Papa Francisco alerta fiéis contra o perigo de uma Fé interesseira
Segundo o Pontífice devemos fugir da tentação idolátrica que leva a buscá-Lo apenas para o “próprio uso e consumo”, e depois de satisfeitos, “nos esquecemos dele”.
Redação (02/08/2021 17:10, Gaudium Press) No último domingo, 1º de agosto, durante a tradicional recitação da oração mariana do Angelus com os fiéis e peregrinos presentes na Praça de São Pedro, o Papa Francisco alertou os católicos contra o perigo de uma Fé interesseira, que busca Deus apenas para receber milagres e favores em troca.
O Santo Padre ressaltou que para viver uma relação de amor verdadeiro com Deus, devemos nos questionar sobre os motivos pelo qual O buscamos, fugindo assim da tentação idolátrica que leva a buscá-Lo apenas para o “próprio uso e consumo”, e depois de satisfeitos, “nos esquecemos dele”.
Exortando os fiéis a buscarem uma relação com Deus que “vá além das lógicas do interesse e do cálculo”, ou seja, a ter com Ele uma relação de amor, o Pontífice comentou ainda que as pessoas que testemunharam a multiplicação dos pães não compreenderam o significado do gesto, “se restringiram ao milagre externo e ao pão material”.
Tentação de buscar a Deus apenas para nosso próprio uso e consumo
Em seguida, incentivou para que nos perguntemos “Por que buscamos o Senhor? Quais são as motivações da nossa Fé?”. Segundo Francisco, “temos necessidade de discernir isso, porque entre as tantas tentações que temos na vida, há uma que poderíamos chamar de tentação idolátrica, que nos leva a buscar a Deus para nosso próprio uso e consumo, para resolver os problemas, para obter, graças a Ele, o que não conseguimos obter sozinhos, por interesse”.
Dessa forma, observou o Papa, nossa Fé permanece superficial e miraculosa, “buscamos a Deus para matar nossa fome e depois quando estamos satisfeitos nos esquecemos dele”. Explicou que “no centro desta Fé imatura não existe Deus, estão as nossas necessidades”.
Entretanto, o Pontífice destaca que “é justo apresentar ao coração de Deus as nossas necessidades, mas o Senhor, que age bem além das nossas expectativas, deseja viver conosco sobretudo uma relação de amor. E o amor verdadeiro é desinteressado, é gratuito: não se ama para receber um favor em troca. Isso é interesse, e tantas vezes na vida nós somos interesseiros!”
Como fazer para purificar a nossa busca por Deus?
Um segundo questionamento feito pelo Papa deve ter passado pela cabeça de muitos fiéis: “Como fazer para purificar a nossa busca por Deus? Como passar de uma Fé mágica, que só pensa nas próprias necessidades, para uma Fé que agrada a Deus?”. A resposta vem do próprio Jesus quando afirma que “a obra de Deus é acolher Aquele que o Pai enviou, ou seja, Ele mesmo, Jesus”.
“Não é acrescentar práticas religiosas ou observar especiais preceitos; é acolher Jesus, é acolhê-Lo na vida, é viver uma história de amor com Ele. Será Ele quem purificará a nossa Fé. Sozinhos, não somos capazes. Mas o Senhor deseja uma relação de amor conosco: antes das coisas que recebemos e fazemos, existe Ele a ser amado. Existe uma relação com Ele que vai além das lógicas do interesse e do cálculo”, ensinou.
O Papa destacou que isso vale não só em relação a Deus, mas também nas nossas relações humanas e sociais. “Quando buscamos sobretudo a satisfação das nossas necessidades, corremos o risco de usar as pessoas e de instrumentalizar as situações para os nossos objetivos. Uma sociedade que coloca no centro os interesses em vez das pessoas, é uma sociedade que não gera vida. O convite do Evangelho é este: em vez de nos preocuparmos apenas com o pão material que nos alimenta, acolhamos Jesus como o pão da vida e, a partir da amizade com Ele, aprendamos a amar-nos uns aos outros”, concluiu. (EPC)
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