Cardeal Zen: homem de Deus, leal e íntegro
Essas foram as palavras do Cardeal Filoni a respeito do cardeal Zen que está sendo julgado por seu apoio aos manifestantes pró-democracia em Hong Kong, em 2018.
Redação (28/09/2022 09:44, Gaudium Press) Nos últimos dias, e após a advertência pós-consistorial do Cardeal Müller de que o Cardeal Joseph Zen estava sendo abandonado, vem a defesa equilibrada, mas determinada do Cardeal Fernando Filoni, Grão-Mestre da Ordem do Santo Sepulcro que viveu em Hong Kong por oito anos.
Sobre o bispo emérito de Hong Kong, o Cardeal Filoni diz que “o Cardeal Zen não deve ser condenado. Hong Kong, China e a Igreja têm nele um filho devoto, de quem não há o que se envergonhar. Este é um testemunho da verdade.” De fato, o cardeal Zen está sendo julgado por suas funções no Fundo 612, responsável pelo ‘ato horrendo’ de obter recursos para pagar despesas legais de manifestantes pró-democracia em Hong Kong, em 2018.
Anteontem o Cardeal Zen ouviu as acusações contra ele. E embora tenham sido retiradas as de atentados à segurança nacional, as formais permanecem por supostamente não ter sido registado devidamente o referido Fundo, que além do mais já não existe. O julgamento em si começaria na próxima semana.
É claro que o que acontece com o emblemático cardeal de 90 anos repercute não apenas nas relações do Vaticano com a China, mas também nos laços Ocidente-China. Contudo, os chineses parecem não se importarem com essas minúcias e apelam para o estilo rolo compressor que os identifica. Embora a retirada das absurdas acusações de conspiração pelo Cardeal Zen mostre que, embora em sua linguagem ‘diplomática’ a China gosta de vociferar, quando se trata da real politik eles têm que se comedir, porque sabem que os atos têm suas consequências, incluindo para o moloch chinês .
Enquanto isso, a atitude do Cardeal Filoni fica como manifestação de honra, afirmando que o Nazareno também teve que ouvir no tribunal que havia violado a soberania romana, ou que o Batista também foi julgado pelo ‘imparcial’ Herodes, hipnotizado pela víbora Salomé.
O sorridente superior salesiano
O cardeal italiano conta que, em 1992, foi enviado a Hong Kong para abrir uma Missão de Estudo sobre a realidade da Igreja na China, e lá conheceu o “Padre Joseph Zen Ze-kiun, [que] era o Provincial dos Salesianos. Um autêntico chinês, muito inteligente, sagaz, com um sorriso vencedor.”
Ao se referir que a família do Cardeal Zen, de Xangai, foi perseguida ao estilo nazista pela ocupação japonesa, o cardeal Filoni observou que o jovem zen “nunca esqueceu essa experiência, que forjou nele uma coerência de caráter e estilo de vida; e depois um grande amor pela liberdade e pela justiça. Xangai foi heroica, e seus filhos foram considerados heróis, quase intocáveis até mesmo pelo regime comunista. O Cardeal Zen é um dos últimos epígonos dessas famílias. Os heróis nunca deveriam ser humilhados; essa também era a mentalidade do establishment chinês, como o é no Ocidente para as vítimas do nosso próprio “nazifascismo”.
Prosseguiu com seus elogios ao Cardeal: sua generosidade em se doar mesmo sendo emérito, seu respeito e apoio às pessoas, sua “integridade moral e ideal”, sua característica de ser “homem de Deus”, sua lealdade, que o tornaram digno da púrpura cardinalícia.
O cardeal concluiu que definitivamente ele não deve ser condenado.
Com informações Infocatolica.
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