2022-2023: visão retrospectiva que nos pede três atitudes
Qual é a solução que dará 2023 para a equação cheia de incógnitas que os fatos de 2022 escreveram?
Redação (20:38:17, Gaudium Press). É inevitável: termina o ano e todos fazem, explicitamente ou não, a retrospectiva dos doze meses que passaram e a perspectiva dos próximos doze.
E não seremos nós a fugir do inevitável. Que fatos do ano moribundo serão lidos nos futuros manuais de História? Quais deles giraram o timão dos acontecimentos? E do ano nascente, que devemos esperar, que devemos temer, pelo que devemos lutar?
Eis as perguntas que nos impõe o inevitável…
Covid-19 e Guerra
A pandemia durava dois anos, quando começava a raiar 2022 com promessas de cura. Promessas que faziam a humanidade respirar desde já o ar da segurança, saturada como estava dos receios, dos cuidados e dos confinamentos.
No entanto, o terror não se deixou destronar: começaram os rumores de guerra… A Rússia, achando escasso seu espaço territorial, exigia da Ucrânia que cedesse duas regiões de população com certa predominância (ao menos em tese) filo-russa. Ante a recusa, as bombas entraram em cena.
Dir-se-ia que todos os ódios arrefecidos ao longo da Guerra Fria ressuscitavam, armados, de suas cinzas mais veementes. E as sanções, ameaças e discursos bélicos começaram a fazer ouvir… com o seguinte pormenor de mau agouro: a respeito de uma invasão ocorrida no leste da Europa. Essa região parece até um botão vermelho (de acionamento) para o início de Guerras Mundiais.
A drástica diferença do presente com os conflitos passados é só uma: 1913 prometia a 1914 uma guerra entre monarcas, 1938 a 1939 um embate entre repúblicas, 2022 a 2023 uma luta entre potências atômicas.
Crise moral
“O fruto da justiça será a paz”. (Is 32,17) E a guerra será fruto do quê? Se respondermos que da injustiça, talvez encontremos a explicação do belicismo ressurgido nas velhas e pacifistas nações europeias.
De fato, fomos espectadores neste ano de um aumento da magnitude, empáfia e ambição do desregramento moral. De uma imoralidade que reclama o pleno direito de cidadania na sociedade.
Não bastasse tudo isso, desapareceu das vistas da humanidade um dos maiores símbolos da moralidade, da ordem e da nobreza, visto que o mundo, calado, contemplou o magnífico cortejo fúnebre que se desenrolou em meio às pombas da monarquia inglesa: das sacadas de Buckingham, a paradigmática Rainha Elizabeth II nunca mais acenaria.
Estava encerrada uma linda página da história inglesa.
O lugar santo
Mudança enorme em 2022 foi também a da reabertura das portas das igrejas nas quais não se celebraram publicamente duas Páscoas. Quanta alegria nos rostos dos que voltaram. Mas quanta desilusão ante o estado de ânimo de quantos fiéis: os fervorosos que não se vigiaram, diminuíram em seu fervor; os solícitos que se desleixaram, se tornaram mornos; estes, esfriados em sua pouca fé, não voltaram às igrejas.
Mas cabe notar que esse esfriamento não é moeda corrente somente entre os fiéis, pois os escândalos morais daqueles que deviam ser o resplendor da pureza se multiplicaram, tentando macular a verdadeira face da Igreja, de um lado; e, sacudindo a fé daqueles mesmos fiéis abalados pela pandemia, de outro lado.
Perante o apagar daquilo que sempre foi o farol do mundo, os fiéis perderam o rumo. Desnorteados, ficam ameaçados de, no ano que começa, naufragarem por não encontrarem o porto.
Três atitudes para 2023
Qual é, pois, a solução de 2023 para toda esta equação cheia de incógnitas (e cujo resultado aparenta ser negativo) que os fatos de 2022 escreveram?
Se escavarmos bem, encontramos a fonte do problema: o esquecimento de Deus, ou talvez, o ódio a Ele. Com efeito, se no trono dos acontecimentos está a guerra, é porque se destronou o Príncipe da Paz, Nosso Senhor Jesus Cristo; se pompeia a imoralidade, deve-se ao desrespeito para com Aquele que é a Pureza, o Filho da Virgem; se nos surpreendemos pela situação da Igreja, não procuremos a causa senão no esquecimento de seu Fundador e Esposo Divino.
Esse é o problema. E qual a solução? Tão simples quanto o oposto: buscar o Reino de Deus e sua justiça.
Para os verdadeiros cristãos, esta missão constará em 2023 de três pontos: a ORAÇÃO, a VIGILÂNCIA e o ÂNIMO.
A oração: é o conselho repetido em todas as aparições de Fátima por Nossa Senhora: “Rezai o terço todos os dias e tereis a paz”. A vigilância: “Tende cuidado: que os vossos corações não se tornem pesados com a devassidão, a embriaguez e as preocupações da vida, e que esse dia não caia sobra vós subitamente” (Lc 21, 34). O ânimo: pois a vitória de Deus e da Igreja é certa.
Coloquemos estes três pontos em prática e, decerto, as páginas do ano vindouro serão escritas com mais beleza dos que as que preencheram as linhas tortas desse ano de 2022.
Por Ângelo Francisco
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