se mal interpretada, “a letra mata, mas o Espírito vivifica” (II Cor 3,6). Tentemos analisar essas palavras de forma madura e isenta: se Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, e os criou homem e mulher, isso significa que ambos, homem e mulher, são iguais em importância para Ele.
A eficiência e a força da mulher
Precisamos admitir que, durante séculos, a mulher sofreu limitações e maus-tratos pela simples condição de ser mulher. E sofre ainda hoje, pelo mesmo motivo. Negar isso é ser tolo e não enxergar as coisas que nos cercam.
Precisamos perguntar: o que seria da humanidade sem a mulher? Simplesmente, não seria. A mulher é um dínamo gerador de corrente contínua, e sua força e eficiência são tão grandes que, bem aplicadas, são capazes de mudar a face da terra. Dela dependem a manutenção e o equilíbrio da vida. Que ela descubra cada vez mais a sua força e as suas potencialidades é algo de se admirar e que traz ganhos para todos. O problema surge quando, para se firmar, ela se une a correntes de pensamento que visam unicamente enfraquecer o homem, por um desejo inadequado de se tornar maior que ele e, finalmente, ocupar o seu lugar.
Homens e mulheres são seres complementares, são os dois lados da face de Deus, e foram criados para se unirem, se apoiarem e crescerem juntos e não para lutar e medir forças entre si. Cada qual tem as suas peculiaridades e, por isso, juntos, formam a imagem perfeita da criação.
O Amor esteve entre nós…
Deus poderia ter feito apenas indivíduos machos ou fêmeas, que se autorreproduzissem. Esse era um direito dele, pois Ele é Deus, Ele é o criador e faz o que quer e como quer. No entanto, Ele criou seres duais, que possuem uma reciprocidade entre si. E, dentro dessa reciprocidade, cada um tem o seu papel, as atribuições pertinentes à sua condição de feminino e masculino. É assim com os animais e até com as plantas, por que seria diferente com os seres humanos, que estão no topo da criação?
Como já disse, não sou um teólogo, mas, arrisco com segurança a minha opinião: a razão de tudo ter sido criado assim, em dualidade e de forma complementar, foi para que vivêssemos e desfrutássemos da condição essencial de Deus: o amor. Em toda a criação está presente a força motriz do amor e, no ser humano, ela se aperfeiçoa, porque, com a faculdade do raciocínio, ele não apenas ama, mas pensa e reflete sobre o amor, e o compreende. Como nos mostrou São João, Deus é amor e o Amor esteve entre nós… Seu nome era Jesus e nem todos O reconheceram.
O que faz com que homens e mulheres se afastem e se destruam mutuamente é exatamente a falta de amor. Quando um homem abusa, subjuga, violenta e até mesmo mata uma mulher, é porque lhe falta amor. Da mesma forma, quando uma mulher subestima, diminui, ofende e humilha um homem, é porque lhe falta amor. A nossa compreensão de amor, no entanto, ainda permanece muito limitada e, sendo cada vez mais sufocado pelo egoísmo, o amor se fragiliza cada vez mais.
O que falta a homens e mulheres?
Um homem não maltrata uma mulher porque lhe falta amor àquela mulher nem uma mulher humilha um homem porque lhe falta amor àquele homem, mas ambos agem assim porque lhes falta amor a Deus, amor a si próprios e amor a todos os seres humanos. Como também já discutimos aqui, é mais fácil gostar de cachorro que de gente, https://gaudiumpress.org/content/cachorros-como-resistir/) contudo, estamos aqui para aprendermos a amar a Deus sobre todas as coisas, a nós mesmos e ao próximo como a nós mesmos. É simples, mas tornamos complicado.
Durante séculos, a mulher, por sua condição de fragilidade física, sofreu maus-tratos, impedimentos e limitações e só sobreviveu a isso por ser extremamente forte moral, intelectual e emocionalmente. Talvez os homens, submetidos ao mesmo tratamento, não tivessem sobrevivido, e podem não sobreviver ao que está acontecendo agora, com a tirania feminista contribuindo para a inversão de todos os papéis.
