Acadêmicos chineses realizam seminário sobre o primeiro Delegado Apostólico na China
Cem anos após a chegada em Pequim como primeiro Delegado Apostólico na China, a atualidade do cardeal Celso Costantini está sendo redescoberta e valorizada, também pelo mundo acadêmico chinês.
Redação (28/12/2022 11:09, Gaudium Press) Na última sexta-feira, 23 de dezembro, foi promovido um Seminário sobre o Cardeal Costantini pelo Departamento de História da Universidade Normal da China Oriental (East China Normal University, ECNU), fundada em 1951, em Xangai.
O Seminário, que pôde ser acompanhado pela plataforma Voov Meeting e foi organizado pelo Centro Multimídia do Departamento Universitário, teve como momento relevante um colóquio acadêmico entre o Dr. Xie Sijie, docente do Departamento de História da Universidade Sun Yat-sen, e o Dr. Liu Guopeng, Pesquisador do Instituto de Estudos das Religiões Mundiais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, o mais importante da China, dedicado ao estudo das religiões. Dr. Liu Guopeng também é vice-diretor do Centro de Estudos Cristãos da Academia Chinesa de Ciências Sociais e autor de um volume, recentemente publicado, sobre o tema do Seminário, que aprofundou a figura do Cardeal Celso Costantini.
O colóquio entre os dois estudiosos, moderado pelo Prof. Zhang Yue, acadêmico da Universidade chinesa, versou sobre os acontecimentos daquele importante período da história chinesa, de modo particular, sobre o papel profético desempenhado pelo primeiro Delegado Apostólico, cardeal Celso Costantini. O prelado favoreceu o florescimento de uma Igreja na China, que pudesse desempenhar sua missão apostólica, sem ser influenciada pelos poderes externos.
Chegada à China
Celso Costantini, então bispo de Hierápolis, na Frígia (1876-1958), foi enviado à China pelo Papa Pio XI como primeiro Delegado Apostólico, chegando a Pequim em 29 de dezembro de 1922. Sua missão foi mantida em segredo por temor do boicote das potências europeias.
“Diante especialmente dos chineses – escreverá mais tarde o cardeal em suas memórias, recordando sua chegada a Pequim – achei oportuno não acreditar de forma alguma na suspeita de que a religião católica apareça como que colocada sob tutela e, pior ainda, como instrumento político a serviço das nações europeias. Desde os meus primeiros atos, quis reivindicar minha liberdade de ação no campo dos interesses religiosos, recusando-me a ser acompanhado às autoridades civis locais por representantes de nações estrangeiras. Eu teria fingido estar na China subordinado a esses representantes”.
Papel profético
Cem anos após a chegada do cardeal Celso Costantini à China, no vídeo realizado por Teresa Tseng Kuang, padre Bruno Fabio Pighin, docente da Faculdade de Direito Canônico de São Pio X, em Veneza, e Delegado Episcopal para a Causa de Beatificação do cardeal Celso Costantini, delineia o papel profético assumido pela figura do primeiro Delegado Apostólico na China, nos acontecimentos do catolicismo no país.
Nos anos que passou na China como Delegado Apostólico (1922 a 1933), o cardeal Costantini conseguiu organizar o primeiro Concílio Nacional da Igreja Católica na China, em Xangai, em 1924, e dar início ao processo de “descolonização” eclesial, combatendo os obstinados resquícios do Protetorado e todas as formas que continuavam a impor traços europeus à presença católica no Extremo Oriente, acabando por apresentá-la como correlato religioso da expansão ocidental naquelas terras.
Graças também ao empenho de Costantini, em 28 de outubro de 1926, os primeiros seis bispos chineses ordenados na era moderna foram consagrados pelo Papa Pio XI na Basílica de São Pedro no Vaticano.
Em 1935, o cardeal Celso Costantini retornou à Itália onde, como arcebispo, tornou-se secretário da Congregação de Propaganda Fide, cargo que ocupou até 1953, quando foi criado cardeal por Pio XII.
O Departamento de História da Universidade Normal da China Oriental (ECNU), onde ocorreu o importante ato acadêmico sobre a figura do cardeal Celso Costantini, colabora com prestigiosas Universidades e Institutos de Pesquisa, nacionais e internacionais, entre as quais as de Florença, Harvard e Cambridge.
Com informações Vatican News.
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