“O sacerdócio não é uma vida de conforto”, adverte Papa Francisco
O Pontífice se reuniu com seminaristas e sacerdotes que estudam em Roma. Ao longo do encontro, foram feitas algumas perguntas ao Santo Padre.
Cidade do Vaticano (27/10/2022 12:33, Gaudium Press) Na última segunda-feira, 24, o Papa Francisco se reuniu com seminaristas e sacerdotes que estudam em Roma. Durante o encontro, que ocorreu na Sala Paulo VI, foram feitas algumas perguntas ao Santo Padre, que acabou versando sobre a misericórdia, a proximidade com os fiéis, os sacerdotes que visam fazer carreira e o relacionamento com as novas tecnologias.
Aprender a linguagem dos gestos que expressam proximidade e ternura
Respondendo uma questão sobre a concretude da misericórdia, Francisco destacou ser necessário aprender a linguagem dos gestos que expressam proximidade e ternura. “Se você não é humano com gestos, a mente também endurece e no sermão você dirá coisas abstratas que ninguém entende”, afirmou.
Em seguida explicou que existem três linguagens que revelam a maturidade de uma pessoa: a da cabeça, a do coração e a das mãos. E exortou aos presentes que aprendam a se expressar nestas três linguagens:“pensar o que sinto e faço; sentir o que penso e faço; fazer o que sinto e penso”.
Sentir o cheiro das ovelhas
O Papa também ressaltou a importância de se manter o contato com o povo fiel de Deus, as ovelhas, mesmo que se esteja empenhado nos estudos ou em trabalhos na Cúria. Ao se distanciar delas, é possível se tornar “um teórico, um bom teólogo, um bom filósofo, um bom curial que sabe fazer todas as coisas” mas foi perdida “a capacidade de sentir o cheiro das ovelhas”.
Para se deixar despertar pelo cheiro das ovelhas, o Pontífice recomendou que se mantenha experiências pastorais em uma paróquia, em um lar de crianças e jovens, ou idosos. Reiterou ainda o que chama de princípio das quatro proximidades dos sacerdotes: proximidade com Deus, proximidade com o bispo, proximidade com outros sacerdotes e proximidade com o povo de Deus: ‘Se não há proximidade com o povo de Deus, você não é um bom sacerdote’.
Carreira no sacerdócio e contato com a tecnologia
Francisco advertiu ainda que o sacerdócio não é um trabalho com horários estabelecidos, mas “é um serviço sagrado a Deus, o serviço do qual a Eucaristia é o mais alto grau, é um serviço à comunidade”. Os sacerdotes que visam fazer carreira, buscar o próprio prazer e a própria tranquilidade, são traidores, afirmou o Pontífice, que lamentou a existência de muitos carreiristas.
O Santo Padre tratou ainda de um tema bem delicado: a relação dos sacerdotes e seminaristas com a internet e as ferramentas digitais. Francisco aconselhou aos presentes que usem a tecnologia com prudência, alertando para os perigos da internet, como a pornografia digital, que infelizmente é uma tentação para muitos, incluindo os religiosos: “É algo que enfraquece a alma. O diabo entra por ali: enfraquece o coração sacerdotal”, concluiu. (EPC)
Deixe seu comentário