Rússia: Kirill leva Nossa Senhora para a guerra
O ícone de Nossa Senhora de “Donskaya” foi exibida em Moscou para inspirar o sucesso russo na guerra contra a Ucrânia.
Redação (02/09/2022 08:29, Gaudium Press) O patriarca Kirill continua com sua retórica pró-guerra, apoiando Putin. Depois de ter alistado a Santíssima Trindade no exército com o famoso ícone de Andrei Rublev, o Patriarca Ortodoxo agora levou outro ícone da Mãe de Deus: Nossa Senhora de ‘Donskaya’.
Nossa Senhora de ‘Donskaya’ estará em exibição por três dias (até hoje), na catedral do mosteiro Donskoy, no centro de Moscou: servirá para a veneração ‘militante’ dos fiéis ortodoxos empenhados na restauração da “Santa Rússia” com o guerra de libertação da Ucrânia, invadida pelo Ocidente ‘depravado’.
O ícone Donskaya é considerado milagroso pelos inúmeros milagres obtidos por sua intercessão, mas também pela evocação histórico-ideológica que representa. Segundo a lenda, este ícone foi “escrito” (como se diz para ícones, que são textos de revelação e não pinturas) por volta de 1420 e dado presente a Dmitry na véspera da batalha de Kulikovo.
Diante deste ícone, o primeiro czar Ivan, o Terrível, rezou em 1552 antes de partir para conquistar o Canato Tártaro de Cazã. Ivan então levou para a batalha outro ícone que se tornou ainda mais famoso, Nossa Senhora de Cazã, confirmando a participação ativa da Mãe de Deus nos sucessos do exército russo. Essa devoção em tempo de guerra é confirmada na Igreja da Vitória inaugurada em 2020, onde um mosaico retrata Maria assunta ao céu em meio a metralhadoras soviéticas, empenhadas em expulsar os nazistas.
Assim, o Patriarca Kirill está em luta contra o mundo inteiro corrompido pelo diabo. O caminho espiritual-ideológico de Kirill é simbólico do desvio da Rússia de Putin do diálogo para o isolamento.
A reunião do Conselho Mundial das Igrejas é a última oportunidade de Kirill de se mostrar diretamente ao Ocidente e de se confrontar com as outras confissões cristãs, depois de ter recusado até mesmo a chance de encontrar o Papa Francisco na terra ‘neutra’ do Cazaquistão. Nos últimos meses, várias vozes propuseram ao comitê executivo do Conselho Mundial das Igrejas a expulsão do Patriarcado de Moscou. Se isso não aconteceu até agora, foi também para oferecer aos russos a oportunidade de se explicarem na 11ª Assembleia Geral deste Conselho, na cidade de Karlsruhe, Alemanha.
No entanto, uma delegação de Moscou liderada pelo jovem metropolita Antonij (Sevrjuk), que recentemente substituiu Ilarion (Alfeev), exilado na Hungria, estará presente na Assembleia. Kirill provavelmente também estava pensando nessa oportunidade de confronto quando decidiu, há algumas semanas, substituir Ilarion por uma pessoa mais fiel a ele para evitar que Ilarion cedesse a qualquer proposta de católicos e protestantes: a Rússia não cederá a ninguém hoje, nem na Ucrânia nem na Alemanha, porque deve salvar o mundo do Anticristo.
O ser humano é essencialmente religioso. Lamentavelmente, para defender seus próprios interesses muitas pessoas recorrem aos símbolos religiosos.
Com informações Asianews.
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