O que disse Dom Raymundo Damasceno sobre a visita de Bento XVI ao Brasil
Nunca vi Bento XVI, como papa e nem como cardeal, estar olhando o relógio para perceber quando estava terminando a reunião”, pontuou o arcebispo brasileiro.
Redação (12/01/2023 13:50, Gaudium Press) Em 2007, quando Bento XVI visitou o Brasil, na primeira viagem intercontinental do seu Pontificado, ele foi recebido por dom Raymundo Damasceno, para a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano em Aparecida, SP, ocorrida entre 09 e 14 de maio daquele ano. Em Roma por ocasião dos funerais do pontífice, o Arcebispo emérito de Aparecida, SP, relembrou este acontecimento.
Ao se despedir de Bento XVI, Dom Raymundo Damasceno Assis, teve muito o que relembrar da convivência com o pastor de almas que nos deixou no dia 31 de dezembro de 2022. “Quem conviveu mais de perto com o Papa Bento XVI, percebia nele um homem muito competente e muito sábio do ponto de vista teológico, pastoral. Sempre muito disposto à escuta. Como ele mesmo disse quando assumiu a Congregação para a Doutrina da Fé: ‘Estou aqui para escutar a Igreja, estou aqui para escutar meus assessores, estou aqui para escutar a palavra de Deus”.
Dom Raymundo afirma que não se recorda apenas do Papa emérito Bento XVI, mas também do Cardeal Joseph Ratzinger, antes de ele assumir o Pontificado: “Ficávamos impressionados, porque o Ratzinger sempre esclarecia tudo, explicava, atendia às perguntas, ouvia, e a gente saía feliz e contente porque realmente era uma visita frutuosa”.
Explicou que os problemas e as questões levados até ele eram todos respondidos dentro da sua agenda, com muita paciência, tranquilidade e sem nenhuma pressa. “Nunca vi Bento XVI, como papa e nem como cardeal, estar olhando o relógio para perceber quando estava terminando a reunião”, frisou.
Brasil: primeira viagem intercontinental de Bento XVI
Um dos encontros marcantes entre os dois religiosos, ocorreu em maio de 2007, quando o então Papa Bento XVI visitou o Brasil. Foi a primeira viagem intercontinental do seu Pontificado, e ele foi recebido por dom Raymundo Damasceno para a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (CELAM), ocorrida em Aparecida, SP.
Dom Raymundo explicou que, “acolhido na Conferência com bastante afeto por peregrinos e participantes, Bento XVI deixou um legado importante ao povo brasileiro”. Foi durante essa viagem que Bento XVI canonizou Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil.
“O Papa Bento XVI estava sempre disposto a escutar, a ouvir, e assim foi assim em Aparecida, com aquela tranquilidade dele no Seminário.”
Bento XVI na Fazenda da Esperança (Foto: Arquivo)
Dom Raymundo contou da visita do Papa à Fazenda da Esperança, e destacou que a imagem dele abraçando as crianças do lugar percorreu o mundo.
Lembrou também do terço rezado em Aparecida, na véspera da abertura da V Conferência; da celebração eucarística, no dia 13 de maio, e do discurso tocante que ele fez ao abrir a Conferência, no subsolo do santuário.
“Um discurso que realmente imprimiu uma orientação na reflexão da V Conferência, que resultou, evidentemente, no trabalho dos bispos na escrita do “Documento de Aparecida”, o qual o Papa Francisco tomou como base para elaborar a sua Encíclica Evangelii Gaudium”, lembrou Dom Raymundo Damasceno.
Reconhecimento e gratidão
Dom Damasceno frisou que viu partir um amigo, um irmão e um pai, no qual, diante de todas as fases e cargos ocupados em que pôde acompanhá-lo, sempre enxergou a figura de um homem organizado, disciplinado, trabalhador, simples, humilde e bondoso. Falou do seu amor a Bento XVI, da admiração pelos seus passos enquanto professor, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e, em seguida, papa, e do seu dever moral de presenciar os funerais daquele que visitou a sua Arquidiocese em 2007 e esteve com ele em tantos momentos.
“Eu presenciei, participei dos funerais, e vi uma grande expressão do afeto dos cardeais a Bento XVI. Uma expressão de pesar, de solidariedade, mas, ao mesmo tempo, também de reconhecimento e de gratidão a Deus pelo que representou o seu Pontificado para a Igreja em todo o mundo”
Dom Raymundo deixou claro que, enquanto, para muitos, a morte do papa emérito pode parecer ‘o fim de uma era’, ele “mantém acesa a expectativa de que seja apenas o início de uma intensa evangelização a partir dos frutos de Bento XVI.”
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