“O mundo necessita de jovens fortes e anciãos sábios”, diz o Papa Francisco
“A velhice está na posição adequada para compreender o engano desta normalização de uma vida obcecada pelo prazer e vazia de interioridade”, ressaltou o Pontífice.
Cidade do Vaticano (16/03/2022 15:29, Gaudium Press) Na Audiência Geral desta quarta-feira, 16 de março, o Papa Francisco continuou seu ciclo de ensinamentos sobre a velhice, seguindo o tema “A velhice, recurso para a juventude despreocupada”.
O arrependimento de Deus
Comentando o capítulo 6 do livro do Gênesis, que trata do velho Noé, escolhido para salvar o homem da corrupção e do dilúvio, o Papa sublinhou a expressão da Escritura que diz que Deus “se arrependeu” de ter criado o homem.
Pode acontecer conosco, em momentos de opressão, pensar que seria melhor não termos nascido. “Na realidade, estamos sob pressão, expostos a tensões opostas que nos deixam confusos. Por um lado, temos o otimismo de uma juventude eterna, aceso pelo extraordinário progresso da tecnologia, que pinta um futuro cheio de máquinas mais eficientes e inteligentes do que nós, que curarão os nossos males e pensarão nas melhores soluções para não morrermos, o mundo dos robôs”.
Deus confia a sua obra à fidelidade de Noé
“Por outro, a nossa imaginação parece cada vez mais centrada na representação de uma catástrofe final que nos extinguirá. O que acontece como uma eventual guerra atômica! No ‘dia seguinte’, se ainda houver dias e seres humanos, teremos de começar do zero. Destruir tudo para começar do zero”, explicou.
Em uma situação de angústia para a humanidade, Deus confia a sua obra à fidelidade do mais velho de todos, o justo Noé.
O Papa afirmou que precisamente quando os homens se dedicam a gozar a vida e perdem o sentido da corrupção, vivem sem preocupação no meio da corrupção. “A velhice está na posição adequada para compreender o engano desta normalização de uma vida obcecada pelo prazer e vazia de interioridade: vida sem pensamento, sem sacrifício, sem interioridade, sem beleza, sem verdade, sem justiça, sem amor. A sensibilidade especial dos idosos às atenções, pensamentos e afetos que nos tornam humanos deve voltar a ser uma vocação para muitos. E será uma escolha de amor dos idosos para com as novas gerações”, frisou.
O caminho da corrupção não leva a lugar algum
Noé, disse Francisco, não prega, não recrimina, “cuida do futuro da geração que está em perigo. Constrói a arca do acolhimento e faz entrar homens e animais, cuidando da vida “em todas as suas formas”
Dessa forma ele repete o gesto terno e generoso de Deus na criação, que é justamente o pensamento que inspira o mandamento de Deus: uma bênção, uma nova criação.
Por fim, o Santo Padre exortou aos idosos, que têm a possibilidade da sabedoria, a dizer aos outros: “Vejam, este caminho de corrupção não leva a lugar algum. O mundo precisa de jovens fortes, que avancem, e idosos sábios”, concluiu. (EPC)
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