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Em obra póstuma, Ratzinger adverte contra a protestantização da Eucaristia

Foram publicados textos de “Che cos’è il cristianesimo – Quasi un testamento spirituale”, obra póstuma do Papa alemão.

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Redação (10/02/2023 14:23, Gaudium Press) Hannah Brockhaus da CNA refere-se às palavras de Bento XVI – em um ensaio escrito em 2018, mas publicado após sua morte – sobre a extensão dentro da Igreja de uma concepção protestante da missa, e também de um certo “processo de grande impacto” que é o “desaparecimento quase completo do Sacramento da Penitência”.

Este ensaio está incluído na obra póstuma de Ratzinger “Che cos’è il cristianesimo – Quasi un testamento spirituale” (O que é o cristianismo – Quase um testamento espiritual), editada pela prestigiosa editora Mondadori, que consiste em quinze escritos de Bento após sua renúncia, em 2013, quatro dos quais são inéditos.

Um capítulo sobre a Comunhão Eucarística

As expressões de Ratzinger analisadas acima estão incluídas no capítulo “O Sentido da Comunhão”, de 17 páginas.

Sobre o primeiro assunto, o Papa Ratzinger fala do fato de que a Comunhão é entendida em muitos meios católicos como uma mera “ceia” e “em uma tal avançada situação de protestantização da compreensão da Eucaristia que a intercomunhão parece natural”.

A intercomunhão é oferecer o sacramento eucarístico a pessoas que não compartilham a fé católica. Ratzinger escreveu este ensaio justamente quando de dentro da agora questionada Igreja alemã, e entre ela e Roma, havia uma discussão acalorada sobre dar ou não a comunhão a cônjuges protestantes de católicos, segundo Sandro Magister em L’Espresso, que foi autorizado por Mondadori a publicar a primeira parte deste ensaio.

Neste capítulo referente à Comunhão Eucarística, o Papa Ratzinger faz um apanhado histórico daquilo que foi um impulso entre cristãos evangélicos e católicos, na época da Segunda Guerra e depois da guerra, “a favor da comunhão eucarística comum entre as confissões”. Um “desejo de um único Corpo do Senhor”, que, no início, tinha um sincero e “forte fundamento religioso”, mas que hoje “é determinado mais pelas forças políticas e sociais do que pela busca interior do Senhor”.

Ratzinger exemplifica quando, logo após a reunificação alemã e a queda do Muro de Berlim, um ato eucarístico, o beber do cálice, foi usado “como um ato essencialmente político no qual se manifestou a unidade de todos os alemães”.

“Refletindo sobre isso, ainda hoje sinto muito fortemente o afastamento da fé que veio disso. E quando os presidentes da República Federal da Alemanha, que ao mesmo tempo eram presidentes dos sínodos de sua Igreja, clamaram em voz alta pela Comunhão Eucarística interconfessional, vejo como a exigência por um pão e cálice comuns pode servir a outros propósitos”, sublinha o Papa alemão.

Bento aponta também para uma certa exegese protestante, que queria dizer que as refeições que Jesus fazia com os pecadores preparam o caminho para a Última Ceia, onde foi instituída a Eucaristia Católica. No entanto, referindo-se a essa opinião, Ratzinger afirmou que “[isso] não é assim”.

“O oferecimento do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo não tem relação direta com o ato de comer com os pecadores”, explica o Papa emérito, acrescentando que “Jesus celebrou a Páscoa com sua família, isto é, com os apóstolos, que tinham se tornado sua nova família”. “Os cristãos continuaram esta tradição. Eles são a sua ‘chaburah’, a sua família, que formou a partir da sua companhia de peregrinos que percorrem com ele o caminho do Evangelho pela terra da história”.

A Eucaristia para a comunidade dos crentes

“A celebração da Eucaristia na Igreja antiga esteve, desde o início, ligada à comunidade dos crentes e, assim, com condições estritas de acesso”, afirma o Papa Ratzinger.

Enquanto nas denominações protestantes a celebração é chamada de “ceia”, na Igreja Católica, é chamada de Eucaristia, que não é uma mera “distinção linguística”. “Na distinção das denominações, ao contrário, manifesta-se uma profunda diferença ligada à compreensão do próprio sacramento”.

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