Cardeal Damasceno destaca beleza como forma de sentir a presença de Deus
O Arcebispo Emérito de Aparecida presidiu uma Santa Missa na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, localizada na Serra da Cantareira (SP).
São Paulo – Caieiras (23/12/2022 12:15, Gaudium Press) O Arcebispo Emérito de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, presidiu uma Santa Missa na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, localizada na Serra da Cantareira em São Paulo, na qual deixou uma mensagem de Natal para a Associação de Fiéis Arautos do Evangelho.
Durante sua homilia, o purpurado recordou que estamos no Tempo do Advento, que é marcado pela espera da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo sob uma dupla perspectiva: “comemorando sua primeira vinda na singeleza de uma criança e vivendo a expectativa de sua segunda vinda no fim dos tempos”. Neste período, “somos chamados, a viver e deixar realizar em nós o Mistério da Encarnação”.
O Mistério da Encarnação ilumina toda vida humana
Tratando sobre o Mistério Pascal, o Cardeal explicou que “esse Mistério ilumina toda a vida humana em todas as suas dimensões e perspectivas e leva à plena realização o Mistério celebrado no Natal, a Encarnação”.
Em seguida, recordou as palavras do Papa Francisco na Carta Apostólica ‘Desiderio Desideravi’, no qual o Pontífice trata, entre outros temas, sobre o Mistério da Encarnação, enaltecendo o modo pelo qual Deus realizou seu profundo desejo de reestabelecer comunhão com toda a humanidade. “A encarnação para além de ser o único acontecimento novo que a história conhece, é também o método que a Santíssima Trindade escolheu para nos abrir a via da comunhão. A fé cristã ou é encontro com Ele vivo, ou não é” (DD 10).
A beleza como forma de fazer sentir a presença de Deus entre nós
Dom Damasceno ressaltou ainda que o Santo Padre nos oferece em seus escritos inspiradoras reflexões nas quais a beleza é destacada “como meio de fazer e sentir a presença real de Deus entre nós”. Frisando “o empenho dos Arautos do Evangelho em zelar pela beleza na formação humana e espiritual, na liturgia e na vida do dia a dia”, o Arcebispo emérito assegurou que “a beleza nos aproxima de Deus e torna viva a Sua presença suave entre nós”.
Citando um trecho do livro Herrlichkeit (Glória), escrito pelo teólogo Hans Urs von Balthasar, o Cardeal explicou que “a beleza é a última palavra que o intelecto pensante pode atrever-se a pronunciar, porque esta não faz outra coisa a não ser coroar, como auréola de esplendor inapreensível, a estrela dupla da verdade e do bem e sua relação indissolúvel. Esta é a beleza altruísta, sem a qual o velho mundo era incapaz de ser compreendido, mas que deixou, na ponta dos pés, o moderno mundo dos interesses, abandonando-o à sua cobiça e tristeza”.
“Esta é a beleza que já não é amada ou mesmo guardada pela religião, mas, como máscara arrancada de seu rosto, revela traços que ameaçam ser incompreensíveis para os homens. Esta é a beleza em que já não ousamos acreditar e que transformamos em aparência para que possamos nos libertar dela sem remorsos. Esta é a beleza, enfim, que requer (como é demonstrado hoje), pelo menos coragem e força de decisão da verdade e da bondade, e que não se deixa reduzir ao ostracismo e separar dessas suas duas irmãs sem arrastá-las consigo em uma misteriosa vingança” (Gloria. Una estetica teologica, Jaca Book, Milano 1994 [rist II.], pp. 10-11).
O Senhor desejou comer esta Ceia Eucarística conosco
Explicando a afirmação de que Nosso Senhor quis comer esta Ceia Eucarística conosco, Dom Damasceno citou o Papa Francisco que diz que “esse seu desejo infinito de estabelecer comunhão conosco não pode ser saciado até que cada homem, de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5,9) tenha comido do seu Corpo e bebido do seu Sangue: por essa razão, aquela mesma Ceia se fará presente, até o seu retorno, na Celebração da Eucaristia” (DD 4).
Portanto, todo aquele que se propõe a ser um Arauto do Evangelho deve contribuir para que esse desejo infinito do Senhor se realize em cada coração humano, em cada parte do mundo, fazendo presente a beleza de Deus existente no amor e na unidade.
Segundo ele, a Santíssima Trindade também deseja que participemos de sua vida, para que, desta forma, se possa anular o abismo intransponível imposto pelo pecado de nossos primeiros pais e que nos distanciou de Deus. “O amor de Deus se revelou e continua a se revelar a nós a ponto de se encarnar entre nós, na primeira vinda, e precisa, ainda, se encarnar em cada um de nós no dia a dia pela beleza do amor”, afirmou.
Deus e os seres humanos tocam-se através do Mistério da Encarnação
Por fim, o Cardeal Damasceno assegurou que através do Mistério da Encarnação, Deus e os seres humanos tocam-se tão profundamente e de tal forma que nada mais poderá separá-los. Deus vem, assim, até nós para que possamos ter acesso a essa fonte de salvação.
E concluiu citando o Papa Francisco que diz no documento Desiderio Desideravi que “por meio da Encarnação, de forma concreta, Deus manifesta Seu amor por nós. É a maneira pela qual Ele sacia sua sede por nós, declarada na cruz (Jo 19,28)”. (EPC)
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