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São Pedro Damião, coluna inabalável da Igreja

Deus suscitou, no século XI, um varão heroico que, consumido de amor à Igreja, combateu especialmente os inimigos internos da Esposa de Cristo: São Pedro Damião, cuja memória é celebrada no dia 21 de fevereiro.

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Redação (21/02/2024 10:07, Gaudium Press) Nasceu ele em 1007, na cidade de Ravena – Nordeste da Itália. Órfão de pai e mãe aos cinco anos de idade, um seu irmão desnaturado o levou para sua propriedade, obrigou-o a cuidar de porcos e morar numa choça.

O irmão mais velho, tendo se tornado clérigo, ajudou-o para que pudesse estudar no Mosteiro de Fontavellane, onde fez marcantes progressos na vida sobrenatural e cultural.

Lâmina da espada vingadora

Indignado com a decadência moral de elementos do clero, que se enchafurdavam em pecados contra a castidade, ele escreveu o “Livro de Gomorra” e o enviou ao Papa São Leão IX, o qual lhe remeteu uma carta onde dizia:

“Vós acabais de armar vosso braço contra a barbárie da carne […] Vossa palavra, conservando a reserva de um santo pudor, golpeia como a lâmina da espada vingadora.”

Pouco tempo depois, um outro pontífice quis nomeá-lo cardeal, mas ele recusou. Ameaçado de excomunhão se não aceitasse o cargo, acolheu respeitosamente a ordem e se tornou Cardeal Bispo de Óstia, cidade próxima de Roma.

Assim que tomou posse, enviou uma carta a todos os cardeais na qual afirmava:

“O sacerdócio profanado tornou-se o escândalo dos povos; as leis canônicas são pisadas aos pés; o ministério sacerdotal passou do serviço de Deus ao das vergonhosas concupiscências.”

Martírio de Santo Arialdo

O Arcebispo de Milão era simoníaco e praticamente todos os padres da diocese tinham concubinas.

Contra essa devassidão surgiu um movimento, dirigido por clérigos virtuosos e apoiado pelo povo, que foi chamado “Pataria”. Seus membros faziam juramento de caminhar pelas cidades e pelos campos, pregando contra os clérigos devassos e defendendo o celibato sacerdotal.

O Bispo de Lucques – Noroeste da Itália –, de nobre família, foi o fundador e dirigente da Pataria. Tornou-se papa, em 1061, com o nome Alexandre II.

Os inimigos da Igreja odiavam de tal modo os verdadeiros católicos que chegaram a matar, com requintes de crueldade, um dos chefes da Pataria: Santo Arialdo.

Por ordem do Arcebispo de Milão, dois sacerdotes levaram-no a um calabouço nas cercanias do Lago Maior – fronteira da Itália com a Suíça– onde cortaram suas orelhas, furaram seus olhos, fizeram uma mutilação ignominiosa por ser favorável ao celibato, cortaram sua língua e o jogaram no referido lago.

“Exércitos da Terra a serviço do Rei dos Céus”

Os simoníacos e depravados se opuseram violentamente contra Alexandre II e passaram a defender o Rei da Germânia Henrique IV que, embora muito jovem, já se contaminara com péssimas ideias e até mesmo apoiava um antipapa.

São Pedro Damião escreveu a Henrique IV, chamando o antipapa de “primogênito de satanás”, recomendou ao rei que se afastasse dos cismáticos e tomasse uma “resolução varonil”.  E acrescentou:

“Vós sois, segundo a expressão de São Paulo, ‘o ministro de Deus para o bem; é por isso que levais a espada’. Levantai-vos, pois, em nome do Senhor para a defesa de sua Igreja. Para que vos serve uma armadura se não combateis, uma espada se não golpeais os inimigos de Deus? […] Mostrai que sois o digno herdeiro da Fé, da coragem, das virtudes de vossos antepassados; a exemplo deles colocai os exércitos da Terra a serviço do Rei dos Céus.”

Henrique IV, endurecido no mal, não se comoveu, mas sua mãe, a Imperatriz Agnes, a qual apoiava a antipapa, se converteu e pediu a São Pedro Damião que a orientasse espiritualmente, pois queria levar uma vida de religiosa.

Invasão do Mosteiro de Cluny

Em 1064, o Arcebispo de Mâcon – Leste da França– com suas tropas, invadiu o Mosteiro de Cluny. O Abade Santo Hugo rogou auxílio a Alexandre II, que enviou São Pedro Damião para reprimir essa ação nefanda, portando uma carta na qual dizia:

“O legado encarregado de nos representar é o grande homem que, depois de nós, ocupa o primeiro cargo na Igreja romana. É Pedro Damião, Bispo de Óstia, nosso olho direito, a coluna inabalável da Sé Apostólica.”

Quando São Pedro se aproximava de Cluny, o infame arcebispo invasor se retirou do mosteiro e todos os monges fieis receberam com alegria o Santo. Posteriormente, ele escreveu que Cluny lhe pareceu “um paraíso intermediário entre a Terra e o Céu”.

Increpou o Rei Henrique IV

Em 1069, Alexandre II enviou São Pedro a Frankfurt – Centro-oeste da Alemanha – para presidir um concílio, no qual se encontrava Henrique IV que desejava se divorciar de sua esposa.  O Santo increpou o monarca por querer praticar tal pecado e foi apoiado pelos nobres autenticamente católicos.

Pouco depois, o Papa o enviou a Ravena cujo arcebispo cismático havia morrido na impenitência final. Os habitantes o acolheram com grande alegria, e os que haviam apoiado o péssimo arcebispo se prosternaram a seus pés e abjuraram o cisma.

Regressando a Roma, São Pedro Damião teve violenta febre e foi conduzido a um mosteiro em Faenza, nas proximidades de Ravena. Tarde da noite, pediu aos monges que rezassem Matinas. Depois, foi celebrada Missa na qual comungou; durante a ação de graças entrou em êxtase e morreu. Era o dia 18 de janeiro de 1072.   Quando se realizou o cortejo fúnebre pelas ruas, muitos doentes foram curados.

Recebeu posteriormente o título de Doutor da Igreja e sua memória é celebrada em 21 de fevereiro.

 Retirar o mundo do caos e da lama em que atolou

A respeito desse grande batalhador da Igreja, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu:

“Temos necessidade dos Santos como São Pedro Damião, hoje mais do que nunca. Precisamos de homens que imitem realmente a Nosso Senhor Jesus Cristo, para poder pregar o Catolicismo ao atual mundo paganizado.

O vício propagou-se de tal forma que mesmo os católicos não vêm nele a insolência do pecado, pactuando com ele muitas vezes por julgá-lo natural.

“Por toda a parte se vê o pecado abertamente, livre da vergonha que causava em quem o praticava. Jactam-se de pecarem, e os católicos têm vergonha de proclamar a virtude.

“É preciso, pois, que se multipliquem homens como São Pedro Damião, para trazerem novamente ao mundo a luz do Evangelho, tirando-o do caos e da lama em que se atolou.”

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja

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