Ditadura na Nicarágua condena Bispo Álvarez a 26 anos de prisão
A ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua condenou ontem, 10 de fevereiro, o bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez Lagos, a mais de 26 anos de prisão, acusando-o de “traidor da pátria”.
Redação (11/02/2023 10:03, Gaudium Press) Anteontem, dia 9 de fevereiro, o ditador nicaraguense Daniel Ortega, em declarações públicas, confirmou ter enviado Monsenhor Rolando Álvarez ao Sistema Penitenciário Jorge Navarro, mais conhecido como “La Modelo”, porque “ele é um homem comum”.
Ortega disse que, na lista dos “228 presos políticos” que estavam sendo enviados aos Estados Unidos, constava “o número 92, Rolando José Álvarez Lagos, mas não ele não foi”. O ditador afirmou que enquanto o prelado estava na fila para embarcar no avião que o levaria a Washington “começou a dizer que não iria, porque primeiro tinha que falar com os bispos e exigiu uma reunião com os bispos, quando esta é uma decisão do Estado da Nicarágua que ele não pode questionar”.
“Não sei o que esse senhor pensa, ele pediu uma reunião. Agora está na prisão La Modelo (…) o hábito não faz o monge (…) comportamento arrogante de quem se considera um líder da igreja (…) ele está transtornado (…) agora que chegou à prisão La Modelo é um energúmeno”, continuou o ditador.
Ortega tentou jogar o Bispo de Matagalpa contra o Cardeal Arcebispo de Manágua: “Ele não aguentou ficar nas celas onde há vários presos (…) ah mas como estava em casa, todos os dias, as irmãs vinham cozinhar para ele, ele morava em uma mansão. Não morava numa casinha como o Cardeal Brenes, mora numa mansão e é lá que vive a sua família, cada família tem uma mansão. Ele fica irritado com tudo, agora está preso”.
Antes, Ortega havia acusado Monsenhor Álvarez de querer ocupar o cargo de Papa e de não seguir o exemplo de Cristo, comparando implicitamente Ortega com aqueles que decretaram a paixão de Jesus.
O Bispo de Matagalpa exibiu “um comportamento arrogante de quem já se considera o chefe da Igreja (Católica) Nicaraguense, o líder da Igreja latino-americana e que deveria até ter pensado em ocupar o cargo de Sua Santidade, o Papa. Ele veio para La Modelo porque era um energúmeno. Ele não tem a coragem de Cristo que aguentou as chicotadas e suportou a crucificação”, enfatizou o ditador.
Condenado a mais de 26 anos de prisão
Após se recusar a ser exilado, Dom Álvarez foi condenado no dia seguinte, em um julgamento antecipado, pela justiça da Nicarágua que o privou totalmente de sua liberdade: “a perda dos direitos de cidadão do condenado, que será perpétuo e inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos em nome ou a serviço do Estado da Nicarágua”. Ele foi também multado em 1.600 dólares.
A sentença lida pelo presidente da Câmara Criminal Um do Tribunal de Justiça, Octavio Rothschuh declara: “O réu Rolando José Álvarez Lagos é considerado um traidor da Pátria”.
O tribunal condenou Álvarez a 15 anos de prisão por atentar contra a integridade nacional, cinco anos por espalhar notícias falsas por meio de tecnologias de informação e comunicação, cinco anos e quatro meses por obstrução de funções, desobediência agravada e um ano por desacato à autoridade. Todos os crimes foram cometidos concomitantemente e em detrimento da sociedade e do Estado da República da Nicarágua, segundo o tribunal de Ortega.
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