França: Relatório aponta perigo para igrejas históricas
“Como outros países ocidentais, a França se depara com a questão do futuro de seu patrimônio religioso devido à crescente secularização da sociedade”.
Redação (23/07/2022 11:03, Gaudium Press) A Comissão de Cultura do Senado francês advertiu que diversas igrejas históricas, muitas da Idade Média, terão que ser vendidas ou demolidas, a menos que funcionários do governo aloquem recursos para mantê-las.
“Como outros países ocidentais, a França se depara com a questão do futuro de seu patrimônio religioso devido à crescente secularização da sociedade. Como verdadeiros bens comuns, esses edifícios têm valor não apenas espiritual, mas também histórico, cultural, artístico e arquitetônico. Eles estruturam paisagens, definem identidades territoriais e fornecem vetores para transmitir memória local e nacional, além de contribuir para a qualidade do ambiente de vida”, apontou o relatório do Senado francês.
Os senadores Pierre Ouzoulias e Anne Ventalon escreveram o relatório “após pedidos de prefeitos perturbados diante da degradação de seu patrimônio religioso”, incapazes de cumprir as obrigações de manutenção sob a lei de separação entre Igreja e Estado de 1905. Por isso, os senadores apresentaram recomendações para restaurar ou salvar os 100.000 locais religiosos da França.
As igrejas católicas na França foram legalmente declaradas propriedade do Estado há mais de um século, exigindo que os governos locais as mantivessem com despesas públicas, permitindo seu uso para missas.
O relatório disse que mais de 40.000 locais são anteriores ao século 20, com 15.000 protegidos como monumentos históricos, mas que muitos carecem de manutenção adequada, especialmente nas áreas rurais.
Pelo menos 500 igrejas estão permanentemente fechadas para quaisquer funções religiosas, indica o relatório, enquanto até 5.000 teriam que ser vendidas ou demolidas por risco de colapso até 2030.
“O risco é menor que esses edifícios passem para propriedade privada do que não serem mais usados e mantidos adequadamente a ponto de tornar inevitável sua demolição”, ressaltou o relatório.
Transformar os edifícios religiosos
Com a assiduidade à igreja caindo e muitas das 36.000 paróquias do país sem sacerdotes residentes, funcionários do governo local reclamaram repetidamente que a exigência de manter as igrejas impõe encargos financeiros impossíveis.
Entre suas nove recomendações, o relatório pedia um inventário nacional abrangente, identificando igrejas de interesse especial, medidas para prevenir o tráfico ilegal de objetos religiosos e esforços para combater uma “indiferença geral” por meio da “ressocialização” dos locais de culto.
Segundo o relatório, o futuro do patrimônio religioso depende em grande parte de sua utilidade social. “Só permitindo que estes edifícios se tornem significativos e úteis novamente para uma grande parte da população, pode-se garantir a preservação do patrimônio religioso”.
“Transformar edifícios religiosos em ‘casas comunitárias’ não contradiz sua vocação religiosa, mas significa um retorno às fontes. Até a Revolução Francesa, atividades religiosas e humanas coexistiam dentro das igrejas”, explica o relatório.
Com efeito, a antiga igreja de Saint-Pierre-des-Cuisines em Toulouse, classificada como Monumento Histórico em 1977, e a igreja mais antiga do sudoeste da França, agora abriga um auditório de 400 lugares para o Conservatoire à Rayonnement Régional de Toulouse.
Infelizmente, quando começa uma decadência espiritual, os monumentos religiosos não mais possuem uma conotação sobrenatural, restringem-se somente aos aspectos práticos. Desse modo, não podemos esperar senão o aparecimento de uma nação ateia, apagando inclusive o que há de mais profundo que é sua raiz religiosa.
Até quando Deus permitirá que profanem os seus templos?
Com informações UCAnews.
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