São Carlos Borromeu: portador da verdade pela integridade
Não basta redigir obras e fazer discursos. A pessoa precisa ser a personificação, o próprio símbolo daquilo que prega.
Redação (04/11/2021 11:32, Gaudium Press) Carlos Borromeu nascera em 1538 e era sobrinho do futuro Papa Pio IV.
A 30 de janeiro de 1560, com ainda 21 anos, foi promovido ao cardinalato. Três semanas mais tarde foi nomeado Secretário de Estado e, a partir de então, os títulos não pararam de condecorá-lo: arcebispo de Milão, protetor de Portugal e da Baixa Alemanha, legado de Bolonha, protetor dos carmelitas, dos cônegos de Coimbra, de todos os frades franciscanos, da Ordem de Cristo, arcipreste de Santa Maria Maior, Penitenciário-mor, entre outros.
Como uma das definições do Concílio de Trento estabelecia que os bispos habitassem em suas dioceses para melhor assumir o seu governo, São Carlos Borromeu, como arcebispo, partiu para Milão onde combateria os inimigos da Igreja do melhor modo possível: através do exemplo!
Na arquidiocese de Milão
A arquidiocese de Milão era realmente enorme. Ela abrangia além do território de Milão, partes do território veneziano e os Alpes suíços: eram nada menos do que quinze sufragâneos sob sua jurisdição!
Pondo em prática todas as normas conciliares, Carlos Borromeu passou a atrair novamente para o catolicismo aqueles que, por se terem escandalizado com os maus costumes do clero, haviam abandonado a religião verdadeira.
Também aqueles que se tinham deixado levar pela enxurrada da heresia protestante começaram a voltar os olhos para ele cheios de admiração. Aos poucos, quando constatavam a santidade e a vida exemplar daquele homem de fé, tomavam sobre si, entre lágrimas de arrependimento e contrição, o “jugo suave” e o “leve fardo” de Cristo Jesus.
Os episódios mais marcantes da vida deste grande apóstolo do exemplo foram verificados durante a peste – propriamente uma epidemia que se deu no ano de 1576. Carlos converteu a muitos pela coragem com que enfrentava todos os riscos para ministrar os sacramentos como, quando e onde precisassem os fiéis.
Os milagres neste período também foram copiosos e confirmava aos olhos do povo, que Deus estava com ele e que, portanto, São Carlos Borromeu era, pela sua integridade e por seus milagres, um indiscutível portador da verdade.
Não tirar a letra, mas…
Um dos objetivos da Pseudo-Reforma protestante foi excluir das Sagradas Escrituras os livros que não lhes interessavam. Ora, nesta época não se tratava de excluir a letra, mas de praticá-la. Quem quisesse lutar contra o protestantismo tinha que tomar resolutamente todos os ensinamentos da Escritura e do Magistério e vivê-los. Assim, a legislação imposta pelo Concílio de Trento deveria ser vivida especialmente pelos bispos, pois, pela influência e pelo poder, eles fariam penetrar este novo espírito de disciplina em toda a Igreja e em todo o mundo.
O perigo das “Reformas”
A partir desta revolução protestante, inúmeras outras se seguiram e até hoje encontramos em diversos setores, mesmo dentro da Igreja, movimentos que pretendem novas “reformas”, enfim, dar um “novo perfil”, desapegar-se da letra – até mesmo do Magistério! – adaptar os costumes antiquados, abrir a Igreja para o mundo – ou mundanizar a Igreja, não se sabe bem; abrir mais portas para a “culturização”, abrir janelas para a influência de outras religiões, o que significa – não nos iludamos – abrir os braços para a falsa doutrina e o coração para a heresia.
A Igreja não precisa disso! Ela precisa, isto sim, abrir a alma e os ouvidos para Borromeus, Belarminos e Teresas de Jesus.
Por Cícero Leite
Texto extraído, com adaptações, do artigo Reforma: São Carlos Borromeu ou a sopa de vidro?
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