O mais jovem Cardeal da Igreja também é exorcista
Mons. Marengo, missionário na Mongólia, participou como conferencista no XVI Curso de Exorcismo, realizado pelo Pontifício Ateneu Regina Apostolorum.
Redação (17/06/2022 08:41, Gaudium Press) Não só será o mais jovem Cardeal da Igreja – quando em 27 de agosto, no próximo consistório, o Papa lhe entregará o chapéu vermelho que mostra a sua vontade de sofrer o martírio pela causa da Santa Igreja Romana – mas também é exorcista há mais de 20 anos, conforme relatado por ReligionEnLibertad.
Estamos falando de Mons. Giorgio Marengo, 47 anos, italiano, que atualmente exerce seu ministério como bispo missionário na Mongólia, onde há apenas 1.200 católicos. Poucos, muito poucos, em um país onde os xamãs, em número de 10.000, são mais numerosos do que os fiéis de Cristo.
Mons. Marengo tem a mesma idade de João Paulo II quando foi escolhido para cardeal. Contudo, quer continuar na sua missão: “Para mim, viver esta nova vocação significa continuar no caminho da pequenez, da humildade e do diálogo”, disse este missionário da Consolata, quando soube que seria cardeal.
Mas só porque é pequeno não significa que não tenha poder contra o maligno. Mons. Marengo participou como conferencista no último XVI Curso de Exorcismo e Oração de Libertação, realizado pelo Pontifício Ateneu Regina Apostolorum em Roma, curso que já frequentou como aluno. Seu discurso magistral foi “O papel do bispo no ministério do exorcismo”, onde falou da dimensão missionária desta importante função, tanto no Ocidente como em países classicamente classificados como ‘ de missão’.
Conteúdo da conferência
Nessa palestra, o bispo expressou que é comum que “pessoas não cristãs” peçam ao presbítero que as liberte da ação do demônio. É claro, elas certamente já perceberam o poder do ministro de Cristo contra satanás, e pedem sua ajuda misericordiosa.
Interessante é o papel que o bispo atribuiu ao demônio nessa conferência: satanás é “o divisor que atrapalha o relacionamento com Cristo”. Contra esse papel de divisor, de grande obstáculo, a Igreja luta “com a proclamação do Evangelho de Jesus Cristo e tornando-o presente na ação sacramental”.
Mas a luta não é fácil.
O Bispo observou que na Mongólia, e devido aos efeitos da longa tradição xamânica, as pessoas que se preparam para o batismo são perseguidas pelo diabo e algumas abandonam o caminho da fé. E por isso, como ocorria particularmente nos primeiros dias da Igreja, os sacerdotes devem repetir “a atividade dos discípulos de Jesus [que] incluía expulsar demônios e curar doentes”; de fato, o exorcismo “é parte integrante do ministério encomendado pelo Ressuscitado”.
É claro que a superstição – que hoje não é apenas privilégio de países de missão como a Mongólia, mas é ‘privilégio’ de todo um mundo neopagão – é o caminho para o domínio do demônio sobre a alma. Então, “como fazer com um passado pessoal de práticas supersticiosas?”, pergunta o novo Cardeal. “A razão da condenação [das superstições] é sempre a mesma e também se aplica a nós hoje: essas práticas supõem falta de fé, recorremos a elas para escapar da incerteza”, enquanto Cristo “confia totalmente no Pai” diante da tentação. “Da mesma forma, a humildade de quem crê em Cristo supõe confiar totalmente nEle”, formula o bispo, futuro cardeal.
No auge das superstições, também no Ocidente, está que “colocamos o demônio entre parênteses e nega-se sua existência, mas suas terríveis maquinações são experimentadas”, adverte o bispo.
Na conferência do Regina Apostolorum, o futuro Cardeal prescreveu cinco pontos para a luta contra o maligno:
Cinco pontos
1º “O caminho principal é a oração. E nela se destacam a adoração eucarística e as diversas formas de devoção mariana”. Ele exemplifica com o que está acontecendo na Mongólia: “Tudo está mudando depois da difusão da adoração ao Santíssimo Sacramento”. Ele recomendou o uso de orações litúrgicas com textos alusivos à cura, sempre sujeitos às normas litúrgicas.
2º “Deve haver uma catequese adequada sobre a ação do demônio e como enfrentá-la.”
3º “Partilhar frequentemente espaços de convivência onde possam surgir questões de demonologia no diálogo”.
4º Fazer “bem e coordenadamente… a celebração do exorcismo quando necessário”, segundo as normas da Igreja. Deste modo, “a Igreja local tem a plenitude da sacramentalidade”.
5º Por fim, aprimorar “a formação de sacerdotes e religiosos sobre a saúde espiritual e a luta contra o demônio”.
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