O Anjo do auxílio nas provações
No momento da grande provação axiológica, em que a alma de São José se dilacerava pela perplexidade, seu Anjo da Guarda o sustentou, pois a prova era duríssima.
Redação (21/06/2021 11:22, Gaudium Press) São José determinou retirar-se naquela mesma noite. Ao chegar o horário habitual de se recolher, arrumou sua bagagem, com a intenção de levantar-se de madrugada e partir.
Quando a prova chegou ao auge e o varão de Deus, já serenamente adormecido, o Santo Custódio o detém: “Enquanto assim pensava, eis que um Anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos” (Mt 1, 20a).
De fato, o Anjo lhe revelou em sonho toda a maravilha que estava contida naquele mistério, no qual não lhe era ainda claro seu papel:
“José, filho de Davi, não temas receber Maria por Esposa, pois o que n’Ela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: ‘Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que Se chamará Emanuel’ (Is 7, 14), que significa: Deus conosco” (Mt 1, 20b-23).
Auxílio celeste na hora extrema
Quem teria sido o Anjo do sonho? Não parece concebível ser outro que o próprio Anjo da Guarda de São José.
Dada a incomparável missão de seu protegido, ele só pode ser um dos “sete Espíritos de Deus” (Ap 4, 5) “que estão diante do seu trono” (Ap 1, 4), e dos quais conhecemos São Miguel, São Gabriel e São Rafael. Poderíamos atribuir-lhe o nome bíblico de Asael (cf. II Sm 2, 12-23.30; 23, 24; I Cr 2, 16; 11, 26; 27, 7) que, na língua hebraica, significa “Deus fez”.
De fato, a aliança estabelecida por Deus com Davi foi cumprida em seu último descendente, São José, constituído depositário dessa aliança enquanto pai virginal de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Nele “Deus fez”, isto é, cumpriu a promessa. E para tal foi decisiva a intervenção de Santo Asael.
Qual seria sua atuação ao longo dos tempos, além desse episódio particular?
Qual o papel de São Asael?
Considerando seu papel nessa e em outras grandes horas da vida de São José, tudo indica que, no curso da História, este Anjo auxilia os homens a suportarem as lutas com serenidade de alma, retidão e o coração posto na vontade de Deus.
Isso se aplica especialmente aos varões providenciais nas provações da solidão ou incompreensão. Aquela perplexidade era uma batalha pessoal do Santo Patriarca, que precisava vencê-la para tornar-se digno da missão específica que Deus lhe tinha dado.
E Santo Asael velava para que fosse fiel. Por isso, tendo a prova chegado ao extremo, foi ele quem veio confortá-lo. Coube-lhe também consolar Nosso Senhor, em sua humanidade santíssima, no Horto das Oliveiras (cf. Lc 22, 43).
Ele não é um Anjo que consola fazendo cessar a prova, mas sim que conforta para abraçar o sofrimento e enfrentá-lo com boa disposição.
Trata-se, portanto, de um Anjo do combate, mas de forma diversa à do Arcanjo São Miguel. Este dá a visão geral da luta para os filhos da luz e, como no prælium magnum do início da criação (cf. Ap 12, 7), comanda o combate, entusiasma as tropas e arrasta os outros.
Já Santo Asael seria o Anjo que participa na luta diretamente, para ele mesmo resolver a batalha.
Por essa diferença, São Miguel está mais ligado a Nosso Senhor, o qual, enquanto Rei, dirige e planeja. São Gabriel, que aparece nos principais momentos da vida de Nossa Senhora, está unido a Ela; ambos encantam, mostram o lado sublime do combate por Deus.
Por fim, Santo Asael entra no confronto. Pode-se dizer, nesta perspectiva, que São José é um varão fortemente vinculado ao concreto das batalhas do bem e chamado a auxiliar aqueles que as travam.
Pouco visto como um guerreiro, na realidade deveria ser invocado como um autêntico cruzado, de gládio em punho, a socorrer os cristãos nas pelejas da vida.
Fé superexcelente
É lei da História que, quando Deus quer de alguém uma grande fé, não lhe confere sinais muito evidentes de sua atuação. O modo como procedeu com Gedeão, por exemplo, era para quem não tinha este chamado: a aparição do Anjo a ele é claríssima e os sinais são patentes (cf. Jz 6, 11-24).
Como a São José era pedida uma fé superexcelente, o Anjo manifestou-se em sonho e ele precisou crer nesse sinal, aparentemente pequeno, que a Providência lhe mandava.
Ao despertar, lembrando-se com perfeição da mensagem recebida e crendo tratar-se de uma revelação mística, São José deu-lhe adesão plena, como recado de Deus que era!
Ora, se ele não houvesse acreditado, não teria cumprido a sua missão. A fidelidade à voz de Deus, anunciada delicadamente por meio de Santo Asael, confirmou essa missão para sempre.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.
Texto extraído, com adaptações, do livro São José: Quem o conhece?…
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