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Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo

O Evangelho escolhido para a solenidade de Cristo Rei nos aponta qual deve ser o verdadeiro rei e senhor de nossos corações.

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Redação (22/11/2021 10:12, Gaudium Press): A Santa Igreja celebra, no fim do Ano Litúrgico, a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Tal comemoração foi instituída em 11 de setembro de 1925, pelo Papa Pio XI, mediante a Encíclica Quas primas. Vivia-se uma crucial fase da História, em que uma avassaladora onda de laicismo invadiu a quase totalidade dos países, com vistas a levar a humanidade a voltar as costas a Deus.

Mas, tal laicismo, levaria? Está levando? Ou já levou os homes a se voltarem contra Deus? O Evangelho nos responderá.

Rei de todos os corações

Logo no início do prólogo do Evangelho de São João, há a seguinte afirmação: “Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito” (Jo 1,30). Todas as coisas foram criadas por Deus, “dispostas conforme a sua palavra” (Sl 43,28), e estão sendo sustentadas por Ele. Portanto, não nos cabe dúvida alguma de que Ele é o Senhor e Rei de toda a Criação. Todavia, o Evangelho de hoje, no qual o Apóstolo amado descreve o interrogatório de Nosso Senhor antes da cruel Paixão da Cruz, apresenta uma afirmação que, à primeira vista, parece contradizer o raciocínio anterior. Ao ser questionado Jesus por Pilatos, se Ele era realmente o rei dos judeus, responde:

“O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. (Jo 18,36)

            Causa-nos a impressão de que Nosso Senhor renuncia a sua soberania sobre o mundo. Contudo, mais adiante diz:

“Tu o dizes: eu sou rei”. (Jo 18, 37)

            O que Jesus quer recordar? Ele quer lembrar, antes de tudo, que sendo Homem-Deus, a sua realeza não se fundamenta em um poder humano, mas divino, como esclarece Santo Tomás: “Tu perguntas se sou Rei e eu te digo que sim. Mas o sou por um poder divino, pois nasci do Pai, de uma natividade eterna, como Deus de Deus, bem como Rei de Rei”.[1] Ora, de maneira mais relevante, Jesus adquiriu mais autenticamente o título de Rei ao entregar-Se por inteiro na realização da Redenção, padecendo os mais atrozes sofrimentos, demonstrando assim o seu amor por nós, transbordante de bondade, como dirá São João: “Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato” (I Jo 3,1). Pois Jesus é e sempre será o Rei de todos os corações. Como Autor da graça, fez-nos participantes de sua natureza divina, convidando-nos a nos configurarmos cada vez mais com Ele, mediante a prática dos mandamentos.

Onde está meu coração?

Contudo, quantas vezes a humanidade constitui para si outros “reis e senhores”, rejeitando e expulsando de seu interior o verdadeiro “Rei e Senhor de seus corações”. As palavras de Deus, dirigidas outrora ao último dos juízes de Israel, parecem ainda ressoar em nossos dias: “Não é a ti que eles rejeitam, mas a Mim, pois já não querem que Eu reine sobre eles” (I Sm 8,7). Cada vez mais, os vícios e os prazeres ilícitos da vida parecem não encontrar obstáculos no homem contemporâneo e que, desta maneira, desprezam ingratamente o infinito amor d’Ele.

Então, como sei se realmente possuo a Deus Nosso Senhor como Rei e Senhor de meu coração? O Evangelho responde:

“Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. (Jo 18,37)  

Quem é aquele que escuta a sua voz? É todo aquele que esvazia o seu coração das preocupações do mundo e de si mesmos, e preenche-o com a voz de Deus, proclamada bela boca dos fiéis e verdadeiros pastores, trilhando as suas vidas com reta consciência.

Por Guilherme Motta


[1] SANTO TOMÁS DE AQUINO. Super Ioannem. C.XVIII, lect.6.

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