Argentina: Vaticano nomeia Assistente Apostólico para Carmelitas de Salta
As religiosas processaram o Arcebispo Cargnello por violência de gênero.
Redação (28/04/2022 16:01, Gaudium Press) A Congregação para a Vida Religiosa e as Sociedades de Vida Apostólica nomeou por Decreto um Assistente Apostólico para as Carmelitas Descalças de Salta responsáveis pelo mosteiro de São Bernardo, que estão em conflito com o Arcebispo, Mons. Mario Antonio Cargnello.
Em um comunicado, publicado em 27 de abril pelo Arcebispado, afirma-se que o Dicastério determinou que as carmelitas “não devem de forma alguma se envolver em atividades ligadas à conhecida ‘Obra Eu sou a Mãe Imaculada do Divino Coração Eucarístico de Jesus e Eu sou o Sacratíssimo Coração Eucarístico de Jesus’ e apoiar esta atividade”. Esta Obra tem relação com supostas aparições da Virgem Maria e Jesus Cristo à paroquiana de Salta, María Livia Galliano de Obeid, desde 1990 e que continuariam até hoje.
“A comunidade das Irmãs de Salta é obrigada a observar rigorosamente as regras da lei a esse respeito, incluindo a estrita observância da clausura monástica”, continua o texto.
Afirma-se que, “permitir que os fiéis leigos residam permanentemente nos terrenos do mosteiro, participem regularmente na vida da comunidade monástica e permitir que os peregrinos tenham acesso aos terrenos do mosteiro, constitui uma clara implicação” da comunidade carmelita nos assuntos da suposta aparição, cujo estudo corresponde ao Arcebispado e à Santa Sé.
“O mosteiro, ao permitir que a ‘vidente’, Dona Maria Livia Galiano de Obeid, resida em instalações próprias e destinando alguns espaços para peregrinos próximos a este contexto, está claramente envolvido neste trabalho, contra a vontade da igreja local”, destacou o Vaticano.
Afirma-se também no comunicado que, embora o mosteiro de São Bernardo “goze da devida autonomia”, o “bispo tem o direito de visitar o mosteiro e receber, e a priora o dever de apresentar um relatório anual sobre a administração dos bens e sobre a economia do mosteiro”.
As Carmelitas apresentaram uma denúncia contra o Arcebispo
Em 12 de abril, perante o Escritório de Violência Familiar e de Gênero (OVFG) do Poder Judiciário de Salta, foi apresentada uma denúncia formal por três carmelitas descalças de Salta contra Mons. Cargnello por supostamente ter cometido violência de gênero e assédio contra a priora e as religiosas.
Neste processo, o Arcebispo deporá perante o juiz no dia 3 de maio.
“O que a denúncia busca é que cesse o perigo e os atos de violência física e/ou psicológica contra a priora e também contra as outras irmãs carmelitas que estão dentro do mosteiro. O que elas estão sofrendo é por causa de sua condição de mulheres. Agrava-se também a desigualdade na relação de poder que implica a superioridade hierárquica que o Arcebispo tem em nível eclesiástico”, disse ao Infobae a advogada da religiosa, Claudia Zerda Lamas.
Em declarações relatadas pelo La Nación, o advogado das Carmelitas ressaltou que “o assédio é antigo; é um estado de sofrimento mantido ao longo do tempo, desde 1999”. Como resultado da denúncia das religiosas, o Arcebispo Cargnello e outros dois clérigos têm uma ordem de restrição de perímetro e não podem se aproximar a menos de 300 metros do mosteiro onde vivem 18 religiosas de clausura.
Em declarações à Aciprensa, Eduardo Jesús Romani, advogado da arquidiocese, respondeu que a denúncia apresentada à Vara de Família e Violência de Gênero nº 3 “é genérica e nenhum dos fatos configura violência de gênero”.
“[Mons. Cargnello] é acusado de violência moral e econômica. É evidente que esta situação não existe nem está documentada nos autos, pois a relação sempre se baseou nas obrigações que o bispo tem para com o Convento. Entendemos que a denúncia tem como pano de fundo a relação com a chamada ‘Virgen del Cerro’”, explicou o advogado.
Com informações Aciprensa.
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