São Joaquim e Sant’Ana: pais de Nossa Senhora, avós de Deus!
Dia 26 de julho, a Igreja celebra São Joaquim e Sant’Ana, os pais de Nossa Senhora. Eles eram já idosos quando Maria foi concebida de forma inteiramente miraculosa.
Redação (26/07/2024 07:55, Gaudium Press) Ao norte da Terra Prometida encontrava-se a pequena cidade de Nazaré, onde veio a se estabelecer, ainda jovem, o virtuoso Joaquim, descendente de Davi através de Natã, um dos quatro filhos do rei-profeta com Betsabeia. Ele era originário de Belém e, já durante a infância, a Providência o favorecera com diversos sinais sobre a vinda do Messias. Quando contava oito anos de idade, teve um misterioso sonho a respeito de uma boda, no qual discerniu por revelação que estava chamado a se tornar o patriarca de uma grande família.
Completada a idade que o costume estabelecia para contrair matrimônio, numa de suas viagens a Jerusalém Joaquim aconselhou-se com um sacerdote amigo que, embora jovem, gozava do prestígio de sua ilibada santidade chamado Simeão.
Este indicou-lhe como esposa uma virgem ligada à mesma estirpe, segundo a praxe consagrada entre os israelitas, cujo nome era Ana.
Filha única de um levita natural de Belém, que se casara com uma descendente de Davi, ela se distinguia sobretudo pela virtude. De seu avô materno proviria o parentesco de Nossa Senhora com Santa Isabel (cf. Lc 1, 36), mãe de João Batista, que também pertencia à linhagem de Aarão (cf. Lc 1, 5).
Em razão da unicidade de sua missão, em Maria Santíssima deveriam convergir a grandeza régia e a sacralidade sacerdotal, pois Ela daria à luz Jesus Cristo, Rei dos reis e Supremo Sacerdote, “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos céus” (Hb 7, 26).
O próprio sacerdote Simeão oficiou a cerimônia das núpcias de Joaquim e Ana em Jerusalém.
A provação
Tudo transcorria na tranquilidade da vida ordenada e na estrita observância dos Mandamentos da Lei de Deus, até que uma espessa nuvem ameaçou toldar o horizonte: aquele matrimônio se manifestava infrutífero.
“Se são estéreis, alguma falta cometeram”, pensavam muitos israelitas. Os mais versados ainda repetiam o provérbio: “Deus abençoa o lar que a Ele serve”. E concluíam que a falta de descendência se devia a uma maldição divina, por causa de pecados dos cônjuges.
A fidelidade à Lei divina criava em torno dos santos esposos o vazio e o isolamento e, por vezes, a dúvida se esgueirava no seu íntimo. “Não teremos cometido alguma falta oculta que afastou de nós a bênção de Deus?”, indagavam-se. Esse confuso sentimento de culpa, por algum pecado que não logravam descobrir, atormentava muito mais suas retas consciências que o desprezo de que eram objeto.
Vinte longos anos transcorreram nessa lancinante provação, pervadida de insultos, desprezos e profunda incompreensão a respeito dos planos de Deus para com eles.
Certo dia, porém, quando Joaquim se apresentou no Templo a fim de fazer uma oferta voluntária de gado, como era seu costume, um sacerdote o rejeitou publicamente, alegando não ser agradável ao Senhor o sacrifício de um homem sem prole.
Era a confirmação, pelos lábios de um ministro sagrado – a quem Joaquim respeitava pelo seu ofício, apesar de conhecer sua vida dissoluta –, dos pensamentos que perturbavam sua mente: “O que fiz contra Deus para Ele me castigar?” Tendo retornado ao lar depois dessa humilhação, explicou à sua esposa a conveniência de se retirar por algum tempo para rezar e jejuar nas montanhas, entre os pastores, o que executou com o consentimento dela.
Ana bem compreendia a angústia de seu marido, tanto mais que, pouco depois, a tal ofensa veio somar-se uma afronta feita por uma doméstica em razão de sua esterilidade. Como outrora Sara, esposa de Abraão, fora injuriada pela escrava Agar por não ter filhos (cf. Gn 16, 4), também ela sofreu as invectivas de uma servente, o que a levou a clamar aflita ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, ao Deus de seu antepassado Davi, implorando a graça de ser contada na estirpe de antecessores do esperado Messias.
Foi um período extremamente duro para o santo casal, passado na solidão e sem obter de Deus resposta alguma.
Decorridas algumas semanas, Joaquim retornou a Nazaré, desconsolado com o silêncio dos Céus. Oprimidos pela humilhação externa e afligidos pelas provações interiores, os esposos retomaram a normalidade da vida familiar. Por via de regra, os grandes planos da Providência requerem longas esperas, nas quais tudo parece correr em sentido contrário às promessas divinas, para só no fim Ela agir.
No túnel da confiança, brilha uma luz
Transcorrido um ano após esses fatos, o Arcanjo Gabriel apareceu radiante a Ana para dar-lhe a grata notícia de que o Senhor atendera a seus pedidos: ela geraria de Joaquim uma Menina, a qual teria uma sublime vocação, muito relacionada com o convívio divino. Acrescentou o mensageiro celeste que nessa Menina se realizaria tudo quanto haviam predito os profetas, mas não lhe anunciou claramente tratar-se da Mãe do Redentor.
O mesmo Arcanjo comunicou em sonhos a Joaquim que sua esposa recebera uma visita celeste, revelando-lhe que conceberia uma Filha. E disse-lhe ainda que a Criança deveria chamar-se Maria.
Elevados a um alto grau de santidade
Como verdadeiros israelitas, Joaquim e Ana foram a seu tempo limpos do pecado original e viviam em estado de graça. Mas a grandeza da concepção da Mãe do Messias recomendava que eles se elevassem a um grau de santidade e de purificação até então jamais atingido. Por conseguinte, deveriam ser cumulados de dons e virtudes muito particulares.
Ademais, no que dizia respeito à constituição da Menina, convinha que Ana possuísse uma santidade ainda maior que a de seu esposo, pois se tornaria o tabernáculo vivo da Rainha do Universo.
Sem embargo, Deus também ornou Joaquim com eminentes virtudes, porquanto elas seriam a principal herança que deixaria à sua Filha.
De certa forma, a missão de ambos superava a dos próprios Anjos, uma vez que a nenhum destes Nossa Senhora chamou de “mamãe” ou de “papai”…
A promessa
Resolveram então ir a Jerusalém, a fim de dar graças ao Deus de todas as misericórdias, que sempre ouve as preces de seus filhos. E de comum acordo decidiram que consagrariam a Menina ao serviço do Altíssimo em seu Templo, logo que a idade o permitisse. Reconfortados assim pela manifestação celestial, partiram em peregrinação.
Receberam por ocasião dessa peregrinação ao Templo muitas graças e retornaram a Nazaré. Deus, porém, tem os seus tempos. Ainda haveriam de transcorrer longos meses de espera, antes que Sant’Ana desse os primeiros sinais da gestação.
O que terá se passado com Sant’Ana e São Joaquim?
Os Evangelhos nada dizem a seu respeito, nem sequer mencionam seus nomes. Entretanto, são eles os pais de Nossa Senhora e os avós de Jesus!…
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
Texto extraído, com adaptações, do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens vol II.
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