“Permanecei no meu amor!”
Apesar de estarmos em pleno tempo pascal, nunca será inconveniente ou pouco proveitosa a recordação do augusto episódio que constitui um dos principais mistérios de nossa Fé: a Paixão de Cristo, maior prova do amor de Deus por nós.
Redação (09/05/2021 09:01, Gaudium Press) A liturgia deste domingo traz como nota tônica o amor. Assim, no Evangelho temos a seguinte passagem: “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor”, e mais adiante: “É este o meu mandamento: amai-vos uns aos outros” (Jo 15, 9; 12).
Infelizmente, o amor toma cada vez mais uma conotação bem diversa de seu real significado – o cristão. Sentimentalismo, afetos terrenos e paixões desregradas se tornaram, em larga escala, sinônimos de amor na concepção do homem hodierno.
Sabemos, todavia, e assim a Igreja ensina, que não é possível amar verdadeiramente o próximo se não o fazemos por amor a Deus; por isso, o “permanecei no meu amor” precede o “amai-vos uns aos outros”.
E se, de fato, queremos permanecer no amor de Deus é também indispensável a compreensão de quanto Ele nos ama; a certeza interior deste amor que por parte d’Ele somos objetos nos auxiliará a devotar-lhe um amor recíproco – embora nunca à sua altura –, autêntico e livre de desvios.
Devoção à Paixão de Cristo: meio para crescermos em seu amor
Ora, haverá algo que mais traduza o amor de Deus por nós do que sua Paixão Santíssima, sofrida para nos redimir?
Apesar de estarmos em pleno tempo pascal, nunca será inconveniente ou pouco proveitosa a recordação do episódio augusto que constitui um dos principais mistérios de nossa Fé. Além disso, para Santo Afonso de Ligório, um dos meios mais eficazes para se obter o perfeito amor a Jesus Cristo é a meditação em sua Paixão.
Tomemos, a este propósito, as palavras do grande moralista em sua obra: “A Prática do amor a Jesus Cristo”:
“Inteligência alguma compreenderá o quanto arde este fogo no Coração de Jesus Cristo. Assim c0mo lhe foi mandado sofrer uma morte, do mesmo modo, se lhe tivesse sido ordenado que sofresse mil mortes, Ele teria amor bastante para sofrê-las todas. Foi-lhe imposto sofrer por todos os homens; mas se lhe tivesse pedido fazê-lo pela salvação de um só, tê-lo-ia feito do mesmo modo que o fez por todos. Assim como esteve três horas na cruz, se fosse necessário estar nela até o dia do juízo, Ele teria amor para o fazer. Jesus Cristo amou muito mais do que sofreu. (…)
Quem pode negar que a devoção à Paixão de Jesus Cristo é a devoção mais útil, a mais cara e a mais terna de Deus? Devoção que mais consola os pecadores e mais anima as pessoas que amam? De onde recebemos tantos bens, senão da Paixão de Cristo? De onde temos a esperança de perdão, a força contra as tentações, a confiança de chegar ao paraíso? De onde vêm tantas luzes da verdade, tantos convites de amor, tantos estímulos para mudar de vida, tantos desejos de nos doar a Deus, senão da Paixão de Cristo? São Paulo tinha razão em chamar de condenado aquele que não ama a Jesus Cristo: “Se alguém não ama o Senhor, seja condenado!” (ICor 16, 22)[1]
Por Afonso Costa
[1] SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. A Prática do amor a Jesus Cristo. Aparecida: Santuário, 2017, p. 19; 21.
Deixe seu comentário