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Plágio de teses de doutorado na Pontifícia Universidade Gregoriana?

Um acadêmico americano, Prof. Dougherty, ‘especializado’ no assunto afirma que vários hoje bispos plagiaram suas teses de doutorado.  

Gregoriana

Redação (16/12/2021 11:06, Gaudium Press) O assunto plágio, de vez em quando, volta ao foco das grandes manchetes. Há poucos meses foi um presidente europeu acusado disso, mais recentemente, uma speaker da América Latina.

Hoje é uma Universidade Pontifícia Romana, que é apontada pelo mau manejo das acusações de plágio em teses de doutorado de alguns dos seus alunos. Só que neste caso alguns dos apontados são bispos.

O caso do Bispo Robson

Em 2019, o bispo escocês Mons. Stephen Robson, bispo de Dunkel, foi acusado de ter plagiado partes de sua tese de doutorado, a qual havia passado na revisão da Pontifícia Universidade Gregoriana em 2003 e obtido um prêmio. Ele é doutor em Teologia Sacra e licenciado em Direito Canônico.

Após a acusação, a Gregoriana revisou e absolveu o prelado. No entanto, um acadêmico americano discordou da exoneração feita pela universidade e, ao se aprofundar no assunto, declara ter encontrado pelo menos mais cinco teses plagiadas naquela instituição.

O caso do bispo virou uma bola de neve, e no total são 5 professores de humanidades que estão pedindo à Universidade Gregoriana que retire o título de doutor do bispo Robson e de outra pessoa, e que suas teses sejam excluídas do registro.

O problema, no caso concreto do bispo escocês, é mais do que acadêmico, pois a lei canônica (cânon 378) exige para a idoneidade de seus candidatos ao episcopado – além da boa reputação, uma idade não inferior a 35 anos, ordenação sacerdotal de pelo menos 5 anos – que o eleito seja “doutor ou pelo menos licenciado em Sagrada Escritura, teologia ou direito canônico, por um instituto de estudos superiores aprovado pela Sé Apostólica, ou pelo menos um verdadeiro especialista nestas disciplinas”.

As acusações contra Mons. Robson vêm de estudiosos, um deles sacerdote cisterciense. Em declarações de janeiro de 2020, Mons. Robson disse à CNA que não tinha a intenção de plagiar e que ficaria “feliz se a Gregoriana anulasse meu texto, se achasse adequado”.

Entretanto, o fato se tornou muito conhecido e a Gregoriana formou uma comissão para investigar as queixas, e, em março de 2020, decidiu “por unanimidade que a dissertação de Mons. Stephen Robson não incluía material plagiado e, portanto, nenhuma sanção de qualquer tipo foi necessária”, informando também que os textos objetados foram bem referidos na bibliografia e nas notas de rodapé.

Contudo, após o parecer da comissão gregoriana, alguns acadêmicos que sabiam da questão ficaram surpresos, como Michael Dougherthy, professor de filosofia da Universidade Dominicana de Ohio: “Presumi que a publicação do artigo [de Schachenmayr, um sacerdote que estudou e alegou plágio] resolveria o problema e que a dissertação seria retirada. E nada aconteceu”, disse ele.

Assim, Dougherthy realizou uma profunda investigação pessoal sobre o tema, cujas principais conclusões ele publicou no artigo “Plágio nas ciências sagradas: três impedimentos à reforma institucional”. O interesse pelo tema aumentou porque a dissertação do bispo havia recebido o Prêmio Bellarmino, prêmio concedido à melhor dissertação de teologia defendida na universidade a cada ano. (São Roberto já sabe se houve plágio ou não …)

Todavia, o prof. Dougherty afirmava em seu escrito, que “grande parte da seleção, apresentação e análise de Robson das cartas de [São] Bernardo apareceu impressa em trabalhos anteriores cujos autores não eram Robson.” A tese do bispo versava sobre a espiritualidade de São Bernardo.

Uma das supostas plagiadas confirma

O professor insiste para que a tese de doutorado de Mons. Robson e o prêmio Bellarmino sejam revogados e que o livro seja recolhido pela editora. Dougherty citou algumas das pessoas que o bispo teria plagiado, e uma delas confirmou o plágio:

Descobrir que Mons. Robson “usou minhas palavras sem citá-las adequadamente” foi “surpreendente, para dizer o mínimo”, disse Martha Newman, professora de história e estudos religiosos da Universidade do Texas em Austin. Ela mesma informou o editor da tese sobre o que considerava um “caso claro” de plágio, e também escreveu uma comunicação a esse respeito ao vice-reitor da Gregoriana.

Porém, a Gregoriana não se comoveu com o movimento que se formava, e, em setembro de 2020, manteve a decisão de absolver o Prelado Robson. Na época, o bispo declarou que não queria mais falar sobre o assunto e que esta questão pertencia a Universidade Gregoriana.

Mais cinco teses, algumas também bispos

Talvez movido pela recusa da Universidade em investigar suas descobertas, o professor Dougherty continuou sua pesquisa sobre as teses na Gregoriana e assegurou ter encontrado pelo menos mais cinco teses com material plagiado. “Acho toda a situação incomum, porque, na minha opinião, as evidências de plágio são convincentes e demonstrativas”, disse Dougherty à CNA. “Este não é um caso único com o Bispo Robson. Tenho outros bispos com dissertações que estão em situação semelhante”.

Outro caso levantado por Dougherty, o da tese do Pe. Aidan O’Boyle, ainda está sendo estudado na Gregoriana.

Dougherty diz que é mais frequente entre os plagiadores de humanidades não fazer o “clássico” “copiar e colar”, mas o que ele chama de “lembrar e escrever”, que é pegar um texto não publicado na web, mas apenas impresso, e plagiar trechos. O processo é um pouco mais lento: o plagiador desse estilo lê um texto curto, tenta memorizá-lo e depois o copia em um processador de texto. E vai repetindo esse processo sucessivamente.

Com informações CNA.

 

 

 

 

 

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