Gaudium news > Saída dramática de um sacerdote do Afeganistão

Saída dramática de um sacerdote do Afeganistão

Pe. Scalese e 5 Irmãs da Caridade chegaram em Roma, no dia 25. Ele disse que haviam tentado sair dias antes, sem sucesso.

P Scalese

Redação (31/08/2021 12:32, Gaudium Press) A saída do Pe. Giovanni Scalese do Afeganistão não foi a de quem regressa de um passeio de lazer, pelo contrário.

O sacerdote chegou ao aeroporto de Roma, Fiumicino, no dia 25 de agosto, com 5 Missionárias da Caridade e algumas crianças. O sacerdote Barnabita (dos clérigos regulares de São Paulo) era superior da missão da Igreja Católica naquele país, e o dirigente da única paróquia católica, Nossa Senhora da Divina Providência, que se localizava na capela da embaixada italiana.

“Continuamos orando pelo Afeganistão”, disse o padre em entrevista à agência SIR (agência de notícias da Conferência Episcopal Italiana), um dia após sua chegada. “Não podemos abandonar este país e seu povo sofredor”.

“Nosso centro não está mais aberto, está fechado e estamos destruídos”, dizia, por sua vez ao La Repubblica, uma das missionárias da caridade que veio com o sacerdote, oriunda de Madagascar. Ela estava se referindo ao orfanato e ao centro de atendimento a deficientes que elas mantiveram em Cabul por vários anos. Embora tenham podido levar 14 crianças para a Itália, muitos tiveram que ficar lá. “Está feito, não há esperança em Cabul”, declarava desconsolada.

Se eles quisessem, poderiam tê-los prejudicado

Mas como foram os dias transcorridos desde a tomada de Cabul pelo Talibã até a partida do sacerdote e das irmãs para a Itália? Apesar de ter “se sentido preocupado”, o Pe. Scalese afirmou ter tido uma certa sensação de segurança dentro da embaixada italiana.

“Do lado de fora dos portões de nossa embaixada, havia talibãs (combatentes) que, se quisessem nos prejudicar, poderiam ter feito isso. Mas absolutamente nada aconteceu”, lembrou. “Fiquei mais preocupado com as Missionárias da Caridade que ficaram em suas casas e, portanto, estavam mais expostas e assustadas”, declarou o presbítero italiano.

O padre também contou que eles tinham tentado sair do Afeganistão vários dias antes de sua chegada a Roma, mas tiveram que voltar do aeroporto porque “a situação estava se deteriorando”.

“Nós só conseguimos passar pela entrada na outra noite. Não foi fácil passar por tanta gente e pela enorme tensão”, disse.

“O Talibã, entre outras coisas, emitiu um aviso de que fecharia as estradas do aeroporto para os afegãos, permitindo apenas a passagem de estrangeiros”, acrescentou o Pe. Scalese. “Assim que chegamos, eles nos embarcaram em um voo militar que, após uma escala no Kuwait, chegou a Roma.”

O Pe. Scalese afirmou que não esperava “uma conclusão tão repentina e abrupta” da situação no Afeganistão. “Todos nós esperávamos por uma conclusão mais negociada”, rumo a “um governo de transição ou de unidade nacional”.

Em vez disso, “em poucos dias, tudo desmoronou: governo, exército, forças policiais. O Talibã não lutou para tomar o poder, eles simplesmente assumiram o controle. Foi uma coisa boa em parte porque eles evitaram um grande banho de sangue. Já houve mortes, mas não é uma guerra civil”.

Com informações Catholic News Service.

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas