O Coração que vê tudo
Exatamente por existir esse Coração de Mãe que vê tudo, muitos vivem amedrontados e sem paz, por conduzirem as suas vidas com muitas coisas que não podem ser vistas.
Redação (07/05/2022 16:50, atual. 17:55 Gaudium Press) Há muitos anos, eu conheci uma mãe que criava o filho sozinha e precisava trabalhar em dois empregos para não deixar faltar nada à criança. Seu objetivo maior, porém, não era dar ao filho conforto e bens materiais, mas sim uma boa educação. Preocupada com o tempo que precisava passar longe do filho, essa mãe buscava uma maneira de não perder o vínculo com ele e nem o respeito que o menino lhe tinha.
Contou-me a jovem senhora que caiu em suas mãos um livrinho infantil muito antigo chamado “O coração que vê tudo”. No livro, a mãe saía para trabalhar e deixava o seu coração num armário, tomando conta dos filhos. Quando retornava, punha de volta o coração no peito e ele lhe contava o que os pequenos haviam feito naquele dia.
Achando a história muito pitoresca, resolveu usá-la com o seu filho e, segundo ela, o resultado foi melhor do que esperava. Adaptou a história do seu jeito, dizendo-lhe que as mães têm uma luz dentro do coração que acende sempre que o filho conta uma mentira ou esconde alguma coisa importante. E, assim, todos os dias, ao chegar do trabalho, sentava-se com o menino e pedia que ele contasse sobre o seu dia. Quando sentia que alguma coisa estava um pouco estranha ou exagerada, dizia: “Hum, é isso mesmo? A luz do meu coração está acendendo…” e a inocente criança tratava logo de contar o que estava escondendo ou de matizar com a verdade a sua narrativa.
A tática deu tão certo que, algumas vezes, em casos sem importância, ela nem notava que ele pudesse estar faltando com a verdade ou omitindo algo, todavia, o menino logo se entregava ao dizer: “Mamãe, a luz do seu coração não acendeu?”, ao que ela respondia, prontamente: “Acabou de acender! Pode me contar a verdade!”. E o pequeno colocava as coisas nos lugares e contava à mãe o que tinha escondido num primeiro momento.
Hoje o filho dessa senhora é um grande homem e ela, mesmo entrada em anos, ainda se recorda dessa história com muito bom humor.
Coração de mãe
É claro que a história que inspirou essa mãe é uma fábula, mas uma fábula que imita a realidade, pois, de fato, existe um coração que nos olha e se acende cada vez que vacilamos, que erramos e que tentamos enganar a nós mesmos e a Deus sobre nossos atos e nossas intenções.
Esse coração, muitas vezes, é representado com uma coroa de espinhos em volta. Esses espinhos simbolizam os nossos pecados, os nossos enganos, os maus sentimentos que nutrimos e as más ações que cometemos.
Como o coração da mãe da história ou da mãe que leu a história e a usou como modelo, esse coração também não nos olha apenas por mera curiosidade, mas para cuidar de nós e nos aconselhar boas atitudes, arrependimento, correção e nos ajudar a retomar sempre o bom caminho.
É um coração que nos ama de maneira tão intensa que se dilata e sai dos seus limites para estar mais perto de nós. Esse coração ao qual nos referimos é um Coração Imaculado, o Coração de Maria, a Mãe de todas as mães, o Amor de todos os amores. Um coração que zela, cuida, orienta, corrige e insiste em bater por nós, mesmo diante das mais pungentes ingratidões e ofensas que lhe proporcionamos.
Alunos injustiçados e pais humilhados
É um coração que bate por alunos injustiçados e perseguidos pelo simples fato de estudarem em colégios que, além do conteúdo programático de sua grade curricular, ensina boas maneiras, disciplina, respeito, pensamento crítico e religião. É um coração que vê o sofrimento dos pais desses alunos que, além de não serem ouvidos e respeitados em seu direito de educar seus filhos de acordo com os seus valores, ainda sofrem com o preconceito e a crítica daqueles que, sem conhecerem a realidade, se deixam levar por fake news e matérias sensacionalistas de uma imprensa sem compromisso com a verdade e sem pudor de mentir e manchar a honra das pessoas.
Um coração que chora ao ver a humilhação dessas centenas de pais quando dedos críticos lhe são apontados com a acusação de que estão fazendo mal aos seus filhos, quando fazem a eles um bem que dinheiro nenhum deste mundo pode pagar, ao lhes dar o direito de ter uma educação íntegra e de qualidade, pautada na ética e nos valores morais.
Um coração que pulsa também por aqueles que, sem compromisso com a verdade, usam o seu privilégio de comunicadores para denegrir, recusando-se a apresentar todos os lados de uma história, mesmo quando os conhecem, escolhendo mostrar apenas o que dá ibope, fama e dinheiro, mentindo até sobre a exclusividade que não têm.
Sofre pelos corações consumidos pela revolta que só pensam em vingança e destruição, acreditando que, por sentirem alguma dor, devem impingir aos outros dor igual ou maior que a sua, não importa a quem vão atingir, as honras que vão manchar e as injustiças de que serão os agentes, desde que possam ter os seus cinco minutos de fama, como os vingadores mascarados dos filmes de outrora. Sim, esse virginal e Imaculado Coração muito sofre por esses filhos desertores.
Esse coração que vê tudo, vê os que são caluniados e os que caluniam, vê os que lutam por implantar as leis de Deus e os que dão sentenças infundadas, unilaterais e desprovidas de equidade e justiça.
Esse coração vê os que fazem as guerras e os que são vítimas delas. Os que pecam e os que fomentam as ocasiões de pecado. Vê os que erram e se arrependem, e os que se arrependem por não terem podido errar tanto quanto gostariam.
Esse coração vê a você, vê a mim, vê os famosos e os anônimos, os bons e os maus, os que constroem e os que destroem, os que rezam e os que zombam da fé, os corajosos e os pusilânimes, os publicanos e os fariseus.
E porque temos esse coração que vê tudo, podemos dormir tranquilos, certos de que ele zela por nós, contudo, nem todos têm esse privilégio… Exatamente por existir esse coração que vê tudo, muitos vivem amedrontados e sem paz, por conduzirem as suas vidas com muitas coisas que não podem ser vistas. Fazer o quê? Coração de Mãe é assim…
Mensagem às mães dos alunos dos “Colégios dos Arautos”
Que nesse Dia das Mães, quando tantas mães sofrem pelos filhos mortos na guerra, perdidos nos vícios, vitimados pela violência, que o maior número possível delas possa acender as luzes de seus próprios corações e enxergar as ações e os anseios dos seus filhos, antes que eles se percam por falta de um coração que os veja amorosamente. Que deixem de olhar e de se preocupar com os filhos alheios e cuidem dos seus. Que os corações de todas as mães se acendam e caminhem em uníssono com o coração de Maria, que vê todas as coisas.
E às mães cujos filhos estudam nos Colégios dos projetos educacionais dos Arautos – que na verdade nem são dos Arautos –, possam se alegrar porque o coração de Nossa Senhora as viu e elas podem se preparar para aproveitar bem as férias escolares de seus filhos, sabendo que poderão levá-los de volta aos colégios no segundo semestre, porque a liminar caiu e a verdade, só não a vê quem não quer!
Por Afonso Pessoa
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