O governo de Ortega transformou a Nicarágua em uma prisão
Essas palavras foram ditas pelo bispo auxiliar de Manágua no exílio, Mons. Silvio Baéz, em uma entrevista à agência de notícias National Catholic Register.
Redação (30/06/2022 09:25, Gaudium Press) Uma importante entrevista foi concedida por Mons. Silvio Báez – ainda Bispo Auxiliar de Manágua, embora exilado há três anos – à editora sênior do Registro Nacional Católico, Joan Frawley Desmond. Nela, ele define a situação de seu país sob a ditadura de Ortega e a perseguição à Igreja, que hoje se tornou muito visível, com a recente expulsão das irmãs de Madre Teresa.
A entrevista foi concedida ao Register em 20 de junho passado.
“É uma ditadura em todos os sentidos da palavra”, qualifica Mons. Báez o regime que está no poder pela segunda vez, desde 2007. “Como bispo, posso dizer que o atual regime na Nicarágua converteu nosso país em uma prisão, uma prisão”, continua, num aforismo que lembra o rótulo de ilha-prisão que muitos dão a Cuba.
Mons. Báez mora em Miami e, de lá, continua realizando um ministério com os muitos nicaraguenses que tiveram que fugir de seu país, ajudando-os a regularizar sua situação, entre outras tarefas. Ele também ensina no Seminário Regional de São Vicente de Paulo, em Boynton Beach.
O prelado declarou que, em uma audiência em novembro passado, entregou ao Papa documentos sobre a situação dos presos políticos na Nicarágua.
Em relação à sua situação pessoal, que qualificou de “incerta”, confessou que “o Santo Padre me disse: ‘Não se preocupe com o seu futuro’, e isso me deu muita confiança: Deus proverá”.
Um regime que se camuflou como ovelha… e como pastor
Mons. Baéz ressaltou que o regime de Ortega procurou “apresentar-se como cristão, socialista e solidário” com o povo.
“Ele invoca o nome de Cristo, usa terminologia católica e expressa muitas de suas declarações em linguagem religiosa”. Além de querer enganar o povo com esse estilo – a Nicarágua é muito católica – o prelado acredita que essa linguagem também busca semear divisão na Igreja.
Salientou que os partidários do regime realizaram atividades de tipo religioso que procuravam competir com os esforços paroquiais durante a pandemia, quando “a Igreja foi proibida de realizar reuniões em grande escala enquanto que o governo não limitou as suas próprias reuniões.”
Fica clara a imitação grosseira das atividades religiosas católicas realizadas pelos sandinistas, em que se misturam inúmeras expressões sincréticas, combinando “orações católicas com orações a poderes cósmicos, símbolos cristãos com pentagramas. Isso é algo projetado para infundir religião em seu empreendimento criminoso”.
Apesar da difícil situação na Nicarágua, Mons. Báez não perde a esperança:
“Como pastor, acredito no poder da Ressurreição. Todos os domingos exorto o povo a não se acostumar com a injustiça que está vivendo e rezo para que a Ressurreição reavive as aspirações e a esperança do povo nicaraguense de trabalhar pelo bem comum de seu país”.
“O regime quer que eles considerem isso como o novo normal”, afirmou o bispo. “Mas não o é.”
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