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As enchentes em tempos de fé

Como enfrentar as catástrofes naturais? Não deveriam os homens confiar muito mais em Deus do que em si mesmos?

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Redação (29/07/2021 10:23, Gaudium Press) Conta-se que no ano de 1348, o pároco de uma vilazinha chamada de Alboraya, em Valência, Espanha, estava tranquilo olhando pela janela as violentas tormentas de julho – muito frequentes nesta época do ano –, quando alguém o chamou à porta.

Apareceu ali um homem completamente molhado e que, quase sem forças, pedia para falar com o padre, pois na aldeia vizinha um moribundo necessitava dos sacramentos. O pároco, sem hesitar, providenciou o viático e saiu rapidamente montado em sua mula, apesar da tempestade.

Depois de desempenhar piedosamente sua missão, no momento de retornar à paróquia, deparou-se com um tremendo imprevisto: chegando próximo ao rio para cruzá-lo, notou com espanto que o nível de água havia crescido desmedidamente. Todas as tentativas eram inúteis e muito arriscadas.

Decidido a enfrentar a correnteza, o padre conduziu o animal para dentro das águas turvas. Entretanto, o pior aconteceu: o sacerdote, o animal e até a própria âmbula contendo as sagradas hóstias caíram no rio. Era inevitável: o “Pão dos Anjos” começou a espalhar-se e a perder-se nas águas.

Com muita dificuldade, o ministro de Deus se pôs a procurar o Santíssimo Sacramento que estava sob sua responsabilidade, mas, percebendo que sozinho não conseguiria, correu à vila para procurar ajuda.

Os mais piedosos da aldeia acorriam até o rio, onde começavam uma atenta procura sem deixar que uma só pedra ficasse sem ser analisada. De repente, ouviu-se um grito de alegria: encontramos o cibório!

Ao se aproximarem os fiéis, a alegria rapidamente tornou-se uma decepção, porque dentro não estava o viático.

Continuou então a procura quando outro grito foi ouvido: “Santa Maria! Ninguém vai acreditar…”

O sacerdote percorrera o caminho até a paróquia para buscar um cálice e revestir-se dos paramentos litúrgicos, mas, ao voltar para o local do acidente, deparou-se com um grande milagre: na desembocadura do rio vinham em sua direção três “peixets[1] com algo peculiar na boca.

640px Alboraia. Esglesia. 650 aniversari dels Peixets

Era um grande milagre! Os três peixes nadavam ao seu encontro para depositar no sagrado cálice as hóstias que haviam sido perdidas.

360px Almassera. Capelleta dels Peixets. TaulellLogo após levantar-se, o padre pôde constatar como as brancas hóstias não haviam sofrido nenhum dano, e, sem combinação alguma, os fiéis começaram a cantar. Iniciou-se uma procissão até à igreja, onde foram depositadas devotamente as “relíquias” que doravante fariam parte da história do povoado.

Pois bem, fatos como este, contados nos dias de hoje, facilmente podem ser desacreditados; seja pela falta de fé, seja porque há muito tempo Deus deixou de dar sinais aos homens, os quais preferem confiar em si mesmos.

Que a leitura desse singular fato sirva de estímulo para crermos que, embora atolados no lodaçal do pragmatismo hodierno, a autêntica e sincera fé nos Sacramentos faculta-nos verdadeiras maravilhas, quando não milagres.

Deus nos pede simplesmente que creiamos nessa ajuda real que Ele nos pode dar.

Por Carlos de Oñate


[1] Na língua falada nesta província, que é o Valenciano, significa: peixes.

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