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O privilégio da Imaculada Conceição

“Nada há igual a Maria! Nada fora de Deus”. Convinha que tão venerável Mãe resplandecesse em santidade e alcançasse o mais completo triunfo sobre a antiga serpente.

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Redação (08/12/2022 09:33, Gaudium Press) Quis a Santíssima Trindade aplicar a Maria do modo mais glorioso os méritos da Paixão de Cristo, antes mesmo que esta se realizasse no tempo. “Assim Ela, sempre absolutamente livre de qualquer mancha do pecado, toda bela e perfeita, possui tal plenitude de inocência e de santidade, que, depois da de Deus, não é possível pensar numa maior, e de quem, excetuando Deus, nenhuma mente consegue compreender a profundidade”[1].

Em Maria a natureza humana readquiriu a beleza ideal que havia perdido ao saírem nossos primeiros pais do Paraíso, punidos pela mão justíssima de Deus; n’Ela refulgiu, deslumbrante e ainda mais graciosa, a grandeza sobrenatural que constituía a glória de Eva antes do pecado.

Pela Imaculada Conceição, os lindos dias do Éden voltavam à terra de exílio, fazendo dela o mais Convinha que tão venerável Mãe formoso jardim.

Os bons teólogos são unânimes em admitir que a graça concedida a Maria no próprio ato de sua concepção alcançou extraordinária magnitude precisamente porque extraordinário foi o amor que Deus, desde o princípio, tributou Àquela que deveria constituir o arquétipo da humanidade junto com Cristo.

E ninguém ousa negar que nessa ocasião a Trindade Lhe conferiu todo o cabedal das virtudes infusas e dons do Espírito Santo numa medida à altura da graça que A ornava. Dir-se-ia que, depois de Jesus, receber mais seria impossível.

Por isso predomina entre os mariólogos o sentimento de que, já no primeiro instante de sua existência, a Santíssima Virgem gozou do uso da razão, formando de Deus um elevado conceito, e conheceu com clareza o dom que Lhe era outorgado. São Lucas não nos relata em seu Evangelho que o pequeno João Batista exultou de alegria no ventre materno ao ser santificado pela voz de Maria (cf. Lc 1, 41-44)? Tratava-se certamente de um ato consciente. Por que então duvidar que o Todo-Poderoso tenha favorecido de maneira ainda mais eminente sua Mãe?[2]

Sois toda bela e sem mancha

“Maria foi preservada do pecado original. Como imaginar, pois, que tenham podido germinar em sua alma os espinheiros, as plantas vis e maléficas que enxovalham nossas almas?

A honra de Deus, com quem devia Ela ter tão íntimo relacionamento, exigia que Ela fosse isenta da mancha do pecado de desobediência dos nossos primeiros pais; assim, poderia Ele permitir que Ela Se tornasse culpada por um ato de sua própria vontade?

Os Anjos imaculados não podiam reconhecer como sua Rainha uma criatura decaída por força de uma lei fatal; muito menos, portanto, uma criatura que se tivesse desonrado por sua livre vontade.

Ademais, donde nasceria o pecado numa alma na qual as paixões submissas sujeitavam-se docilmente ao império da razão, na qual a graça previdente preparava sem descanso a morada da Sabedoria Eterna?

Não, nada de faltas, por mais leves que pudessem ser! É necessário que o oráculo tenha absoluta razão, que a Bem-amada de Deus seja toda bela e sem mancha: “Tota pulchra es amica mea et macula non est in te – Sois toda formosa, Amiga minha, e em Ti não há pecado” (Ct 4, 7-8).

Vede até onde vai a delicadeza do divino Guardião. A inocente Virgem poderá tornar-Se suspeita de um crime quando se realizar o prodígio de sua Maternidade. Convém evitar que a fraqueza humana, enganada pelas aparências, perturbe com injustas acusações a paz do abençoado lugar que a força do Altíssimo cobrirá com sua sombra e o Espírito Santo fecundará (cf. Lc 1, 35).

Castas núpcias envolverão com um véu protetor este mistério. Pela honra de sua Mãe, o Verbo Encarnado consentirá em ser chamado de filho do carpinteiro José; e o povo cristão aprenderá da Virgem e de seu esposo que o puro amor, a união dos corações, o mútuo devotamento, a emulação das virtudes dão ao casamento sua verdadeira dignidade, melhor do que a pode dar a vulgar confluência das paixões e dos sentidos”.[3]


[1] Cf. PIO IX. Ineffabilis Deus, n.2.

[2] Mons. João Clá Dias. Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens. Parte II.

[3] Pe. Jacques-Marie-Louis Monsabré, OP

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