Tudo está se cumprindo…
“Ouvireis falar de batalhas, notícias de guerras. Prestai atenção e não vos assusteis, pois é preciso que essas coisas aconteçam. Mas ainda não é o fim”.
Redação (18/04/2022 09:46 atualizado em 19/04/2022 07:27, Gaudium Press) Antes de começarmos nossa conversa, convido-os a fazerem um exercício de imaginação: pensem num corpo humano virado do avesso. Olhos, boca e ouvidos, voltados para dentro, de forma que não possa ouvir, ver ou falar, e todos os órgãos internos, pulmões, rins, fígado, coração, baço, pâncreas, estômago, intestinos, veias, tudo isso exposto, do lado de fora. Devemos considerar que é uma imagem bastante bizarra… Mas, em certos momentos, você não tem a impressão de que o mundo está assim? Tranquilize-se, não há nada errado com você. O mundo, de fato, está assim, do avesso.
Embora a mídia pareça estar se desinteressando pela guerra, ela continua em curso, com a mesma carga de violência e atrocidade de 50 dias atrás. Além das pessoas confinadas na destruída Mariupol, vimos o terrível caso do massacre na cidade de Bucha, onde mulheres foram violentadas e centenas de civis, assassinados brutalmente. Enquanto isso, o causador do conflito desfila impoluto, bem vestido, perfumado e bem alimentado, como se nada estivesse acontecendo. Cidades são destroçadas, civis e crianças são mortos, feridos e desalojados; soldados, de um lado e de outro, enfrentam a violência, a fome, o medo e vão se transformando em selvagens, como sói acontecer em todas as guerras. Mas, aquele que controla todas as armas sem pegar em uma sorri cinicamente e diz que essa operação precisava ser feita para libertar os separatistas.
Aqui, mais perto de nós, no Rio de Janeiro, assaltantes roubam um carro e arrastam por três quarteirões uma senhora de 72 anos que ficou presa ao cinto de segurança. Na cidade de São Vicente, no litoral de São Paulo, um motorista fica irritado após um idoso buzinar para ele no trânsito, desce do carro, aproxima-se do outro veículo e quebra o braço do idoso com um golpe.
Incomodada por Nossa Senhora
Em Recife (PE), uma juíza condenou a moradora de um prédio a indenizar uma vizinha por deixar uma imagem de Nossa Senhora no hall de entrada do prédio. Os advogados da autora da ação alegaram que ela se sentia incomodada ao ver a santa quando ia pegar o elevador. A mulher penalizada informou que a imagem está há muitos anos no local e que, ao proferir a sua sentença, a juíza ignorou um abaixo-assinado com assinaturas de 31 moradores do prédio, que tem 32 apartamentos, deixando prevalecer a vontade da única pessoa que se sente incomodada com a presença da imagem.
Agora, vamos falar sobre o carnaval. Em 2019, muitos religiosos se sentiram ofendidos e desrespeitados quando uma escola de samba paulista fez uma alegoria com o demônio arrastando Jesus Cristo pelas ruas. Até mesmo pessoas não-religiosas demonstraram indignação diante da cena grotesca. A pandemia chegou, o tempo passou, mas, ao que parece, pouca coisa se aprendeu…
Este ano, com o carnaval acontecendo fora de tempo, novas afrontas à fé cristã ganharam espaço. No estado do Rio de Janeiro, a prefeitura de Niterói resolveu criar a “semana samba”, uma clara e irônica paródia à Semana Santa, em total desrespeito à comunidade católica. No estado do Ceará, a coisa foi ainda mais longe; o prefeito de Aracati resolveu iniciar o carnaval na Sexta-feira Santa, com o slogan: “Paixão no Aracati, a melhor semana santa do estado!”
A fome e o fim do dinheiro
“E conseguiu que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, recebessem um sinal na mão direita e na fronte, para que ninguém pudesse comprar ou vender, se não tivesse a marca.” (Ap 13, 16-17).
Líderes mundiais alertam sobre a provável escassez de alimentos dentro de alguns meses, desencadeada pelo conflito na Ucrânia e as sanções econômicas impostas à Rússia. Os dois países são os maiores produtores e fornecedores de trigo do mundo e muitas nações, entre elas o Brasil, dependem de fertilizantes produzidos pela Rússia. A falta desses fertilizantes prejudicará a colheita de vários produtos agrícolas.
Especialistas afirmam que o dinheiro, como o conhecemos, está com os dias contados. Acompanhando avançados serviços de pagamento e transferência de dinheiro, como o Pix, as moedas passarão a ser virtuais. Paralelamente, microchips para pagamento já estão sendo implantados em seres humanos, bastando apenas aproximar a mão de uma maquininha de cobrança para pagar uma conta. Eles pesam menos de 1 grama e são pouco maiores que um grão de arroz. A implantação é fácil, o equipamento não precisa de bateria e custa em torno de 230 dólares (R$ 1.080,00).
Nessa linha de raciocínio, o trilionário Elon Musk anuncia o breve lançamento de um smartphone muito superior aos modelos que conhecemos hoje, que será programado para obedecer a comandos diretamente dos nossos pensamentos, a partir da implantação de um microchip que está sendo desenvolvido para este fim.
De quem é o dever e o direito de educar?
E, para finalizar esta salada mista de acontecimentos neste imenso organismo do avesso, vamos falar sobre um tema de interesse atual: a educação. Todos sabemos que a educação é uma prerrogativa e um dever intrínseco dos pais, que podem ser penalizados pelo seu descumprimento. As Sagradas Escrituras trazem muitos versículos sobre o dever dos pais para com a educação dos filhos e até Pitágoras, famoso filósofo e matemático que viveu 500 a.C., declarou: “Educai as crianças e não será preciso punir os homens.”