Feliz o homem que tem ao seu lado uma boa mulher, e feliz a mulher que tem ao seu lado um bom homem, e felizes os filhos deste casal. Mas, com o aumento da permissividade e a deterioração dos costumes, por experimentar diferentes mulheres, o homem acabou por enjoar delas e, da mesma forma, por experimentar diferentes homens, a mulher acabou por enjoar deles, e deu no que deu, e vemos o que estamos vendo: homens que não são homens e mulheres que não são mulheres e, na base de todos esses movimentos, um ódio absurdo pelo que é lícito, pelo que é belo, pelo que é natural.
Moldados por uma ideologia
Não vou tratar aqui de questões de identidade de gênero. Atenho-me a falar apenas de homens e mulheres e volto a frisar o quanto admiro a descoberta, pelas mulheres, do seu real tamanho, mas também lamento a violência causada aos homens pela má interpretação dessa descoberta e pela inapropriada inversão de papéis.
Os homens das gerações mais recentes se acostumaram a conviver com mulheres fortes e independentes ou lutando por sua independência. Como a liberdade sexual anda de braços dados com a irresponsabilidade masculina sobre a paternidade, muitos homens foram criados apenas por suas mães, grandes guerreiras que, mesmo abandonadas, não os abortaram. Então, muitos desses homens cresceram, aprendendo apenas os valores femininos e isso criou uma geração confusa.
Na idade adulta, esses homens se unem a mulheres moldadas pelas ideologias feministas, muitas das quais não enfrentaram as dificuldades e nem tiveram a garra de suas predecessoras, mas também não puderam confiar e ter a segurança oferecida por um homem comprometido e provedor. Mulheres que cresceram vendo os homens como inimigos, muitas das quais também foram criadas sem a figura paterna.
O resultado disso é que os homens rapidamente desaprenderam o que é ser homem e as mulheres passaram a desejar ter homens que se parecessem com elas, dos quais enjoam rapidamente, pois homens fracos e submissos são figuras que elas até desejam, mas que não podem respeitar.
A vaidade masculina
Quem é o homem neste imbróglio todo? Qual é, afinal, o seu papel? Os homens acabaram sendo atingidos em sua masculinidade. Hoje, muitos homens são tão vaidosos quanto as mulheres, ou até mais. Porém aquilo que, na mulher, é uma qualidade, um atributo, no homem, pode se tornar uma aberração. Hoje, homens fazem as sobrancelhas, depilam as pernas, passam esmalte nas unhas e, entre os mais jovens, já há os que usam batom e defendam o uso de saias e, repito, não estou falando de questões de identidade de gênero, mas do comportamento de mulheres e homens.
Há homens tão fracos que não conseguem mais defender seus pontos de vista, suas opiniões. Dentro das suas casas, são mero coadjuvantes, já não cumprem o seu papel de cuidar, de dar segurança. Do extremo da subjugação e da violência, passam para o extremo da fragilidade e da infelicidade. Porque um homem não consegue ser feliz assim, tentando ser o que não é, e vivendo um papel que não é o seu. E as mulheres também não são felizes, convivendo com homens assim. É uma queda de braço da qual os dois saem perdedores.
E os subprodutos disso são homens angustiados que se acham no direito de violentar, espancar e matar as suas esposas e namoradas, e homens que não sabem o que fazer e como se portar diante de mulheres que não conseguem compreender e agradar.
Uma geração perdida
Vivemos o tempo de uma geração perdida e presenciamos o surgimento de uma subespécie estéril que, lentamente, domina todas as áreas. E, ironicamente, homens que se transformam em mulheres, aqui falando da identidade de gênero, acabam sendo mais femininos que muitas mulheres, e mulheres que se transformam em homens são mais masculinas que muitos homens que estão por aí.
A verdade é que desaprendemos a ser aquilo que somos, deixando-nos levar por sutis estratégias demoníacas que já contaminaram todas as instâncias da vida. Assim, não percebemos que, deixando de ser aliados e complementares, e tornando-nos adversários, colocamos em risco não apenas a nossa felicidade passageira, mas a sobrevivência de nossa espécie sobre este planeta criado com tanta perfeição por esse Deus maravilhoso que nos fez semelhantes a si e diferentes uns dos outros e, desde o princípio, tanto nos amou. Conseguiremos sair desta enrascada? Só o tempo dirá…
Por Afonso Pessoa
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