Papa Francisco trata sobre a transmissão da Fé através dos idosos
Segundo o Santo Padre, a Fé é transmitida na fala dos avós aos netos, entre pais e netos, sendo este é o dom da memória que os ‘anciãos’ da Igreja transmitem, desde o início, passando-o ‘de mão em mão’ à geração seguinte.
Cidade do Vaticano (23/03/2022 16:56, Gaudium Press) Durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 23, o Papa Francisco deu continuidade a suas catequeses sobre o tema da velhice, apresentando Moisés como exemplo.
Aos seus 120 anos, portanto ao final de sua vida, Moisés pronunciou o seguinte cântico: “Porque vou proclamar o nome do Senhor, dar glória ao nosso Deus. Ele é o Rochedo, perfeita é a sua obra, justos todos os seus caminhos; é Deus de lealdade, não de iniquidade, ele é justo, ele é reto” (Dt 32, 3-4). O Santo Padre explicou que este cântico é uma confissão de Fé através da qual Moisés transmitiu sua experiência com Deus aos seus descendentes.
Esta civilização nova tem a ideia de que os idosos são material de descarte
Em seguida, o Pontífice destacou que “a escuta pessoal e direta da história, da história de Fé vivida, com todos os seus altos e baixos, é insubstituível. Esta transmissão – que é a verdadeira tradição! – a transmissão concreta do idoso ao jovem, faz muita falta hoje, e sempre mais, às novas gerações. Por quê? Porque esta civilização nova tem a ideia de que os idosos são material de descarte, os velhos são descartados. Esta é a brutalidade! Não, não está certo! A narrativa direta, de pessoa para pessoa, tem tons e formas de comunicação que nenhum outro meio pode substituir”.
O Papa questiona se atualmente somos capazes de reconhecer e de honrar esse dom proveniente dos idosos ou se tentamos prescindir dele e adverte ao fato de que alguns gostariam até mesmo de abolir o ensino da história, como uma informação supérflua sobre mundos que não são mais atuais, que tira recursos do conhecimento do presente.
A Fé é sempre transmitida em dialeto
E acrescenta que muitas vezes falta à transmissão da Fé a paixão própria de uma história vivida, carecendo, portanto, de capacidade atrativa. “As histórias de vida devem ser transformadas em testemunho, e o testemunho deve ser leal. Ser leal é contar a história como ela é, e só quem a viveu pode contá-la bem. Por isso é muito importante ouvir os idosos. Os próprios Evangelhos narram honestamente a história abençoada de Jesus sem esconder os erros, as incompreensões e até mesmo as traições dos discípulos. Esta é a história, é a verdade, isso é testemunho. Este é o dom da memória que os ‘anciãos’ da Igreja transmitem, desde o início, passando-o ‘de mão em mão’ à geração seguinte”, ensinou.
Concluindo, o Papa Francisco sublinhou que a Fé se transmite na fala dos avós aos netos, entre pais e netos. “A Fé é sempre transmitida em dialeto, naquele dialeto familiar e experiencial dos anos. Por isso é tão importante o diálogo em família, o diálogo das crianças com os avós que são aqueles que têm a sabedoria da Fé. Seria belo se houvesse, desde o início, nos itinerários catequéticos, também o hábito de ouvir a experiência vivida pelos idosos, a lúcida confissão das bênçãos recebidas de Deus, que devemos guardar, e o testemunho sincero de nossas faltas de fidelidade, que devemos reparar e corrigir”. (EPC)
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