No entanto, o que vemos? Pais abrindo mão ou sendo privados do dever e do direito de educar os seus filhos. O Congresso francês aprovou uma lei, incluindo um novo crime no Código Penal, e que acarretará a condenação a dois anos de prisão, multa de 30 mil euros e perda do pátrio poder aos pais que não queiram autorizar seus filhos menores de idade a mudarem de sexo.
No Brasil, somos bombardeados por notícias de violência escolar, com brigas de faca, tiros e, recentemente, houve até o caso de um adolescente de 13 anos que levou uma granada para a escola, em Belo Horizonte, MG. Na semana passada, 26 adolescentes foram acometidos por um “surto coletivo de ansiedade” em uma escola de referência em ensino médio, no Recife, precisando ser atendidos por profissionais do SAMU. Concomitante a isso, temos pesquisas que apontam que o Brasil lidera os casos de violência de alunos contra professores. Uma dessas pesquisas aponta que 51% dos professores já foram agredidos. No estado de São Paulo, a cada dia, dois professores são agredidos fisicamente.
Com efeito, podemos citar um caso de repercussão nacional, ocorrido em uma escola estadual de Lins, SP, em 2019, com o professor de Geografia de 62 anos, Paulo Rafael Procópio, que foi agredido por um aluno de 12 anos enquanto aplicava prova para a turma.
E, neste cenário do avesso do mundo, esta semana, segundo uma emissora de TV, uma juíza determinou “a proibição de novos acolhimentos ou matrículas de crianças e adolescentes em qualquer das unidades dos Colégios dos Arautos do Evangelho. Ela proibiu, também, a manutenção de ensino em regime de internato, obrigando as escolas administradas pelos Arautos do Evangelho providenciarem, até 1º de julho, o retorno das crianças e dos adolescentes às famílias que morem em outras localidades.”
Vários aspectos merecem a nossa atenção, mas, vamos nos ater apenas a três deles:
Primeiro: um processo envolvendo crianças, normalmente, tramita em segredo de Justiça e isso parece ter sido levado tão a sério que nem os próprios interessados – os Arautos do Evangelho e os gestores do Colégio – foram comunicados sobre tal processo e sobre tal decisão, mas, a Rede Globo o foi!
Segundo: Desde a fundação do Colégio Arautos, em 2003, nunca houve um caso sequer de violência, ainda que verbal, conforme declaração da própria associação de pais dos alunos. Portanto, nunca houve necessidade da intervenção da polícia ou do SAMU, e nenhuma das unidades do projeto educativo faz parte da estatística de violência dos alunos contra os professores e nem dos alunos entre si. Dizem os perseguidores que se trata de um colégio com regras muito rígidas. Eu diria que se trata de um colégio com regras. E regras simples, onde professor e professora são tratados por senhor e senhora e não por “fessor, tio, prof, pro”.
Trata-se de uma instituição que cumpre fielmente o dever da escola, que é o de oferecer um complemento à educação dada pelos pais.
Mas, estranhamente, antes de a Justiça dar o seu veredito, nenhum professor foi intimado ou convidado a depor e dar a sua versão dos fatos; tão menos qualquer dos pais foi ouvido sobre a educação dos seus filhos e sobre o seu interesse em mantê-los em hospedagens.
Terceiro: Em autopromoção, a Rede Globo informou que o trabalho da defensoria começou após duas reportagens exibidas pela emissora, em outubro de 2019. E deu a seguinte explicação: “A Defensoria Pública do Estado de São Paulo não sabe ao certo quantas crianças e escolas são administradas pelo grupo religioso em todo o país. A estimativa é a de que, antes da pandemia, só na capital, eram cerca de 200 crianças. Por isso a juíza cobrou que as instituições apresentem a lista de todos os estudantes matriculados em regime de internato em suas unidades.” No meu entender de leigo nos meandros do Direito, parece haver carência de informações concretas sobre a entidade que está sendo penalizada. E me restou uma dúvida: a quem os Arautos devem dar as informações sobre os alunos matriculados nas unidades educacionais: à Justiça ou à Rede Globo?
Ainda não é o fim
A esta profusão de informações que se confundem neste imenso organismo virado do avesso, sem olhos, sem ouvidos e sem voz para ver, ouvir e proclamar a Verdade, com as vísceras à mostra e desconjuntadas, eu gostaria de sobrepor as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, que foi traído, injustamente condenado, humilhado, flagelado, crucificado e morto num mundo que, no fim das contas, era mais moral, menos corrompido e menos indecentemente amante do pecado que o mundo atual.
Respondendo aos discípulos sobre a época e os sinais de sua volta e do fim do mundo, Ele disse: “Ouvireis falar de batalhas, notícias de guerras. Prestai atenção e não vos assusteis, pois é preciso que essas coisas aconteçam. Mas ainda não é o fim. De fato, há de se levantar nação contra nação e reino contra reino. Haverá fome e terremotos em vários lugares. Tudo isso é o começo das dores. Então, sereis entregues aos tormentos, sereis mortos e sereis objeto de ódio para todas as nações, por causa do meu nome. Muitos sucumbirão, serão traídos mutuamente e mutuamente se odiarão. Irão levantar-se muitos falsos profetas e seduzirão a muitos. E, ante o progresso crescente da iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Entretanto, aquele que perseverar até o fim será salvo.” (Mt 24, 6-13)
Como diz o próprio Jesus, ainda não é o fim, mas, caso não tenham notado, tudo está se cumprindo e, aos que creem e vivem de acordo com as Leis de Deus, a perseguição já começou.
Por Afonso Pessoa
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