O valor indulgente da Missa
É uma pena que tantos católicos tenham desconsiderado o dever e o privilégio de ir à Missa, seja por negligência culposa, seja por falta de formação religiosa.
Redação (03/05/2021 10:02, Gaudium Press) Ao considerar a Presença Real na Eucaristia, razão do culto de adoração na qual a Federação Mundial das Obras Eucarísticas da Igreja está empenhada, naturalmente se associa ao espírito o ato litúrgico por excelência, a Santa Missa. É durante a celebração eucarística que são consagradas as espécies do pão e do vinho, atendendo ao mandato divino dado na Última Ceia: “Fazei isto em memória de mim” (Lc. 22,19).
O que é a Santa Missa?
Sabemos o que é a Missa. É o mesmo sacrifício da Cruz, com todo o seu valor infinito; não é figura, símbolo ou representação, mas uma verdadeira renovação incruenta da imolação do Calvário; portanto, é um sacrifício perfeito e agradável a Deus. Na missa, Cristo se oferece ao Pai, e a sua divina expiação une-se aos nossos próprios sacrifícios, realidade que é simbolizada nas gotas de água que são derramadas no cálice com o vinho que será consagrado. Além disso, por ocasião da celebração, os méritos do Redentor são aplicados aos presentes, sacerdotes e fiéis. Que valor imenso tem uma Missa!
É uma pena que tantos católicos tenham desconsiderado o dever e o privilégio de ir à Missa, seja por negligência culposa, seja por falta de formação religiosa, seja desmotivados ou chocados com a visão de irregularidades, e até extravagâncias, que costumam ocorrer em algumas celebrações.
A Missa e a pandemia
A estas causas, recentemente se somou outra que limitou as Missas e, em muitos lugares, as suprimiu de forma brutal: a gestão da atual pandemia.
Diante dessa dolorosa realidade, é claro que o diabo e seus sequazes terão exultado, porque não é outra coisa que ele quer e o inferno conspira: que as igrejas fechem, que os sacerdotes não celebrem e que os fiéis fiquem desamparados, como órfãos, sem pastor e sem sacramentos.
A Covid 19 ataca a saúde do corpo. Mas essa outra toxina de ordem espiritual (o descuido das obrigações religiosas) ataca a alma com a intenção de levá-la à condenação eterna, dificultando o acesso a essa tão necessária “vacina” terapêutica: o Pão da Vida. A triste situação em que vivemos não é outra, sem podermos, por ora, neutralizá-la. Peçamos a Maria Santíssima a graça de ansiar pelas missas e comunhões, pelas quais tantas vezes fomos negligentes, e que elas nos devolvam o mais rápido possível com toda a sacralidade e beleza que lhes são próprias. “A beleza não é um fator decorativo da ação litúrgica, mas um elemento constitutivo enquanto atributo de Deus e de sua Revelação” (Sacramentum Caritatis n° 35).
O valor da Santa Missa segundo São Leonardo de Porto Maurício
Para alimentar esse desejo, consideremos uma instrução sobre o valor da Santa Missa de São Leonardo de Porto Maurício, um franciscano italiano dos séculos XVII e XVIII. Ele dá quinze razões próprias para valorizar o Sacrifício Eucarístico, embora a lista pudesse ser ainda mais longa. Sim, porque a Missa tem um valor enorme, insondável, propriamente infinito; e as repercussões que dela derivam para o benefício espiritual e material dos fiéis são colossais.
1.- Na hora da morte, as Missas que ouvimos com devoção serão a nossa maior consolação.
2.- Na Missa, Deus perdoa todos os pecados veniais que estamos decididos a evitar.
3.- Ele também perdoa pecados desconhecidos que jamais confessaríamos.
4.- Graças à Missa, o poder de satanás sobre um fiel é diminuído.
5.- Cada Missa irá conosco ao Juízo e nos implorará o perdão.
6.- As Missas reduzem o castigo temporal devido aos nossos pecados, segundo o fervor que tenhamos tido nelas.
7.- Participando com devoção da Missa, a maior homenagem possível é dada à Sagrada Humanidade de Nosso Senhor.
8.- Através do Santo Sacrifício, Nosso Senhor Jesus Cristo repara em muitas das nossas negligências e omissões.
9.- Ao ouvir piedosamente a Santa Missa, se oferece o maior alívio às almas do Purgatório.
10.- Uma Santa Missa (uma só!), assistida com devoção durante a vida, traz mais benefícios a uma alma do que muitas que podem ser celebradas em seu sufrágio depois de sua morte.
11.- Através da Santa Missa somos preservados de muitos perigos e infortúnios que, de outra forma, cairiam sobre nós.
12.- Encurtamos o nosso Purgatório em cada Missa.
13.- Durante a Santa Missa nos ajoelhamos entre uma multidão de Anjos e Santos que estão presentes no Adorável Sacrifício com reverência.
14.- Pela Santa Missa somos abençoados em todos os nossos bens e empreendimentos temporários.
15.- Participando com devoção na Missa, oferecendo-a a Deus em honra de um Santo ou um Anjo em particular, em agradecimento pelos favores dispensados, um novo grau de honra, alegria e felicidade é obtido para aquele Santo ou Anjo, e, em troca, eles dirigem seu amor especial e proteção para nós.
A Comunhão Eucarística
A tantos benefícios devem ser adicionados aqueles que resultam do fato de receber a comunhão; a Missa tem o seu valor e a comunhão eucarística o seu próprio.
Esta lista não é fruto das elucubrações de um frade engenhoso ou sonhador, tratam-se de verdades totalmente ajustadas ao ensinamento da Igreja. É uma pena que não ouçamos coisas como estas com mais frequência…
No mês de maio, o calendário litúrgico nos aponta para a solenidade de Pentecostes. “Enviai o teu Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra” se reza nas ladainhas do Espírito Santo. Façamos nossa esta oração por mediação da Virgem Maria, a esposa fiel do Paráclito.
Mairiporã, maio de 2021.
Por Padre Rafael Ibarguren EP – Assistente Eclesiástico das Obras Eucarísticas da Igreja.
Traduzido por Emílio Portugal Coutinho.
Deixe seu comentário