Gaudium news > Todos os Santos, “Halloween vs. Holywins” e Comemoração dos Fiéis Defuntos

Todos os Santos, “Halloween vs. Holywins” e Comemoração dos Fiéis Defuntos

Rezemos por nossos defuntos, façamos também pelas almas do purgatório que estejam mais abandonadas e pelas quais ninguém reza.

Todos os Santos Halloween vs. Holywins e Comemoracao dos Fieis Defuntos

Foto: Pixabay/Albrecht Fietz.

Redação (31/10/2024 14:19, Gaudium Press) No dia 1º de novembro, viveremos a solenidade de Todos os Santos e no dia seguinte a Comemoração dos Fiéis Defuntos. Ambos momentos sofreram a penetração do costume anglo-saxão de celebrar, na noite do dia 31 deste mês, Halloween -“All hallow’s eve”, que significa: “Véspera de Todos os Santos”. Véspera, como veremos, não muito “santa”.

Noite de bruxas, fantasmas, terror, refletindo antigo costume pagão, que tira o sentido religioso de tão especiais circunstâncias. Introdução por trás dele, escondida, a ação preternatural do demônio.

História e origem do Halloween

Esta pseudo celebração dos antigos Celtas, que eram povoadores da Europa Central e Ocidental pelo século VI a.C., que praticavam rituais obscuros, adoravam a natureza, que lhe atribuíam qualidades sobrenaturais e exerciam a prática de sacrifícios. Não todos os celtas, ao receber a religião cristã, tiveram uma autêntica conversão, conservaram costumes, mantendo superstições. Entre elas a adoração ao “senhor da morte” ou “Samhain”, invocado para pedir prosperidade, saúde, saber do futuro. Influência que degenerou em uma celebração que mantêm a festa da morte. Os sacerdotes celtas, os “druidas”, de grande influência, eram feiticeiros, magos, videntes. O festival ao deus da morte se realizava no dia 31 de outubro, com sacrifícios de animais e, em ocasiões especiais, de humanos, para poder adivinhar o futuro. Tenebroso, como podemos ver, é a origem do Halloween.

Imigrantes irlandeses foram os que introduziram o grotesco costume nos Estados Unidos, hoje em grande dia festivo não religioso. Difundido em alguns países da América espanhola, no México chega a realizar-se um mega desfile dos mortos, com altares e comidas típicas, dia dos fiéis defuntos.

‘Aniversário’ de Satanás

Não podia deixar de estar presente o consumismo, e não poucos colégios obrigam a celebrá-lo incentivando crianças a irem de casa em casa cantando rimas, fantasiadas de diabos, mortos, monstros e vampiros dizendo “Trick or treat” (Travessuras ou gostosuras). Hollywood contribuiu muito para sua difusão, através de filmes, com violência e assassinatos, e promovendo o negócio da venda de fantasias, máscaras, maquiagens, doces, etc.

Anton LaVey, fundador da primeira igreja satânica nos EUA, disse que uma das festas mais importantes para eles é o dia 31 de outubro. Noite por excelência para o oculto, para os bruxos, o qualificam como o ‘aniversário’ de Satanás.

Como vemos, é uma festa que surge banhada de algo tenebroso, e como algo que não exalta a Deus. Dias antes se reportam em partes do mundo o desaparecimento de crianças, também gatos que são mortos nos rituais. Festa na qual, podemos dizer, se abrem as portas para a entrada do demônio.

Holywins: a santidade vence

Em sentido oposto, na Diocese de Alcalá de Henares, da Espanha -assim como em numerosos lugares- se incentiva as crianças a se vestirem de Santos, recordando suas vidas através de testemunhos e canções. É o que chamam de ‘Holywins’, jogo de palavras que significa “a santidade vence”. No dizer do comunicado da Diocese: “se pretende ajudar a festa cristã de Todos os Santos, diante do eclipse cada vez maior que está sofrendo pela potente implantação da festa pagã do Halloween”. Singular controvérsia que nos mostra o entrechoque, cada vez mais intenso, entre o Bem e o mal.

Voltemos agora nossos olhares até ‘Todos os Santos’ e nossos ‘Fiéis Defuntos’. O culto a todos os Santos abarca o culto a todas as almas que estão no Céu, mesmo as que não estão canonizadas, rezando à elas para pedir proteção, logicamente as que tenham uma relação mais especial conosco. É a oportunidade de nos encomendarmos a elas neste dia. Recordamos também aos Patriarcas, que foram semente; aos Profetas que rasgaram inspirados o véu misterioso do porvir; as Almas Inocentes, que aumentam o coro dos anjos; aos Apóstolos que lançaram os fundamentos da Santa Igreja; aos Mártires, que ganharam a palma derramando seu sangue; aos Monges que combateram em claustros silenciosos; aos Doutores cujas plumas chegaram ricos tesouros do saber; aos Soldados do Exército de Cristo; a todos os Santos e Santas. Que quantidade maravilhosa de intercessores aos quais poderemos pedir na solenidade de Todos os Santos!

Dia dos Fiéis Defuntos

No dia seguinte a Igreja comemora os Fiéis Defuntos, as Santas Almas do Purgatório, aqueles que, tendo falecido em estado de graça, tem que cumprir a pena temporal, esta purificação final que é completamente distinta do castigo dos condenados. Terrível sofrimento, com a esperança do Céu. “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, sofrem depois de sua morte uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu” (Catecismo da Igreja, 1030).

Neste dia, estas almas se beneficiam com as Santas Missas que se celebram em todo lugar, especialmente nos cemitérios, e por nossas orações. Conta Santo Agostinho que a única coisa que sua mãe, Santa Mônica, lhe pediu antes de morrer foi: “Não se esqueça de oferecer orações por minha alma”. Que agrado da parte de nossos defuntos, falecidos em graça de Deus, de receber nossas orações! Chegando ao Céu, intercederão por nós.

Rezar pelas almas do purgatório

“Se reduzirmos o homem exclusivamente à sua dimensão horizontal -nos dizia o Papa Emérito Bento XVI-, à qual se pode perceber empiricamente, a própria vida perde seu sentido profundo. O homem necessita da eternidade, e qualquer outra esperança para ele é demasiadamente breve, demasiadamente limitada. O homem pode explicar-se somente se existe um Amor que supera todo isolamento, também o da morte, em uma totalidade que transcenda também o espaço e o tempo. O homem pode se explicar, encontra seu sentido mais profundo, somente se existe Deus” (2-11-2011).

Rezemos por nossos defuntos, façamos também pelas almas do purgatório que estejam mais abandonadas e pelas quais ninguém reza.

Por Padre Fernando Gioia, EP

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas

  • Ser ou ser santo: eis a questão

    Todos podem e devem ser santos, em qualquer condição de vida e em “toda nação, tribo, povo e língua” (Ap 7, 9). Santo Agostinho perguntava-...

    Mais
  • Fulano fez sua páscoa!

       A frase, aparentemente bela, patenteia dois erros graves: um pastoral e outro teológico. Redação (18/11/2024 14:58, Gaudium Press) Já ...

    Mais