França: Bispos apresentam ao Vaticano documento polêmico para o sínodo
A conferência episcopal dos Bispos da França é alvo de polêmica após tornar público um texto que propõe uma reforma radical no sacerdócio católico entre outras propostas igualmente reformistas
Redação (18/06/2022 19:35, Gaudium Press) No último dia 15 de junho, os Bispos da França concluíram oficialmente a primeira fase do sínodo para a sinodalidade.
O episcopado francês decidiu sobre a apresentação de um texto ao Vaticano como fruto da parte nacional do sínodo previsto para outubro de 2023, em Roma. O texto é resultado da consulta feita em todas as paróquias do país.
Contudo, o documento intitulado “Coleta de sínteses sinodais” não deixou de criar polêmica por causa dos temas propostos. Se de um lado há quem esteja contente com o conteúdo, de outro lado há os que criticam o documento.
De fato, o documento propõe uma reforma radical de modo particular no tocante ao sacramento do sacerdócio.
Fim do celibato, ordenação diaconal de mulheres, Eucaristia em segundo plano
O documento foi apresentado ao grande público pelo presidente da Conferência dos Bispos da França, Mons. Eric de Moulins-Beaufort, por Mons. Alexandre Joly, Bispo de Troyes e responsável pelo documento, e pela mãe de família, Lucie Lafleur.
Primeiramente o documento apresenta um diagnóstico sobre o sacerdócio para em seguida propor soluções, entre as quais deixar a escolha do celibato aos candidatos, para que assim o sacerdócio e o matrimônio sejam compatíveis.
A proposta de que as mulheres sejam aceitas no diaconato e que se encarreguem da pregação da palavra também figura no documento.
Outra proposta radical é a “diversificação de liturgias que favoreçam a celebração da palavra”, pois segundo o documento, a Eucaristia é um sacramento excludente, visto que homossexuais e divorciados não podem participar.
Fruto dos círculos de estudos das dioceses, não a opinião dos prelados…
Segundo informações do jornal francês “Le Figaro”, o texto aprovado não conta com o apoio unânime dos Bispos.
Em realidade, os Bispos franceses se reuniram nos dias 14 e 15 de junho para tomar conhecimento de um texto elaborado pela comissão responsável por agrupar as observações e propostas de todas as dioceses da França.
O mesmo periódico francês informou que um primeiro texto foi apresentado aos prelados no dia 14 de junho, mas rejeitado pois não mencionava nem mesmo a palavra “Cristo”.
Um novo texto foi elaborado, às pressas, entre a noite do dia 14 e a manhã do dia 15 de junho, texto intitulado “Documento de acompanhamento da coleta de sínteses sinodais”, documento que contou com a participação de alguns Bispos.
Documento transmitido a Roma “tal qual”
O documento foi aprovado com a condição que fosse acompanhado do texto “Coleta de sínteses sinodais”, aquele que propõe as reformas radicais.
Por fim, a conferência episcopal francesa decidiu que a “Coleta das sínteses sinodais” fosse entregue a Roma tal qual foi elaborada, afinal o texto representa as opiniões extraídas de leigos de várias dioceses e não exatamente a opinião dos Bispos.
A decisão dos Bispos evitou, aparentemente, que eles se posicionem a respeito das reformas radicais do documento. Eles deixaram à Roma a responsabilidade de tomar de decidi ou não sobre as propostas apresentadas. Ao lado das propostas alemãs, o documento francês é até agora um dos mais reformistas.
Caberá a Roma a validação ou não da primeira fase do sínodo… (FM)
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